Hey! Acabei voltando para a cidade antes do esperado e não me aguentei, resolvi liberar o primeiro capítulo de Ordem e Resistência agora mesmo.
POR FAVOR comentem e me digam o que acham, se devo continuar, se há erros ortográficos, sei lá! Estou bem nervosa e quero muito a opinião de vocês.
Bom, então vamos lá:
Ordem e Resistência, Capítulo um:
HNDL. Era a sigla presente no bracelete de plástico que me dava permissão para passar para o refeitório daquele hospital que eu tanto amava. Nada me deixava mais nervosa do que almoçar com os outros pacientes. E não nervosa como ansiosa, porém nervosa como brava de verdade. Pessoas doentes dividindo o lugar onde eu comia me deixava brava.
Dra. Piotto, minha querida psicóloga, dissera que seria bom para minha “condição” se eu me socializasse um pouco. Talvez o contato com minha própria espécie e não só com o confortável travesseiro do meu quarto e, eventualmente, com o gelado acento da privada, trouxessem imagens novas à minha cabeça danificada. Eu discordava imensamente com aquela afirmação.
“Como está se sentindo hoje?” Era tudo o que aqueles médicos sabiam perguntar para nós do refeitório. Com seus jalecos brancos, crachás de prata com os nomes gravados neles e pranchetas holográficas eles mal esperavam a resposta e já partiam encher a vida de outros. Já estava ficando craque no meu ato diário de sorrir-acenar-ignorar educadamente. Aliás, as pranchetas holográficas também me deixavam brava. E as paredes do hospital. E as ervilhas quase frias que me fizeram comer. No fundo, é tudo culpa da teoria da Dra. Piotto.
Obviamente os pacientes que comem ali não tem nenhum tipo de doença transmissível. Alguns tem tiques, que me irritam. Outros tiraram as amídalas recentemente ou estão se recuperando de um transplante, não sei. Eu? Amnésia.
No começo foi difícil. Acordar e não se lembrar de praticamente nada, pessoas te fazendo perguntas que você obviamente não sabe responder e ter que lidar com a realidade de que passarei um bom tempo num quarto de hospital. Sim a tecnologia é avançada, mas não ao ponto de restaurar perfeitamente sua memória.
A doutora disse que tudo voltaria com o tempo, mas que no momento eu teria meus pensamentos e devaneios alterados, com meu passado, presente e imaginação misturados num só, me confundindo. Ela não podia estar mais certa. Antes de acordar no hospital eu estava imersa num sonho. Um sonho tranquilo e feliz com rostos embaçados que pareciam falar comigo. Embora não os visse direito e muito menos os ouvisse, pareciam estar falando sérios comigo. Ainda assim o ambiente tinha um ar descontraído e cheirava a churrasco. Engraçado como algumas coisas a gente simplesmente não esquece. Pensei comigo mesma enquanto engolia as ervilhas
A primeira pessoa que vi quando acordei foi a própria Dra. Piotto. Fez perguntas simples e ficou impressionada com as respostas. É engraçado como me lembro bem do dia em que finalmente acordei. Geralmente tenho dificuldade em decorar nomes e caminhos ao andar pelo hospital, mas aquele dia não. Aquele momento ficou marcado de uma forma surpreendente e ao mesmo tempo dolorida. Não é fácil descobrir que você não sabe nada sobre si mesmo.
Quando abri meus olhos uma luz forte me cegou. Primeiro pensei ser o sol, mas depois a visão foi se focando e vi que era uma simples lâmpada. Não quis me mexer. Algum instinto maluco me fez ficar parada e tentar descobrir o que estava acontecendo. Senti as almofadas nas quais eu me apoiava, senti o lençol delicadamente colocado sobre mim e senti algo no meu braço. Ouvia um barulho com um bip ritmado e uma caneta impaciente riscando uma folha de papel.
Me sentei.
-O que houve? –Foram minhas primeiras palavras.
A doutora era muito profissional, por isso quando me viu falando apenas derrubou tudo no chão e saiu correndo sem me dizer uma palavra. Fiquei temporariamente assustada, mas aquele instinto continuou me dizendo para entender a situação. Apesar da tontura extremamente forte analisei melhor o espaço onde me encontrava com a visão um pouco embaçada.
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Ordem e Resistência [HIATUS]
Science Fiction"Não é fácil descobrir que você não sabe nada sobre si mesmo." "A mentira é o princípio que rege o mundo"