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     Acordo. Sinto o peito do Castiel em minhas costas e o calor de seus braços me envolvendo, onde me aconchego. Era tão bom estar ali com ele...
     ...
     Isso não poderia ter acontecido. Me sento, olhando para o vazio na televisão, com um turbilhão de pensamentos desgovernados invadindo minha cabeça.
     Depois de tanto pelejar, toda minha luta foi em vão. Eu prometi para mim mesmo não fazer nada de errado. Eu prometi para o meu pai. Ele iria me xingar do mesmo modo que xinga todos os protestos LGBT's na televisão? Como xinga os beijos gays? Eu estava cada vez mais decaindo. Primeiro as brigas, a expulsão do meu cargo de representante de turma — o único motivo do fraco orgulho que ele tinha — e agora ele vai descobrir que sou gay.
     Não sabendo o que fazer, ainda desnorteado, procurava as minhas roupas pelo chão. Talvez eu devesse simplesmente esquecer.
     — Ei... Ei... — ele fala, rindo um pouco.
     Olho para ele pelo canto do olho.
     — Oi...
     — Não vai ser eu a te julgar — ele pega no meu ombro — Relaxe...
     Era o que eu precisava ouvir. O fato de que ele era o único a quem poderia me apoiar poderia ser estranho há algum tempo, mas agora parece tão óbvio como se alguém estivesse me lembrando o meu próprio nome.
     — ...Eu sei... — pego em sua mão.
     — Deita de novo... E vamos recomeçar o dia, ok? — ele leva minha mão a um beijo.
     Não há motivos para negar. Precisava disso. Então obedeci e me deitei. O abraço, o observando, decidindo se o ter era sorte ou azar.
     Em um dia estávamos tentando nos matar, no outro...
     — Como conseguimos nos aproximar? — pergunto sussurrando.
     — Creio que é natural esse tipo de coisa...
     — Talvez seja...
     Ah...
     — Temos escola hoje, não temos? — pergunto.
     — Shhhh... — ele me envolve em um cafuné, tetando me convencer a esquecer.
     E consegue. Me aconchego no abraço e fico o observando até pegar no sono e fechar os olhos.

Não PossoOnde histórias criam vida. Descubra agora