Ainda que contra a minha vontade e a de Tom, o tempo insistia em passar. Entre conversas jogadas fora, alguns flertes trocados e beijos roubados, a tarde avançava sem que a gente quase nem sentisse. Aos primeiros sinais de que o dia de sábado começava a escurecer, me dou conta de que estou há quase 24h sem dar notícias a ninguém. Meu celular ainda estava em modo avião e eu sabia que logo que eu o desativasse, teria que lidar com a vida lá fora.
— Tom... – disse, mostrando o horário em meu telefone – Eu tô desde ontem sem dar notícias a ninguém... eu preciso fazer umas ligações, você se importa?
— Nossa, já são 6 da tarde?! – Tom arregala os olhos e levanta do sofá imediatamente – Eu tinha combinado com os meus pais de jantar com eles hoje, antes que eu fosse viajar!
— Bom, então acho melhor eu ir... não vou te atrasar e eu também tenho coisas pra fazer. – digo, me apressando em levantar do sofá.
— Claro, claro! – Tom também se levanta, tão apressado e desajeitado quanto eu, e se encaminha em direção à sua porta.
— Então... a gente se fala? – parada em frente à porta, ergo meus olhos para Tom, com um sorriso encabulado.
— A gente se fala sim, Cecília. – Tom sorriu carinhosamente para mim, antes de se aproximar para um selinho demorado.
Não cheguei a contar quantos segundos nossos olhares se sustentaram antes que Tom abrisse a porta para mim, mas foi o suficiente para que meu rosto ruborizasse e eu quase me esquecesse como é que se despede de uma pessoa. Apenas me limitei a sorrir e dizer um tchau quase mudo antes de sair pela porta e subir pelas escadas, de onde pude ver que Tom ainda me acompanhava com o olhar até que eu desaparecesse de suas vistas.
Ao finalmente chegar de volta em meu apartamento, precisei me jogar no meu sofá para que eu tentasse, de alguma forma, assimilar o que havia acontecido naquela tarde. Eu não conseguia. Meu coração acelerava toda vez que eu pensava que Tom e eu havíamos nos beijado e a cada flashback meu estômago gelava instantaneamente e me fazia ter uma crise de riso de puro nervosismo. Eu ainda tinha muita coisa pra entender. Eu precisava entender o que havia acontecido pra que Tom tivesse esse interesse repentino em mim. Precisava também entender em que situação isso nos coloca agora. Precisava entender o que eu estava sentindo com relação a essa situação e, mais especificamente, o que eu estava sentindo por Tom.
Também precisava falar com minha mãe e com Halima. "O que eu falo? Eu nem cheguei a contar pra minha mãe sobre Tom...". Desativo o modo avião.
Halima
"Então Cecília, o que tá acontecendo? Me conta tudo!" (20:30)
"Fala alguma coisaaaaaa!! Eu vou explodir de curiosidade!" (21:43)
"Qual é, você me prometeu!" (23:07)
"Cecília, eu tô ficando preocupada." (23:56)
"Não vai dizer que você dormiu com alguém?" (01:10)
"Cecília, aconteceu alguma coisa?" (09:15)
"Amiga, pode me falar! Precisa de alguma coisa? Eu tô preocupada!" (13:06)
"Ok, eu desisto." (15:00)
"Pobre Halima... eu devo satisfações a ela" – suspiro, antes de começar a digitar
Cecília
"Amiga, me perdoa pelo sumiço, de verdade!"
"Mas eu posso te explicar e eu tenho um bom motivo. Um não, dois."
"E não, eu não dormi com ninguém."
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Waiting at your doorstep | Tom Holland
Fanfic[CONCLUÍDA] Aos vinte e poucos anos, Cecília decide ir atrás do seu verdadeiro chamado no velho continente em busca de sua paixão profissional. Deixou para trás família, amigos, namorado e a carreira que odiava para investir no seu bem mais precioso...