Não Deixe Ela Entrar

Capítulo 2 - Santa Diaba

           MANHÃ SEGUINTE

     A inesperada tempestade da noite passada havia ido embora. Uma linda manhã ensolarada se formava.

     Steven estava se levantando da cama quando Amanda, ainda vestida com o seu roupão de dormir, entrou.

     – Bom dia, amor! - ele disse. – Onde você estava? Não te vi levantar.
     – Bom dia! Eu estava no banheiro. Sabe, querido, eu mal consegui pregar os olhos essa noite. Eu não parei de pensar um instante sequer na Emily.
     – Entendo... Eu também pensei bastante sobre isso.
     – Eu fiquei com uma coisa martelando na minha cabeça. Eu não sei, mas... Talvez eu esteja certa sobre isso.
     – Do que você está falando? - ele estava confuso tentando entender do que a sua esposa se referia.
     – E se a chegada da Emily não foi um intervenção divina nas nossas vidas? Talvez tenha sido Deus quem a colocou no nosso caminho.
     – Desculpe, querida, mas eu ainda não estou entendendo aonde você quer chegar.
     – Infelizmente nós não podemos ter filhos, certo? E se Deus colocou a Emily no nosso caminho para que pudéssemos realizar o nosso sonho? Eu não quero parecer egoísta, mas nós vimos a situação dela. Ela é uma garota jovem, sem casa, sem dinheiro, sem ninguém... Raramente uma mulher nessas condições decide manter a gravidez ou criar o filho. Ela pode estar pensando em aborto ou até mesmo em doar a criança quando ela nascer. E se nós nos oferecermos para cuidar dela até o nascimento do bebê e depois assumimos a guarda dele? - os olhos de Amanda brilhavam enquanto ela compartilhava essa teoria com o seu marido. – Eu não sei, mas... Eu senti uma coisa muito especial quando recebi a Emily aqui em casa. Eu sinto de verdade que pode ser parte do plano que Deus tem para nós. O que você acha?
     – Bom, é... Eu... Eu não sei. É muita coisa para processar! Eu acho que você pode estar certa, mas ao mesmo tempo eu acho que isso pode ser uma loucura. Talvez o seu desejo de ter um filho esteja te fazendo imaginar coisas... Eu realmente não sei.
     – Pois eu estou decidida! Eu vou falar com a Emily.

     Minutos depois daquela conversa no quarto, Amanda e Steven estavam reunidos na cozinha para o desjejum.
     Rebecca terminava de adicionar os itens à mesa.
     Era uma mesa bem farta. Sucos, leite, café, chá, pães, bolos e cereais faziam parte dela.

     – Sente-se conosco, Rebecca. - falou Amanda.
     – Não precisa, sra. Amanda. Eu não quero incomodá-los.
     – Ah, faça-me o favor. - disse Steven. – Você está cansada de saber que nós gostamos que você se sente conosco.
     – Claro! - disse Amanda. – Você sabe muito bem que a consideramos da família. Vamos, nos faça companhia.
     – Tudo bem. - disse Rebecca, com um sorriso tímido. – Eu só vou chamar a Emily e já venho.
     – Não precisa. - falou Emily, aparecendo na cozinha. – Eu estou aqui.
     – Oh, querida... - falou Amanda, se levantando de sua cadeira e seguindo na direção de Emily. – Venha! Vamos tomar o nosso desjejum.

     Steven puxou uma das cadeiras para Emily, que logo se sentou. Amanda voltou para o seu lugar. Rebecca tomou-lhe para si um assento. Todos estavam reunidos na mesa.

     – E então, querida. - falou Amanda para Emily. – Dormiu bem?
     – Sim. Bem até demais. Eu nunca dormi em um colchão tão macio antes. - disse, aos risos.
     – Que bom que está gostando da nossa hospedagem. - falou Steven.
     – Vocês foram muito gentis em me deixar passar a noite aqui. Eu nem tenho como agradecer o que vocês fizeram por mim e pelo meu bebê. - disse ela, passando a mão pela sua barriga. – Mas não se preocupem, logo logo eu pego as minhas coisas e vou embora. Não quero dar mais trabalho a vocês.
     – Na verdade, Emily... - falou Amanda. – Eu gostaria de conversar com você em particular no meu consultório assim que terminarmos o desjejum.
     – Ai meu Deus, eu fiz alguma coisa errada? Porque se for esse o caso eu sin...
     – Não não não... Não é isso! - Amanda falou. – Você não fez nada de errado. Não se preocupe! É sobre o seu futuro que eu gostaria que discutíssimos.
     – Ah, sim. Tudo bem.