Onde está a "criaturinha"?

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A realidade me preenche aos poucos, assim como meu sono que se vai no mesmo ritmo. Me sinto quebrado, até  porquê, estou no sofá, não é possível dormir em um lugar onde não se está acostumado, ainda mais o *meu sofá*.

Viro o corpo até estar de barriga para cima e abrir os olhos. Já amanheceu, a claridade invade a sala pequena. Me lembro o que aconteceu logo que entrei em casa, ontem, aquela sensação insuportável. Acho que nunca estive tão perto da morte como ontem e, ao contrário do jurei e prometi fazer caso passasse por algo daquele tipo, como pedir ajuda, eu simplesmente só consegui deitar e esperar o pior acontecer. Não é possível exercer poder sobre um corpo dominado pela dor. Entorpecido, como foi o meu caso.

Só não lembro de ter vindo parar no sofá, ao menos sei se sou sonâmbulo. As cenas do laboratório rebobinam em minha cabeça e um certo serzinho com orelhas me vem à memória.

Porra!

Me sentei no sofá tendo uma breve vertigem, mas sou derrubado com força e desarmado pelo cansaço. Nunca despertei tão rápido. Onde foi parar o meu jaleco?!

— Você está pior do que uma criança birrenta quando evita tomar os medicamentos para não adoecer. — O ser moreno brotou da cozinha com uma bandeja em mãos. Um pouco mais além, sou capaz de ver seu corpo sendo coberto apenas por uma boxer listrada e uma regata preta. O corpo do rapaz ocupa o outro assento do mesmo sofá que eu.

— O que faz aqui?

— Bom dia para você também, Hyungwon. E sim, estou muito bem, diferentemente de você, que fazem duas semanas que não vejo…. tão mal!

— Onde está meu jaleco? — Esperei que ele terminasse a ironia para que eu pudesse perguntar, minha voz beira a urgência, não posso dizer que não é.

— Será que dá pra você esquecer um pouco seu trabalho?! Caralho Hyungwon, duas semanas! Fazem duas malditas semanas que eu não ouço sua voz, eu não te vejo, não te beijo, não tenho nada de você! Nada! Nem sequer a sombra! Apenas uma foto que tirei contra sua vontade, no ano passado, e nela você ainda estava de cabelo curto. Cansa, sabia? Eu entendo que você tenha uma vida profissional e sempre respeitei ela, mas eu preciso que você seja mais presente pra mim, por favor! — Ele suspirou após o mini desabafo, olhando em meus olhos. Ele está sério, bravo, irritado, frustrado… e eu nem posso questionar ou tirar a razão dele.

Meu trabalho se tornou minha casa em menos tempo do que demorei para encontrar esse apartamento. Mas antes de falar sobre minha vida pessoal e amorosa, preciso saber onde está aquele serzinho.

— Hyunwoo… — Respirei fundo, preciso disso para manter a calma e ter um diálogo decente, caso contrário, serei um pouco mais rude que o normal. Estou na minha casa, recebendo ordens de outro homem, Son sabe o quanto isso me irrita. Além disso, não quero chatear ele ainda mais. — Eu prometo te dar toda a atenção que você quiser, mas preciso saber onde você colocou meu jaleco. Tenho quatro dias em casa, eu não vou a lugar nenhum.

— Acho bom mesmo. Seu jaleco está na máquina de lavar.

Meu coração pára, literalmente, me deixando anestesiado.

— O QUE?!

— Eu coloquei ele lá com outras roupas, pra você não sair feito louco pro laboratório, mas não coloquei pra lavar porque não achei o sabão em pó. O que houve?

Respirei fundo novamente mandando oxigênio pros meus pulmões, eles precisam disso depois dessa adrenalina repentina. Amém, sabão em pó. Você acaba de salvar uma vida.

— Ele só pode ser lavado com amaciante, precisa ficar de molho, se for na máquina, o tecido fica esgarço. — Dei uma explicação qualquer, não que ele se importe, só não posso me precipitar e contar a verdade.

Prohibited † HyungwonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora