O início

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Capitulo l

Manhã de Janeiro de 2017 toma uma xicara de café e meus pensamentos voam. Embora seja verão, a manhã está fresca, pois chove...
Enquanto fico só, entro em devaneios, e sinto um grande e dolorido aperto no peito
Tenho tantas coisas dentro de mim que chegam a me sufocar, nunca tive voz, muito menos a oportunidade de expor, botar para fora, alguém que pudesse me compreender
Em 1972, me sentia inocente ao brincar com meus irmãos, assim como toda criança, queimada, esconder...
Na época era uma brincadeira que as meninas não participavam, pois eram separadas as meninas dos meninos
Porém essa brincadeira exige um numero maior de pessoas, a bola era feita de meia, que uma vez molhada pesava o dobro, e por incrível que pareça, sempre acertava em mim, pois eu era a menor, tão forte a ponto de me derrubar, muito magra, um graveto... Sempre era a minha vez uma tarefa bem difícil... Quando já estava no limite um deles se penalizava, pois acabavam minhas forças as mãos tão pequenas
Não agüentava o peso da maldita bola de meia, todos riam ate chegar meu irmão José, que se deixava ser atingido para meu alivio
Com isso eu me sentia protegida, e a vida corria, eu na minha inocência, achava normal porem, nem de longe aquilo tudo era normal
Não ter o que comer, vestir ser um alguém, ao menos certidão de nascimento tinha, sem contar que ninguém ali tinha sua própria opinião formada
Éramos criados para obedecer e pronto.
Para nos referirmos aos mais velhos, baixávamos a cabeça em sinal de respeito
Mesmo porque não tínhamos liberdade de expressão
Muitas vezes nos sentíamos mal, com algum problema de saúde, e nos escondíamos no mato para não tomar nada colhido do mato com gostos horríveis
Sofríamos em segredo, muitas vezes a dor da fome, essa era minha referencia de família
Que aquilo era felicidade
Éramos dez irmãos, uma vida dura e sofrida
Vivíamos do que plantávamos que era uma verdadeira miséria
No meio do mato, em um rancho de sapê, ao norte de Minas Gerais. Quando não chovia, não tínhamos o que comer
Se chovia demasiadamente também matava a plantação
Um fato que ocorrera ainda muita menina me sentia instigada a brincar com os meninos, um dos irmãos mais velho, prendia um dos cães pelo pescoço, para que os outros puxassem seu rabo para velo raivoso
Foi aí q entrei toda saltitante, chamava o cão pelo nome Pintóre
  Foi muito grande á maldade de meu irmão, pois soltou a corda do animal que descontou toda sua ira apos algumas horas atormentado por eles
O cão pulou encima de mim, me tirando um grande pedaço da pouca carne que eu ainda tinha
Encheu a boca do lado esquerdo do quadril. Ainda apanhei por ter participado da brincadeira de moleques
Lembro-me que coloquei terra nos buracos dos destes do cachorro para parar o sangramento, enquanto os mesmos riam... Fui para a cama cedo sem jantar o sol ainda nem tinha se escondido
Eu era a queridinha da mamãe, do jeito dela, mas sabia que era assim como todos sabiam
Certo dia eles passaram de todos os limites. Quando meu pai e minha mãe tinham que montar á cavalo p irem a um armazém que ficavam bem distante, minha mãe com certeza buscava os panos belos para costurar, o velho fumo d corda, querosene...  Coisas toscas da época...
Meus irmãos se reuniam para por em prática seu melhor divertimento
Naquele tempo ainda tinha outras meninas, mas o negócio era comigo
Nesse dia um deles veio me com pássaro q tinham matado com estilingue, e me propunha eu com minha inocência fazê-lo reviver embaixo de uma cuia, me mandavam rezar para ele viver 
  Enquanto isso, eles se pintavam as escondidas com cores berrantes tais como carvão, urucum, chapéu d palha, borra de café, roupas vestidas ao contrário, botinas de traz para frente, cordas amarradas pelo corpo e outro puxando
   Faziam um cigarro de palha, bem dos grandes só com a palha, que por vezes ao sugar, saia labaredas de fogo
Escondiam-se e começavam á me chamar bem alto
Eu já começava a me temer toda, ia vagarosamente para me ajuntar com eles estava com medo
E do nada saiam um com um galho nas costas com voz rouca e forte 
Vim te buscar...
Eu corria para outro lado, mas era grudada por outros
E diziam sou o capeta q vou te levar para o tal de buracão q existia nos lugares mais horripilantes para mim
Eu só ouvia estória do mal desse tal buracão, eles com certeza faziam medo de verdade até a algum adultos que os vice á aparência de tais eram tão reais, que fazer xixi era pouco
Eu grudada na parede com o rosto colado com as mãos nos olhos q pareciam não ter fim Quando todos se reuniam em uma roda, eu fiquei presa
Cada um gritava uma palavra mais macabra que a outra, que me puxariam para jogar no tal buracão, eles sempre faziam isso, porém neste dia eles estavam bem dispostos a levar longe á brincadeira
Lembro-me que puxaram minha, mas do meu rosto e me abrirá os meus olhos
Esta tinha uma boca q saia fogo, não sei como acho q da palha que faziam cigarro colocara uma cabeça de boi na cabeça e os chifres pontiagudo só me lembro disso.
Por anos sonhei com abismos, porém nunca associei os fatos

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