Água.
Água gelada.
Água gelada, descendo pela sua garganta e curando essa sede insaciável da qual ele não sabia da onde tinha vindo. Nate tentou esticar a mão, porém havia um peso sobre a mesma, mexeu um pouco a mesma para perceber que se tratava de uma pessoa. A cabeça de uma pessoa. De repente não tinha mais peso nenhum e ele conseguiu se mexer, a primeira coisa que fez foi esticar o braço para o lado a fim de pegar o copo que sempre deixava ao lado da sua cama, porém ele não estava lá. Nate achou esquisito e decidiu que já não estava em casa, ou muito menos em sua cama, e de alguma maneira ele precisava descobrir o que estava acontecendo. Nate tentou abrir os olhos de uma vez, mas a claridade o incomodou como nunca antes, será que tinha bebido na noite anterior e não lembrava o que tinha acontecido? Será que ele tinha acabado de acordar na cama de algum desconhecido com a pior ressaca do mundo?
Quando Nate conseguiu abrir os olhos, a primeira coisa que ele viu foi uma mulher, vestida de enfermeira, que tinha a mão na boca e os olhos vermelhos. Ela é linda, foi a primeira que ele pensou. Depois olhou ao seu redor e percebeu que estava no quarto que sua família tinha no principal hospital da metrópole que ele morava.
- Água. – ele disse e a enfermeira que estava chorando pegou um copo d'água e o ajudou a beber.
- Você quer mais? – ela perguntou, e Nate olhou para ela dando uma boa olhada naquela garota que mais parecia um anjo. Se de longe ela era linda, de perto ela era mais ainda. Seus olhos estavam vermelhos, como se estivesse chorando por longos períodos de tempo e suas mãos estavam tremendo. Nate só conseguiu assentir, não sabia por que, mas essa garota tinha feito com que ele perdesse a linha de raciocínio, perdesse as palavras. A garota colocou mais água e o ajudou a beber. – Melhor?
- Sim, obrigado, enfermeira. – ele respondeu enquanto ela se afastava da sua cama. Ela o olhou confusa fazendo Nate pensar que tinha feito algo de errado.
- Enfermeira? – ela perguntou, olhando pra ele com lágrimas nos olhos. – Você acha que eu sou sua enfermeira? Só isso?
- E não é? Você é médica? – ela abaixou a cabeça e murmurou algo que ele não pôde escutar. Uma outra enfermeira entrou no quarto e quando Nate virou a cabeça em sua direção, ela quase derrubou o que estava segurando. Ela olhou para a outra enfermeira que já estava no quarto e estava de cabeça baixa.
- Não. – ela levantou a cabeça – Eu não sou ninguém, apenas uma enfermeira. – a garota olhou para outra enfermeira, limpando o seu rosto – Eu vou chamar o médico e os seus familiares, eles vão ficar felizes em saber que você finalmente acordou. – a garota saiu do quarto mais rápido do que uma bala. Nate olhou para a enfermeira que ainda estava no quarto olhando-o confusa, o que foi que ele tinha feito pra aquela garota que a fez chorar? E o que ele podia fazer para parar? Uma mulher linda como aquela não merecia chorar, especialmente se tinha sido por causa dele.
- Como você está, Nate? – a enfermeira que ficou no quarto perguntou – Está sentindo alguma coisa? Alguma dor?
- Só uma sensação da pior ressaca do mundo.
- Você lembra de alguma coisa que aconteceu? Você lembra por que está aqui no hospital?
- Não.
- Você lembra da sua família?
- Sim.
- Você é casado e tem filhos?
- Não, eu sou solteiro.
- Solteiro?
- É. – ele queria perguntar mais alguma coisa, mas foi logo depois que sua família entrou no quarto. Sofia, sua irmã, foi a primeira que o abraçou, quase o esmagando em um abraço, ela também parecia estar chorando.
- Você me assustou, seu ridículo! – ela se afastou dele dando um soco em seu braço.
- Sofia, pega leve. – seu pai, Camilo, puxou sua irmã para o lado e parou em frente à Nate – Que susto você nos deu, filho! Fico feliz que você tenha acordado, nós sentimos sua falta.
- Há quanto tempo eu fiquei apagado? E por que eu estou no hospital? – Ambos se entreolharam, antes de voltar o olhar para Nate.
- Você não sabe por que está aqui? – Nate apenas balançou a cabeça enquanto seu pai olhava para a enfermeira – Você sofreu um acidente há pouco mais de um ano, teve uma lesão que foi preciso fazer uma cirurgia, houve algumas complicações na cirurgia e você ficou em coma por um ano.
- Um ano?
- É, todos os médicos já tinham perdido a esperança que você fosse acordar, mas você sabe como é sua mãe, ela sempre teve esperança que você fosse acordar.
- Como é que eu não me lembro de nada disso?
- Umas das sequelas seria a perda temporária de memória.
- Bem, eu não esqueci nada, acho que é uma coisa boa, certo?! Minha família está aqui, com exceção da mamãe.
- Nate, espero que pelo amor de Deus você não esteja fazendo nenhuma brincadeira de mau gosto! – Sofia disse, cerrando os punhos – Você acabou de acordar, mas eu te encho de porrada, mesmo que a Amelia não deixe.
- Quem é Amelia? – Nate perguntou, confuso. Sofia e Camilo se entreolharam e depois para a enfermeira que olhava para Nate.
- Ele disse que é solteiro e sem filha.
- Meu filho! – Constance Lancaster entrou no quarto do filho e o abraçou forte. Constance sempre foi apaixonada pelo seu filho, Sofia gostava de dizer que ele era um filhinho da mamãe, sua mãe era super protetora o que parecia mais uma maldição do que benção – Eu estava tão preocupada, eu pensei que você nunca ia acordar. – ele se afastou dele, de sentando na cama – Mas é claro que eu nunca perdi a esperança, o meu filho favorito nunca iria me abandonar. – ela passou a mão pelo rosto de Nate e Sofia rolou os olhos. – Como você está? Está tudo bem? Está sentindo alguma coisa?
- Está tudo bem. – Nate olhou para o seu pai e sua irmã – Por que vocês estão agindo como se eu tivesse esquecido alguma coisa? Tem alguma coisa que eu preciso saber?
- Não, querido, mas é claro que não. Tudo está no seu perfeito lugar. - Constance acariciou o rosto do filho.
- Então, o que aconteceu nesse tempo em que eu fiquei dormindo? Alguma novidade?
- Eu vou me casar. – Sofia disse, o que fez Nate arregalar os olhos.
- O que?

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Reminiscência
Storie d'amoreQuando Nate e Amelia se conheceram, as coisas não saíram do jeito que nenhum dos dois esperava. Ela nunca achou que se interessaria por um homem tão atrevido que não tinha papas nas línguas e não media esforço em ir atrás do que queria; e ele nunca...