Sete da noite,
Acabei minha primeira xícara de café.
Eles me mandaram largar o lápis e levantar da cama, que não se vive com arte e minhas histórias nunca serão publicadas, viro mais um xícara e continuo escrevendo as mesmas merdas de sempre. Poemas tristes de uma garota suburbana sendo quase devorada por baratas nessa cama suja.São oito da noite,
Desisti de desenhar, desisti de escrever, desisti de comer e só não larguei minha própria respiração ainda porque tenho medo de morrer como uma fracassada de 18 anos. Existem fracassados aos 18?
Bem, se existem, é provável que eu faça parte deles.São nove da noite,
Perdi a conta de quantas xícaras de café.
Quente igual inferno. Inferno. Venha me buscar.
A dor nunca vai te deixar em paz.São dez da noite,
As luzes se apagaram, sufocamento debaixo do cobertor.
Agora a fome vem, quero colocar dois dedos na garganta e vomitar minha alma pra fora.Agora já são onze,
O mundo dormiu e cansou de se importar com os deprimidos da madrugada, as pessoas boas vão ter seus sonhos bons, e vermes como eu precisam pagar sua penitência diária. O coração entrou em pânico e agora se joga nas paredes da minha caixa torácica, quero imitar ele, quero me jogar nas paredes do meu quarto até me amarrarem e me drogarem. Quero me drogar, ah, como eu quero me drogar, denovo e denovo até a dor passar.Meia noite, finalmente.
Mais um dia, uma tentativa de fazer algo certo.
"Bom dia, bom dia!". Os outros dizem no colégio mais tarde.Que se fodam os bons dias.
Eu só queria receber um "boa noite" da minha ansiedade.-
MARÇO DE 2018.
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Psychotrópicos
PoetryDecadência adolescente, amores possessivos e depressão. Espero que se deliciem com meus sentimentos mais imundos vomitados em bulimia. - Textos e poemas autorais.