Capítulo 18

2.3K 166 63
                                    

Quando abro os olhos novamente, percebo que não se passou tanto tempo assim desde que caí no sono. Ainda era noite e a mesma luz ainda entrava pelas frestas da janela. Ao meu lado, tinha a visão de Tom deitado, com um dos braços cruzado por trás da cabeça, enquanto seu rosto era iluminado pela luz do celular, no qual mexia distraidamente. Essa cena me fazia sentir um frio na barriga e um calor no coração, em uma mistura de sensações que há muito não sentia. Sorri, instintivamente. Tom percebe.

— Caramba! Alguém aqui apagou... – ele sorri de volta, largando o celular de lado e beijando a minha testa.

— Você tem noção do que a gente acabou de fazer? Essas coisas gastam energia! – dou uma risada enquanto me espreguiço, até cair novamente de bruços ao lado de Tom – Que horas são?

— Meia-noite e quarenta. – ele disse, deslizando as pontas dos dedos pela minha coluna, despretensiosamente – Eu ainda tô completamente sem sono porque meu corpo ainda está no horário de Los Angeles.

Nossa conversa é rudemente interrompida por um grunhido alto saído do meu corpo. Meu estômago achou que fosse necessário gritar aos quatro ventos que precisava de comida justo agora.

— Opa... – ruborizo – Foi mal...

— Ainda bem que você tava dormindo, porque o meu estômago fez barulhos bem piores e você nem ouviu. – Tom gargalhou.

— Meu Deus... que péssima anfitriã eu sou! Eu preciso manter meu convidado alimentado! – coloco a mão no rosto, envergonhada.

— Não esquenta... a gente sempre pode pedir alguma coisa! – Tom saca o celular, tentando buscar alguma opção aberta a essa hora.

— Tá achando que isso aqui é Londres? – arregalo os olhos – A essa hora não tem lugar nenhum aberto aqui por perto! O máximo que a gente pode fazer é ir no mercado na rua do lado que funciona 24h e ver o que a gente pode comer... – suspiro – A gente devia ter comido alguma coisa naquela hora que eu falei...

— Eu não me arrependo de nada! – Tom sorriu, debochadamente, apertando a minha bunda.

— Besta... – coro, levantando e colocando de volta meu vestido – Vamos, a gente tem que descer pra comprar alguma coisa!

Tom permanecia deitado na mesma posição. Com o celular ainda na mão, mas com os olhos fixos em mim enquanto me vestia.

— Você é linda... – diz ele, quase sem expressão.

— Ai, para que que eu não sei lidar com isso... – apresso os passos em direção ao banheiro, onde começo a lavar o rosto e ajeitar de volta o meu cabelo.

Pouco tempo depois, enquanto escovo meus dentes, vejo Tom se aproximar pelo espelho, já de calça jeans mas ainda sem camisa. Ele trazia sua escova de dentes e se aproximava lentamente, segurando minha cintura por trás e beijando meu pescoço. Eu tive que me convencer por várias vezes de que aquilo era real e que eu realmente estava vivendo essa situação com Tom.

Depois de trocarmos de roupa, logo já estávamos na porta do prédio, onde Tom vestiu seu casaco de moletom de capuz. Não que estivesse tão frio, mas entendi que o capuz, para ele, era necessário. Andando alguns passos à sua frente, guio Tom no caminho até o supermercado. Durante o trajeto, passávamos por todo o tipo de gente da noite. Pessoas indo e voltando de bares e boates, jovens sentados nas calçadas fumando e se divertindo com os amigos, pessoas passeando com seus cachorros. E nós.

Chegando no supermercado praticamente vazio, nos divertíamos tentando pronunciar os nomes dos produtos franceses nas gôndolas, fazendo os mais diversos formatos de bico possíveis. Separamos algumas besteiras para beliscarmos durante a madrugada e nos encaminhamos ao caixa, onde trabalhava uma menina que aparentava ter por volta de seus 18 anos.

Waiting at your doorstep | Tom HollandOnde histórias criam vida. Descubra agora