4 - Você Pode Confiar Neles

122 12 4
                                    

"Hic...Hic...Me desculpa..." - Ele mostra algo que estava escondendo com as mãos agarradas no peito e vejo os lápis de cores que dei mais cedo, todos eles quebrados. Fico sem entender e olho para o rosto de Kao. Kao está com o rosto sangrando do que pareciam ser arranhões.

"Kao?? Por que você está machucado? Quem fez isso com você?" - Balanço os ombros dele tentando tirar alguma resposta.

"Pete..." - Kao que parece não me ouvir, apenas chora olhando para os lápis ainda juntos ao peito - "Estão todos quebrados...ela quebrou todos eles..." - Ele olha para mim com os olhos cheios de lágrimas que caiam sobre seu rosto.

"Quem os quebrou? Quem é 'ela'? Quer saber? Não importa agora! Vamos sair dessa chuva, você está machucado e a gente vai pegar uma gripe se não sairmos daqui" - O faço levantar e o abraço fazendo ele se apoiar um pouco em mim. Subo na moto e o faço sentar atrás, depois de ter certeza que ele me segura firme, fomos em direção a minha casa. Ao chegarmos, sento Kao no sofá da sala e peço o telefone dele, ele entrega sem mesmo questionar, mas percebo que não há carga no celular dele. Lembro de ter o número de Kong e mando uma mensagem.

< Oi, Kong? Aqui é o Pete! Kao está aqui em casa, chorando e ferido, você sabe de alguma coisa? >

Guardo meu celular no bolso e coloco o celular de Kao para carregar no meu quarto. Ao voltar para a sala vejo Kao de cabeça baixa e tremendo de frio. Busco uma toalha e algumas roupas que possam caber nele no meu guarda-roupa.

"Kao?" - Tento ser o mais calmo possível - "Kao?" - O chamo novamente e ele parece escutar ao levantar a cabeça e olhar para mim. O rosto cheio de lágrimas misturadas com o sangue que brotava dos arranhões - "Tome um banho quente. Aqui uma toalha e roupa. Quando você sair eu estarei te esperando aqui para a gente cuidar dessas feridas. Ok?" - Ele apenas concorda com a cabeça e se levanta, o levo até o banheiro e ao fechar a porta eu solto um longo suspiro, sinto meu celular vibrar e ao tirar do bolso para ver quem era, vejo Kong me ligando.

< Pete! Faz tempo que tento ligar para Kao e ele não me atendia! Como ele está? > - Kong

< Ele disse que tentou ligar para você e não conseguiu. Ele então ligou para mim e quando eu o achei ele estava na chuva todo molhado, com arranhões no rosto e chorando. Você sabe o que pode ter acontecido? > - Pete

< Eu estou jantando fora da cidade com a minha família e não vi o celular tocar, nem posso sair daqui tão cedo. Agora que vi as chamadas perdidas quando fui ao banheiro > - Kong

< Eu sei o que possa ter acontecido, Pete! Mas não é certo eu contar. Por favor, apenas cuide dele e assim que o jantar terminar eu irei diretamente para a sua casa > - Kong

< Se for algo pessoal que eu não possa saber, eu entendo, mas estou muito preocupado, Kong! Eu não quero vê-lo do jeito que eu o vi hoje novamente > - Pete

< Eu entendo. Apenas tente acalmá-lo. Talvez ele conte a você. Mas não o force a nada, por favor! Acho que daqui uma hora eu estarei chegando por ai. Até lá, por favor, cuide dele > - Kong

< Ok... > - Pete.

Guardo o telefone novamente e procuro pelo kit de socorros que não uso mais desde a época da gangue onde eu precisava tratar machucados quase que diariamente. Escuto o barulho da porta do banheiro e vejo Kao sair enquanto ajeita os óculos sobre o seu nariz. Devo ter um fetiche por óculos pois acho que Kao combina muito bem com eles mesmo com o rosto machucado...O que estou pensando?

"Obrigada...por tudo...isso e...por hoje" - Vejo que Kao parou de chorar mas seus olhos continuam inchados e ele como sempre com o seu comportamento tímido.

A Cor Azul Que Vejo Em VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora