Capítulo II:

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Guarde um segredo

    O que foi que aconteceu naquela rua? Que tipo de brincadeira tosca foi aquela? Mensagem anônima? Só pode ser zoação mesmo. Tudo bem, não vou mais pensar nisso, não chega a ser uma hipótese, até o fim de semana tudo estará esclarecido. O carro desgovernado seguido da mensagem foi uma terrível coincidência... Isso! Agora costumo acreditar que coincidências existem, a final Cassie e Brooke estarem no Apple Rose naquela hora foi mesmo coincidência, ou será que foi uma ironia do destino? Eu não sei e não quero saber. Às vezes me pego pensando no que teria acontecido se eu não tivesse puxado Julia da frente do carro, será que algo de ruim teria acontecido? Okay, eu não devia ter ido atrás dela enchendo o saco, jamais me perdoaria se ela tivesse se machucado. Foi há meses que tudo aconteceu, mas ainda sinto falta dela e das outras. Éramos todas amigas, a final. O que nos fez ficarmos tão distantes umas das outras? É uma lástima... Espere, eu não digo "lástima", Julie que diz. Isso de me parecer com as meninas é confuso às vezes, outro dia me peguei passando álcool em gel nas mãos, igual Cassie faz. Na vida, de tanto nos forçarmos para ser diferentes uns dos outros, acabamos por sermos bem semelhantes. O que vem agora? Vou começar a enfiar palavras difíceis no vocabulário, ou me embolar no meio de um soletramento? Chega de pensar nessas coisas, Miranda, bola para frente e foca no desfile.
    Ela se virou de bruços na cama e apoiou o queixo nos braços cruzados olhando para a tv que estava há dois metros da cama. 

    O céu sobre Rosewood contava com a companhia de algumas nuvens espessas enquanto o Sol se preparava para ir embora deixando seu rastro colorido para trás, todo o céu se mesclava entre o tom rosado, violeta, amarelo e azul do pôr do sol. Um fenômeno constante mas que nunca deixava de ser encantador. As pessoas agiam normalmente no seu dia-a-dia, talvez esse seja o problema da humanidade, fechar os olhos para o que acontece bem debaixo do seu nariz.

    Não tão distante da praça havia o consultório Blake, Cassie ficou de tomar conta da recepção enquanto seu pai trabalhava e sua mãe estava em viagem. Sempre que ela podia, ou quando o movimento estava fraco, Cassie ia para a porta do consultório observar as pessoas que passavam. E foi isso que ela fez, mas desta vez foi diferente, ao sair pela porta notou ao outro lado da rua, a morena. Brooke estava aproveitando sua folga para levar Henry para dar uma volta, assim que ela viu Cassie, abriu um sorriso e atravessou a rua com o sobrinho na direção do consultório. 
    — Olá, recepcionista, eu queria agendar uma consulta aqui. — Brooke riu ao dizer tais palavras como provocação.
    — Tudo bem, você pode marcar a sua consulta assim que seu turno acabar, babá. — Cassie retrucou. 
    Ambas riram, aquela implicância boba sempre aconteceu, e era algo bom, a final, era uma prova de reaproximação das garotas.
    — Cass... Você acha que foi a Mel que mandou aquela mensagem? 
    — Olha, Brooky... Esquece aquilo, okay? Melanie se foi, supera! Até onde eu sei, não existe crédito ou celular no mundo dos mortos. — Ela respondeu em um tom mórbido e preocupado na voz.
    — Você tem razão. Mas quem será que enviou essa mensagem?
    — Um idiota tentando assustar a gente, só isso. Não se importe com isso, eu já até esqueci do que dizia a mensagem.
     Brooke encarou a garota um pouco pensativa, não tinha certeza daquilo tudo. Será que Melanie estava mesmo morta? Bom, elas não viram de fato o corpo da amiga. Apenas as roupas e os restos.
    — Tia Boo, fome... — Henry puxou a jaqueta de Brooke e apontou para o Apple Rose.
    — Vai levar o garoto para lanchar, Brooke! Depois nos falamos. — Cassie disse e Brooke assentiu, a morena levou o pequeno garoto para a lanchonete enquanto a outra entrou no prédio. Assim que Cassie sentou-se na cadeira atrás do balcão, seu celular vibrou com uma notificação, ela tirou o celular do bolso e abriu a pasta de mensagens.
    — "Eu não esqueci o que você fez naquela noite. Encontrei o sangue e o vestido.  -A". — Os claros olhos de Cassie se arregalaram e sua boca se abriu em um perfeito "o", como alguém podia saber o que aconteceu naquela noite? Mas que droga era aquela?
    Após a chuva cessar, as coisas estavam confusas de mais. Cassie não estava em seu momento de lucidez e parecia um pouco alterada. Bêbada? Talvez. Ela estava sentada na mureta da varanda de trás da casa de Melanie, segurava um bastão de madeira em mãos, de quem era aquele bastão mesmo? Droga, do que as mãos estavam sujas? Oh Deus, era... Sangue? Seu vestido estava coberto pelo líquido escarlate, um pouco mais a frente estava ... Um corpo caído no chão. Cassie estava confusa de mais, apavorada. O que foi que ela fez? Alguém viu? Não tinha ninguém ali. Não podia simplesmente ficar ali, então tratou de ir embora o mais rápido possível, sem ninguém vê-la sair.
    — Não é real. Não pode ser real. — Cassie encarou o quadro do outro lado da sala, suas mãos tremeram.

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⏰ Última atualização: Nov 08, 2018 ⏰

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