Capítulo V

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  — Vamos, pai, a gente vai chegar atrasado! — Nate andava a passos largos em direção ao buffet onde seria o aniversário de Maria. Parecia que o dia hoje tinha sido feito especialmente para que tudo desse errado para ele. Para começar o dia de cão, ele acordou atrasado para o treino, foi correndo para o autódromo apenas pra chegar lá e o chefe da sua equipe proibi-lo de correr sem antes ver os seus exames. Nate, com a paciência de mil monges, pegou seu carro e foi correndo para o hospital a fim de conversar com o seu médico entre uma consulta e outra, porém, quando ele chegou o hospital estava um caos por conta de um acidente que tinha ocorrido na estrada deixando vários feridos. Nate esperou por mais de três horas antes de conseguir falar com seu médico, e o pior de tudo foi que Amélia tinha tirado o dia de folga para arrumar o aniversário de Maria então ele tinha que esperar mais algumas horas para poder vê-la. Ele esperava ao menos roubar-lhe um beijo depois de duas semanas de apenas mensagens durante o dia e ligações durante a noite onde Amélia dormia no meio de tão cansada e Nate se pegava sorrindo bobo, escutando a respiração dela do outro lado da linha. A única notícia boa até o momento era que seu médico o tinha liberado para voltar às pistas e ele podia fazer o que ama sem nenhuma preocupação.
A música tocava alto e o lugar já estava lotado de gente com fantasias de todos os tipos, Nate se sentiu um pouco até descolado já que Maria e a Erica, dona da loja, tinham insistido que ele fosse de príncipe. A decoração era exuberante, parecia a exata cópia do universo que Nate tinha estudado nos livros de ciências quando ela mais novo com todos os planetas suspenso no teto e os pequenos pontos de luz que lembravam vagamente as estrelas. Amélia realmente tinha transformado todos os sonhos de Maria em realidade e falando nela, Nate não precisou procurar muito, pra ele não importava o lugar, a situação, o horário, Amélia sempre capturava a sua total atenção. Parecia que ela era um campo de força que mesmo sem querer o arrastava para sua órbita e a única coisa que lhe restava era admirá-la de longe esperando um dia conseguir toca-la. Ela estava completamente linda, parecia que toda vez que ele a encontrava ela conseguia ficar ainda mais maravilhosa, especialmente quando usava um vestido digno de rainha, a exata cópia do vestido usado na adaptação da Cinderela que Nate tinha assistido, mas não se lembrava com quem. Amelia parou de sorrir para a foto e colocou Maria no chão, as duas estava perto da mesa de aniversário e de longe dava para perceber que nem Amelia nem Maria queriam estar em qualquer outro lugar do que ali, Nate sabia que Amélia provavelmente estava se arrependendo de ter contratado um fotógrafo para festa.
Maria foi a primeira a vê-lo, ela abriu o maior sorriso o que fez Nate sorrir também, ele não sabia o porquê, mas ele sentia como se ele e Maria tivessem uma conexão de outro mundo e toda vez que ele a via seu coração enchia dentro do peito, Nate sentia exatamente como no dia que descobriu que queria ser piloto que finalmente tinha encontrado um lugar onde ele pertencia.
— Príncipe! – Nate se abaixou, abrindo os braços e Maria o abraçou pelo pescoço.
— Oi, minha astronauta! – Nate a abraçou de volta e se levantou com Maria em seus braços. – Como está sua festa? Está gostando?
— Sim, você viu que parece o universo?! E tem todos os meus brinquedos favoritos! A única coisa chata é que eu tenho que tirar um monte de fotos chatas e não posso brincar. – Maria fez cara de emburrada o que fez Nate sorrir largamente.
— Tenho certeza que você já vai poder brincar. – Nate olhou para frente vendo Amelia junto com seus pais começarem a andar em sua direção. Por uma fração de minutos parecia que nenhuma decoração existia, tudo ficou um total e completo silencio e a única coisa que Nate conseguia ver era Amelia andando para ele com um sorriso no rosto em um vestido de rainha mais linda do que nunca, Nate podia sentir seu coração bater mais forte no peito e formigamentos nas pontas dos dedos. Ai meu Deus, não me deixe morrer antes de provar o gosto doce dos lábios dessa mulher!
— Olá, Camillo! – Amelia abraçou meu pai pelo pescoço antes de se virar para mim e dizer: — Vejo que as fantasias de sapos acabaram. – Amelia disse, parando em frente a ele com os braços cruzados. – Até que você não fica feio de príncipe.
— Amelia! – Sua mãe lhe deu um beliscão fazendo com que ela massageasse o local. – Isso é jeito de tratar os convidados, garota?! – Ela se virou para Nate e Camillo. – Que bom que vocês chegaram, nós estávamos só os esperando para as ultimas fotos.
— O quê? – Amelia olhou surpresa para a mãe. O que é que ela estava aprontando?
— Foi Maria que disse que queria tirar foto com o príncipe. – Antonieta deu de ombros e Amelia olhou para sua filha que encostou a cabeça no ombro de Nate. Amelia sentiu seu coração dar um pulo no peito, faziam exatamente dois aniversários que só ela estava nas fotos com Maria, Nate só esteve presente no aniversario de um ano da sua filha, no mês seguinte ele descobriu que precisaria fazer uma cirurgia por conta do seu acidente depois de mais de um ano do mesmo. A desculpa que Nate deu na época para não contar das suas dores de cabeça para Amelia era que ele não queria preocupa-la, eles tinham acabado de ter Maria e cuidar de um bebê já era trabalhoso o suficiente, ele não queria que ela tivesse que cuidar dele também. Talvez se ele tivesse contado tudo desde o começo as coisas seriam diferentes, eles poderiam ser uma família de verdade e Amelia não andaria por aí sentindo o peso das costas no mundo e com um pedaço do seu coração faltando.
— Amelia? – Nate chamou a atenção de fazendo com que ela voltasse seu olhar para ele. – Você está bem?
— Que tal nós tirarmos as fotos, hein?! Já está mais do que na hora de Maria poder brincar com os seus amigos. – Amelia não esperou a resposta de ninguém apenas andou em direção a mesa onde o bolo se encontrava e assumiu sua posição. Nate parou ao seu lado com Maria em seus braços e o resto das duas famílias se acomodaram em ambos os lados na mesa, Amelia nem soube falar quantas fotos foram tiradas, mas sabia que tinham sido de todas as possiblidades que aquele grupo de pessoas podia fazer. No final, Amelia se encontrou parada ao lado da fotografa, vendo Nate e Maria fazerem as mais diversas caretas para a câmera. A garota sorriu boba e a cada caras e bocas que os dois faziam ela podia ver que Maria tinha vários dos trejeitos dela, mas ela simplesmente a cara do pai. Amelia sempre achou que fosse forte o suficiente para aguentar, afinal de contas, ela tinha perdido o marido, mas ao menos tempo só que não, ele estava vivinho da Silva, só não sabia que ela existia e se ela conseguia "superar" isso, ela superaria quaisquer coisas. Só que ver Nate e Maria juntos, no momento pai e filha que ela já tinha visto, vendo o que eles poderiam ter juntos fez com que a máscara que Amelia usou durante esse ultimo amo desmoronar na frente dela.
— Amelia, por que você está chorando? – Antonieta perguntou, fazendo com que Amelia olhasse para ela. – Está tudo bem?
— Não deixa que Maria me veja assim. – Amelia se virou de costas. – Eu vou me acalmar em outro lugar, diga a Maria que eu fui resolver coisas do aniversário e que ela pode brincar com seus amigos.
Amelia nunca correu tão rápido em saltos antes na sua vida, ela agradeceu mentalmente pelo buffet ter um jardim um pouco afastado que era usado para festas na parte do dia. A garota se jogou no banco em frente a uma fonte e procedeu a chorar com direitos a soluços e tudo, Amelia já tinha chorado muito nesses últimos anos, mas nada se comparava a um choro de ter tudo ao seu alcance, mas ao mesmo tempo nada ser seu. Ela sentia como seu coração fosse explodir a qualquer minuto, por tanto tempo ela se deixou ser forte para ser uma melhor mãe para Maria, que se esqueceu de ser forte para si mesma.
A garota escutou o barulho de gravetos quebrando, mas nem ao menos conseguia parar de chorar ou abrir os olhos, apenas sentiu a pessoa sentar ao seu lado e puxa-la para um abraço. Amelia teve a esperança de que fosse sua mãe que tinha vindo atrás dela ou até seu pai ou Camillo, mas não, ela reconheceria aquele perfume de longe e não podia acreditar que não conseguia parar de chorar então ela apenas procedeu a abraça-lo forte pela cintura enquanto ele acariciava suas costas.
Nate segurava Amelia em seus braços sem saber o que falar, quando ele a viu saindo correndo enquanto ele tirava fotos com Maria, sabia que algo estava errado. Ele não conhecia Amelia por muito tempo, mas parecia conseguir lê-la como um livro aberto e vê-la chorar daquele jeito fazia com que seu coração apertasse dentro do peito, ele só queria saber como colocar um sorriso em seu rosto outra vez. Ele então se perguntou o que poderia ter feito Amelia chorar tanto, ou melhor dizendo quem, Nate sabia que o pai de Maria não tinha aparecido na festa, seu pai teria comentado se ele tivesse vindo, talvez Amelia tivesse triste porque seu ex não tinha aparecido para o próprio aniversario da filha.
Amelia se mexeu fazendo com que Nate soltasse um pouco seus braços ao redor dela, ela se afastou dele enquanto limpava suas lagrimas.
— Sua maquiagem está intacta. – Nate quis bater com a cabeça na parede. Quem em sua consciência fala da maquiagem de alguém depois de vê-la chorar? Muito bem, Nathaniel, você fez papel de bobo na frente de Amelia outra vez só para não perder o costume.
Amelia apenas balançou a cabeça e não pode esconder o sorriso, Nate viu uma lágrima descer pelo rosto dela e automaticamente a limpou com seu dedo. Amelia fechou os olhos sentindo Nate acariciar seu rosto com o polegar, quando ela abriu os olhos ela viu o rosto de Nate perto do seu e por um momento ela pensou que ele iria beija-la, porém Nate apenas sorriu e depositou um beijo demorado na sua bochecha.
— Você quer conversar sobre o por que você estava chorando?
— Eu não estava chorando. – Amelia respondeu rápido, fazendo com que Nate sorrisse enquanto tirava sua mão do rosto dela. Ela quase pediu que ele continuasse a acariciando, era difícil ficar sem o toque dele depois de senti-lo após tanto tempo.
— Se você diz, eu não vou te forçar a nada.
— Você foi sempre muito bom em me dar o espaço que eu preciso. – Amelia tinha que começar a pensar muito antes de ter qualquer conversa com Nate, ela simplesmente entrava em um universo alternativo onde ela partilhava tudo com ele sem nem ao saber o que estava falando. Era isso que dava estar no mesmo espaço com o amor da sua vida, ela se sentia confortável demais e tinha uma diarreia verbal.
— O que? – Nate a olhou confuso.
— Um dia, Nathaniel Lancaster, um dia eu te conto tudo e você vai entender.
— Por que não me conta agora?
— Porque eu ainda quero muito tempo com você.
— Às vezes você não faz o menor sentindo, Amelia Reinaldo.
— Eu nunca disse que faria, agora aguenta, bebê.
— Com prazer. – Nate respondeu, rindo largamente. – Você não quer mesmo conversar sobre? Eu tenho dois ouvidos, dois ombros prontos para uso. Ah e uma boca também, se você quiser.
— Essa é uma proposta e tanto, olha que eu aceito. – Amelia deu uma gargalhada, porém por dentro ela queria gritar e se jogar nos braços de Nate. – Às vezes na vida a gente não precisa conversar ou de palavras, só precisa dar uma boa chorada pra lavar a alma.
— Você quem perde, eu sou um partidão.
Amelia deixou as inibições de lado e passou os braços ao redor pescoço de Nate, o abraçando pela cintura, ela não estava nem um pouco se importando em parecer uma louca carente, ela só queria sentir Nate o mais perto possível especialmente quando ela sentia que o seu tempo com ele estava contado.
— Tudo poderia ser diferente se você não fosse tão cabeça dura. – Amelia sussurrou antes de se afastar de Nate e se levantar. – Você tem um espelho?
— Um espelho? – Nate se levantou também, ficando em frente a ela. – Você realmente acha que eu carregaria um espelho?
— Vai que veio com a fantasia. – Amelia deu de ombros. – Claro que se você tivesse vindo de sapo com certeza teria um. – Ela balançou a cabeça. – Que decepção, Nathaniel Lancaster. – Nate balançou a cabeça com um sorriso no rosto. Por Deus, de onde essa mulher tinha vindo e por que diabos ele simplesmente não conseguia ficar longe dela? Ele estava ficando louco, só pode!
— Você pode se olhar com o meu celular. – Nate estendeu o celular para Amelia que logo abriu a câmera frontal. Ela mexeu um pouco no rosto com as pontas dos dedos, mas Nate não notou muita diferente, como ele tinha dito, sua maquiagem tinha ficado intacta.
— Vamos voltar para a festa? Nós temos que cantar os parabéns ainda. – Amelia estendeu a mão para Nate que a segurou e começou a guia-la de volta para a festa.
— Tia Amelia! – Amelia olhou para a garota que tinha quase a derrubado em um abraço. – Você parece mesmo uma princesa! E o tio Nate ainda veio de príncipe!
— Olá, Julieta, como você está minha linda? – Amelia olhou para Nate, que olhava para a garota confusa, antes de abraça-la. – Onde estão seus pais? Sophie? Bernardo?
— Estamos aqui. – Amelia levantou seu olhar dando de cara com seus antigos vizinhos. Ariella e Amelia trabalhavam no mesmo hospital, porém, como Ariella era médica, as duas raramente se viam.
— Mamãe, tia Amelia e tio Nate vieram de príncipe e princesa igual a Cinderela! – Julieta apontou para os dois o que fez Amelia sorrir nervosa.
— Está mais para a Bela Adormecida, meu amor. – Ariella riu, passando a mão pelos cabelos de sua filha. – Por que você não vai brincar, hein?! – Sophie assentiu e saiu correndo em direção a um grupo de crianças. Ariella e Chase olharam para Nate e depois para Amelia, ela os olhou confusa até que percebeu que Nate não se lembravam deles.
— Nate, esses são Ariella e Chase, eles são nosso viz... Amigos. Eles são meus amigos.
— É um prazem conhece-los. – Nate cumprimentou Ariella antes de se virar para Chase.
— E aí Nate, como você está cara?! – Nate estendeu a mão para Chase, porém ficou assustado quando ele o puxou para um abraço. Ariella e Amelia se entreolharam, segurando o riso. Ariella e Chase eram os vizinhos da casa que Amelia e Nate tinham se mudado depois de casados, Chase e Nate viraram melhores amigos quando descobriram que torciam para o mesmo time de futebol e desde então tinham se tornado inseparáveis. A maioria dos amigos de Nate, tirando alguns dos caras da sua equipe, eram solteiros, tipo aqueles milionários que todo mundo sempre lia nos romances e que tiravam o folego, exceto que eles eram um bando de idiotas e nem no fundo das suas almas eles eram bons moços debaixo da aparência de playboy. Quando Nate e Amelia se casaram eles aproveitaram bastante o casamento, principalmente com as primas da noiva, mas perceberam que as coisas estavam prestes a mudar e decidiram se afastar de Nate. A vida de solteiro era completamente diferente da vida de casado, Nate sabia disso, porém ele sempre gostou muito dos seus amigos e estava disposto a continuar a amizade mesmo que não fosse para ir para balada de quinta a domingo e sair com uma mulher diferente todo dia. Amelia viu o esforço que seu marido fazia quando os chamavam para tomar uma cerveja, ou apenas assistir um jogo na casa de alguém, e eles simplesmente davam a desculpa que estavam muito "ocupados". Um dia, Amelia querendo levantar o espirito do seu marido, colocou o seu melhor vestido depois de um turno de 19 horas e foi para uma balada com Nate só para que ele saísse com os seus amigos, porém, naquele mesmo dia Nate percebeu que seus amigos não eram tão seus amigos como diziam e decidiu cortar laços de vez.
Para ser completamente sincera, Amelia não enxergou como um coisa ruim, na verdade, tinha sido um livramento Nate cortar laços com aquele bando de mauricinho, chato, mimado que só atrasava a vida de Nate. Quando Nate e Chase se tornaram amigos, Amelia agradeceu a todas as entidades divinas que existiam por Nate ter arrumado um amigo que preste, junto com Noah, o marido de Sofia, eles formavam os três mosqueteiros mais sexys que ela já tinha visto. Amelia sabia pelo jeito que Chase abraçava Nate, ela não tinha sido a única que sentia sua falta.
— Eu estou bem, obrigado. – Nate se afastou, olhando para Chase, um pouco confuso. – Nós já nos vimos antes? Seu rosto não me é estranho.
— Talvez eu um passado nem tão distante. – Chase passou o braço pela cintura da sua esposa. – Eu já te vi no autódromo algumas vezes.
— Você também corre?
— Não, Ariella me mataria antes de eu entrar em um carro se fosse para correr. – Chase riu. – Eu sou muito fã de corridas e você é um dos melhores.
— Obrigado. – Nate olhou sem jeito para Amelia que apenas sorria para ele. – Então como vocês se conheceram?
— Nós fomos vizinhos por um tempo. – Ariella respondeu e Nate viu o sorriso de Amelia desaparecer. – Antes de Amelia se mudar de volta para a casa dos pais dela.
— É verdade? Vocês moram por onde então?
— Nate... – Amelia segurou no braço de Nate fazendo com que ele olhasse para ela. – Você pode ir buscar Maria? Acho que está na hora de cantar os parabéns.
— Claro. Foi um prazer conhece-los. – Nate disse antes de dar um beijo na bochecha de Amelia e sair a procura de sua filha.
— Uau! É extremamente bizarro conversar com ele quando ele nem ao menos se lembra que somos amigos. – Chase disse, balançando a cabeça.
— E você acha que eu não sei?! Eu estou tendo que conquistar o meu marido outra vez.
— E pelo jeito você não está fazendo muito esforço, ele está tão apaixonado por você como antes. – Ariella disse, segurando a mão de sua amiga.
— Não quer dizer que não doa menos. – Ela olhou para Nate que levava Maria nos braços em direção a mesa do bolo e doces. – Toda vez eu olho para ele, pior toda vez que eu olho para ele e Maria juntos, eu fico pensando no que eu tirei deles dois. Será que esconder a verdade foi realmente a melhor alternativa? O que teria acontecido se eu tivesse contado tudo para ele, será que nós teríamos o nosso "felizes para sempre" ou ele iria embora de vez?
— Você não teve alternativa, Amelia, nada disso é culpa sua. – Amelia se virou para Ariella.
— Será mesmo, Ari? – Amelia deu um sorriso triste antes de continuar: — Deixa eu ir, eu quero logo cantar os parabéns que eu ainda tenho que voltar para hospital hoje à noite.
Amelia chamou todos os convidados pelo microfone e aos poucos eles foram se aglomerando ao redor da mesa. Maria se recusou a sair dos braços de Nate e Amelia estava muito esgotada emocionalmente para discutir, talvez fosse uma boa memoria para Maria ter o pai ao seu lado, mesmo que nenhum dos dois fizessem a menor ideia. Depois dos parabéns, Amelia e Maria foram distribuir as lembrancinhas para as crianças, Maria fez tudo na velocidade da luz porque estava doida para voltar a brincar, para ser mais precisa brincar com Bernardo, filho de Ariella e Nate.
Amelia se sentou em uma das mesas e colocou seus pés na cadeira a sua frente, ela precisaria de pelo menos duas xicaras grandes de café para ficar acordada para o turno que ela estava prestes a enfrentar. Ela conseguiria algumas horas de sono antes de sair de madrugada antes mesmo de Maria acordar, odiava ter que fazer isso, mas era os sacrifícios que ela tinha que fazer pra ficar mais tempo com sua filha.
— Cansada? – Amelia abriu os olhos e deu de cara com Nate parado ao lado da cadeira que tinham os seus pés. Amelia assentiu, tirando os pés da mesma e Nate se sentou logo em seguida.
— Um pouco. E esses saltos estão me matando. – Nate pegou os pés de Amelia e os colocou em seu colo, ele então prosseguiu a tirar seus saltos fazendo com que ela soltasse um suspiro de alivio. Ele então começou a massagear os seus pés fazendo com que Amelia relaxasse ainda mais.
— Melhor?
— Muito melhor, você sempre dar as melhores massagens.
— Como você sabe disso? Teve muito caras massageando seus pés?
— É a melhor porque é com você. – Amelia abriu os olhos, olhando para ele. – Obrigada por ter vindo, Maria simplesmente adoro que você veio, ainda mais vestido de príncipe.
— Foi um prazer ter vindo, eu não lembro em ter ido em muitos aniversários de crianças no passado.
— Claro que não, a maioria dos seus amigos correm quando escutam a palavra casamento e filhos.
— Falando em amigos, quem é o pirralho que fica o tempo todo com Maria?
— Cuidado de como você fala do pirralho, ele é meu filho. – Chase bateu nas costas de Nate antes de se sentar ao seu lado. – Você deveria se acostumar, Maria e Bernardo são inseparáveis mesmo antes de nascerem. Amelia e Ariella ficaram gravidas praticamente na mesma época.
— Porém Amelia, como uma péssima amiga, teve Maria antes do nosso combinado. – Ariella completou e Amelia soltou uma gargalhada. – Nós tínhamos combinado em ter nossos filhos no mesmo dia.
— O que eu posso fazer? Maria estava louca para conhecer o mundo e ver a mãe incrível que ela tem.
— E humilde.
— Mamãe! – Maria veio correndo e se jogou no colo de Amelia. – Eu quero ir embora.
— Mas já? Não quer brincar mais? – Amelia viu Bernardo correr até as suas e parar ao lado de Nate.
— Eu quero ir para casa dormir e abrir meus presentes. – Maria se virou para Nate. – Você vem com a gente não é príncipe?!
— Que tal você dormir e abrir seus presentes só amanhã com mais calma? – Maria subiu em no colo de Nate o abraçou pelo pescoço.
— Mas mamãe não vai estar em casa, ela tem que trabalhar.
— Eu posso abrir os presentes com você e a gente pode mandar um monte de fotos para sua mãe para ela ficar morrendo de inveja. – Os olhos de Maria brilharam e ela olhou para Amelia.
— Você é uma péssima influência, Nathaniel.
— Euzinho? – Nate se levantou com Maria no colo. – Agora vamos, nós temos que pegar todos os seus presentes.
— Ei, eu quero ir também! – Bernardo gritou puxando a calça de Nate.
— Vamos, filhão, vamos ajudar Maria. – Chase se levantou pegando Bernardo no colo.
— Olha, papai, eles dois se aprecem muitos! – Bernardo apontou para Maria e Nate. – Tem certeza que ela não é o príncipe, Ma?
— Mamãe continua dizendo que ele é um sapo então eu não sei. – Maria deu de ombros. – Agora vamos, eu quero pegar meus presentes.
— Que tal a gente apostar uma corrida, hein Nate?! – Chase disse, olhando para Nate.
— No 3. – Nate disse, abraçando Maria mais forte e Chase fez o mesmo com Bernardo. – 1, 3! – Nate saiu correndo na frente fazendo com que Chase o olhasse perplexo antes de sair correndo atrás dele.
— Vejo que ele continua com ciúmes da ideia de Maria e Bernardo juntos. – Ariella disse, fazendo com que Amelia olhasse para ela. – Quando você pretende contar a verdade para ele?
— Em breve, Ari, muito em breve.  

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