A conversa mais louca que já tive foi em um hospital psiquiátrico, e por mais estranho que pareça, eu conversava com a doutora...
- Sabe de uma coisa...- Falei.- Eu sinto que estou quebrada.
- E por que sente isso?- Ela perguntou enquanto se preparava para anotar algo relevante e coerente que eu dissesse.
- Antes eu até escrevia coisas bonitas, mas agora eu só consigo escrever sobre tristeza e amor.
- Por eles te incomodam?
- Não é que me incomodam... É que eu não penso em mais nada além deles.
- Qual a semelhança entre eles?
- Os dois me fazem chorar.
- O amor te faz chorar?
- Se o amor não magoasse não faria sentido passar dias sem comer e dormir direito pensando em alguém.
- Mas isso não é amor, o amor não magoa.
- E você viu isso em um print no Twitter? Que convencional.
- Se te magoam, por quê escreve sobre eles?
- Porque são as coisas mais presentes no meu cotidiano.
- E por quê não busca novas inspirações?
- Porque eu não quero sair do equilíbrio.
- Que equilíbrio?
- O amor e a tristeza me puxam em direções diferentes com a mesma intensidade e eu teoricamente não saio do lugar por conta de toda a pressão dos dois lados. Isso é física.
- Você sabe que em algum momento um lado terá que ceder, não é?
- Sim.
- E o que você pensa a respeito disso?
- Eu vou ficar, ou eu vou morrer.
- Você realmente não se importa?
- Eu já deveria ter morrido desde a última tentativa, essa segunda chance faria mais sentido se as minhas forças não estivessem acabando.
- E o que tirou suas forças?
- A tristeza.
- E o que as traz devolta?
- O amor.
- E como você vai sair desse ciclo infinito?
- Eu não vou.
- Você não quer melhorar?
- Eu quero.
- E então?
- Eu disse que eu quero melhorar, não necessariamente expliquei que me importo com isso.
- Mas toda essa indecisão machuca as pessoas.
- Eu não me importo se machuca.
- Você não se importa se toda a indecisão machucar a sua fonte de amor?
- ...
- Seja lá quem te proporciona isso, é ele quem ainda te mantém viva. Não seria mais fácil se ajudar para que o esforço dessa pessoa um dia possa valer a pena?
- Não é tão simples.
- Por que não é tão simples?
- Não depende de mim.
- E então de quem depende?
- Eu não sou um ser humano autônomo desde quando descobri que eu era diferente.
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Psychotrópicos
PoetryDecadência adolescente, amores possessivos e depressão. Espero que se deliciem com meus sentimentos mais imundos vomitados em bulimia. - Textos e poemas autorais.