O doutor me olha e pergunta sobre as vozes.
Eu respondo "Vozes, que vozes?".As vozes não aparecem assim do nada, elas precisam estar em condições agradáveis para me fazer companhia.
O doutor pondera as palavras, escreve o relatório, suspende o meu antidepressivo convencional e me indica remédios mais fortes.Hospitais psiquiátricos são estranhos, com corredores longos e pessoas gritando. Eles me assustam, apenas desejo nunca ficar internada naquele lugar.
Mamãe caminha ao meu lado, deve está pensando "Deus, por que fez isso com a minha menininha?". Mal sabe mamãe que Deus não fez nada, porque eu o abandonei...
E eu grito, eu juro, eu as mando calar a merda da boca. Bato meu rosto na parede e choro até dormir. Me machuco, tentando conter os pensamentos ruins. Eu não quero magoar ninguém, mas minhas mãos fazem coisas ruins quando não estão machucadas...
Ando sozinha pelos corredores do colégio. Ele não vai mais voltar. A razão da minha existência naquele lugar não vai mais voltar.
Ele é o meu maior psicotrópico.
E sem a presença dele eu sou só uma dependente amorosa..."Calem a boca, vozes estúpidas!"
- AGOSTO DE 2018.
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Psychotrópicos
PoetryDecadência adolescente, amores possessivos e depressão. Espero que se deliciem com meus sentimentos mais imundos vomitados em bulimia. - Textos e poemas autorais.