Convites

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Leah Masen

Acordei na manhã seguinte e lembrei do sonho.
Será que os sonhos que eu venho tendo estão tentando me mostrar alguma coisa? E se estiver, o que? Eu não sabia.
Continuei perdida em meus pensamentos por alguns minutos, lembrando do rosto de Victor em meu sonho. Lindo e misterioso.
Por que ele fugiu quando fui em direção a ele? E por que ele chegava mais perto em casa sonho se quando fui até ele, foi embora?
Aquelas questões estavam martelando em minha mente. Voltei a realidade quando alguém bateu a porta.
- Bom dia, querida - mamãe disse, entrando devagar em meu quarto. - Está tudo bem? - ela me olhou preocupada, percebendo o quanto estava concentrada em meus pensamentos.
- Sim, estou bem. Só estava pensando em mais um dia de aula. - Sorri forçado para passar uma boa impressão.
Adele deu pequenos saltos de alegria e sorriu.
- Tudo bem. Segundo dia de aula! Está animada? - ela perguntou com esperança.
- Sim. - eu disse, lembrando que ia ver Victor. Caramba, eu estava querendo ver Victor! Minha ideia de querer vê-lo surpreendeu a mim mesma.
- Precisa tomar o café da manhã antes de ir. - ela disse.
- Sim, já estou descendo. - eu disse.
Ela virou e fechou a porta.
Olhei para meu guarda roupas e fui até ele. Vesti uma blusa cor rosa clara e a mesma calça preta do dia anterior e desci.
- Bom dia, pai. - eu disse, o saudando com um sorriso.
- Bom dia, Leah. - papai disse, sorrindo também.
Olhei para a mesa aonde estava um prato com Ovos e Bacon, junto com um copo de suco.
Devorei meu lanche, dei tchau aos meus pais, e saí, indo em direção a escola. Estava um dia nublado, diferente do dia anterior, mas ainda havia calor. As ruas estavam tranquilas, só alguns alunos passando por ali e alguns carros.
Avistei o colégio e logo que entrei, vi Victor com os irmãos dele. Logo Victor começou a me encarar. Mas havia algo diferente em seu olhar. Estava menos ameaçador e tinha uma cor diferente. Não estava mais de um preto super forte, mas sim, de um tom cor de mel tranquilo. Como se ontem ele estivesse com tanto ódio que aquilo fazia seus olhos escurecerem. Será que ele usava lente ou eu vi errado?
Continuei andando, nervosa com o olhar dele em mim. Mas o encarava de volta, prestando atenção em seus olhos.
Vi que Kristen - a morena de olhos verdes - olhou para ele e seguiu seu olhar, parando em mim. Então ela virou o olhar de volta para Victor e o encarou, mas ele não moveu nem um centímetro. Continuava me olhando.
Ouvi meu coração acelerando e senti minhas bochechas queimando. Estava corando naquele momento. Então, parei de o encarar para ele não ver que eu corava. Mas senti que ele continuava a me olhar.
Com o coração ainda descompassado, subi as escadas em direção a sala de aula, tentando respirar fundo para não continuar daquele jeito na sala. Também estava me preparando emocionalmente, pois sabia que veria Victor na sala, e talvez fosse difícil ficar perto dele, já que parecia que ele me odiava.
Fui andando a caminho da sala. Quando entrei, ele já estava lá. Como ele conseguia ser tão rápido pra chegar na sala? O vi a apenas 1 minuto lá embaixo.
Você não vai surtar. Você vai ficar calma e desacelerar seu coração antes que ele perceba algo. Pensei comigo mesma, tentando me convencer de que ficaria calma durante a manhã toda. Mas não foi o que aconteceu.
Segui em direção ao meu lugar. Ele me observava atento enquanto me sentava na cadeira.
Comecei a arrumar alguns materiais para a aula de matemática e fiquei distraída com isso por uns instantes.
- Oi. - ouvi alguém dizer atrás de mim. Olhei para o lado e o vi. Victor avia falado comigo? - Não nos falamos ontem mas, sou Victor Price. - ele disse, estendendo a mão para que eu a apertasse. Ele sorria. O sorriso dele era de tirar o fôlego.
- Hãn... É... - Gaguejei. Droga. Por que eu tinha que pagar aquele mico? Argh! - Sou Leah Masen. Prazer. - eu disse, sorrindo sem graça.
- Está gostando da escola? - ele perguntou.
- Bem... As pessoas são simpáticas. - Eu disse soltando um pequeno riso. - E você?
- Parece ter bons ensinamentos. - ele disse, sorrindo de lado.
A professora - Sra. Hale - entrou na sala e disse bom dia. Que dessa vez não me chame para a frente da turma. Pensei, cruzando os dedos.
A professora começou a aula e percebi que Victor continuava a me encarar.
......
Na hora que fui para o refeitório, vi Daniel se aproximar sorridente.
- Oi Leah! - ele disse. A voz cheia de expectativa.
- Ah, Oi Daniel. - disse, não prestando muito atenção.
- Eu tava pensando, se você não quero sair comigo, tomar um sorvete sei lá, para que a gente se conhecesse melhor... - ele disse. Parecia meio nervoso.
Estava tão concentrada pensando no fato de Victor finalmente falar comigo, que nem prestei atenção no que Daniel estava falando.
- Então? Você quer? - ele perguntou, me trazendo a realidade.
- Quero o que? - perguntei, não me lembrando da pergunta que ele tinha me feito segundos antes.
- Sair comigo? - ele perguntou, com um tom desanimado.
- Ah, não sei eu... Não gosto muito de sair. Mas talvez se chamasse o resto do grupo eu iria - eu disse, sorrindo para não o chatiar.
Ele me olhou triste.
- Ah, tudo bem então. Vou falar com os outros. - ele falou, bem triste. Virou as costas e saiu.
Continuei andando até o refeitório. Os Prices's estavam na mesma mesa do dia anterior. E Victor continuava me observando.
Peguei uma panqueca e um suco. Não estava com muita fome. Estava pensando na conversa que tive mais cedo com Victor e em como eu estava eufórica com aquela conversa.
O resto do pessoal se juntou a mim.
- E ai linda. - Disse Daniel, com um tremendo sorriso. Parecia que não estava magoado pelo "não" que eu lhe dei.
- Oi gente. - eu cumprimentei eles.
- Está sabendo da festa que vai ter daqui a dois meses? - Maycol perguntou.
- Vai ser a maior festa do ano! - Mia disse, complementando Maycol.
- Festa? Não estava sabendo. Que dia? - perguntei, tentando me lembrar se alguém havia me dito sobre a festa.
- Vai ser dia vinte de abril, sexta a noite. - disse Stence. É claro que ela estaria animada para a tal festa.
- E por que estão fazendo essa festa? Perguntei.
- Para que a gente se distraia um pouco de todo esses cansaços das aulas. Às vezes temos que descontrair, não é? - Daniel disse.
- Eu não sei. Não curto muito festas. - eu disse, deixando os outros desanimados com a minha falta de interesse.
- Ah, qual é Leah? Vai ser legal. - Daniel disse, insistindo para que eu fosse.
- Não sei, vou pensar. - Eu disse, tentando mudar de assunto.
O sinal tocou, e eu agradeci por não ter que continuar aquela conversa. Afinal, eu não ia mesmo naquela festa.
......
As aulas daquela manhã acabaram.
Enquanto eu caminhava a caminho de casa, senti que estava sendo observada e seguida. Não sabia se sentia medo ou se continuava calma, mas não olhei para trás. Após isso, comecei a ouvir passos atrás de mim, ficando cada vez mais altos e mais rápidos. Quem estava me seguindo? Fiquei tão assustada que não me virei para ver. Eu comecei a andar mais rápido, quase correndo.
- Leah, espere! - escutei alguém gritando, nessa hora eu virei. - Desculpe, não queria te assustar.
Era Victor. Que alívio. Meu coração começou a acelerar e minhas bochechas estavam queimando.
- Ah, você me assustou. Por que está me seguindo? - eu perguntei surpresa. Mas estava escondendo como estava feliz por ele estar comigo.
- Eu pensei que a gente podia ser amigo. Não gostaria de sair para algum lugar? - ele perguntou.
- Nossa... Ãn...Claro. Adoraria sair com você. - eu falei. Percebi que estava sorrindo. Droga. Por que não consigo esconder sentimentos?
- Legal! - ele falou, a expressão dele foi como se estivesse ganhando o dia. - Podemos sair para uma sorveteria, ou uma lanchonete.
- Seria ótimo sim. Quando? - perguntei, animada.
- Bem, talvez final de semana. Sexta depois da aula? - ele perguntou, ainda sorrindo.
- Pode ser! - eu disse. Eu não conseguia esconder a minha animação, afinal, Victor Price estava me chamando para sair!
- Você quer que eu te acompanhe até em casa? - Ele perguntou.
- Se não for encomodar. Eu adoraria ter companhia! - Eu disse, gostando da ideia.
- Não vai ser encomodo nenhum, será uma honra. - Victor disse, com os olhos brilhando. Lembrei de tê-lo visto com os olhos de cor diferentes no dia anterior.
Voltamos a caminhar em direção a minha casa.
- É impressão minha, ou seus olhos estão mais claro que ontem? - eu perguntei com curiosidade. Quando perguntei, percebi que ele ficou meio rígido e gaguejou um pouco para responder.
- É... Bom, deve ser impressão sua. - ele disse, dando de ombros.
Eu olhei para ele, parecia que ele estava escondendo alguma coisa de mim. Mas não importava, pelo menos, não agora.
Continuamos andando em silêncio, mas mesmo sem falar nada, eu estava feliz por Victor estar aqui comigo.
Olhei para ele. O rosto pálido, como sempre, porém era lindo. Seus lábios rosados contraídos, os olhos brilhando com a luz do dia, que estava nublado, mais com o brilho que ele transmitia, parecia que o sol estava brilhando. Eu estava encantada.
Quando chegamos em casa, nós paramos um de frente para o outro.
- Você quer entrar? Talvez possamos fazer o dever de matemática juntos, se quiser. - eu disse, na esperança de que ele continuasse comigo.
Ele olhou ao longe, antes de responder, como se estivesse decidindo se devia ficar ou não.
- Seus pais não vão se incomodar? - ele perguntou, ainda olhando para longe.
- Eu falo para eles o que você veio fazer aqui. Mais provavelmente não vai ser problema, eles gostam quando conhecem meus amigos. - eu disse, dando uma curta risada. Ele riu comigo.
- Tudo bem então, tenho um tempinho. - ele disse olhando para mim com um leve sorriso sem mostrar os dentes.
Nós entramos.
Só mamãe estava em casa, preparando almoço. Imagino que papai já tinha ido para o trabalho.
- Olá, querida. - Adele veio me cumprimentar com um abraço. Ela encarou Victor, sorrindo. Claro que a beleza anormal dele encantava a todos, inclusive a mim. - Quem é o seu amigo?
- Mãe, esse é Victor Price, filho do Dr. Price. - eu disse, enquanto via Victor apertando a mão de Adele.
Ela ficou meio perdida enquanto olhava ele. Eu a entendia completamente.
- Prazer em conhecê-la, Adele. - Victor disse. Como ele sabia o nome de mamãe? Não lembro de tê-la mencionado. Então me lembrei que meu pai era o gerente do banco e que todos sabiam sobre a família dele.
- O prazer é todo meu, Victor. - minha mãe disse, desviando o olhar para mim. Ela sorria. Parecia gostar da ideia de que eu fosse amiga de Victor.
- Pode ir lá para a sala. Sente no sofá. Vou pegar algo para nós comermos. - Eu disse, mostrando o caminho para sala.
Antes de que ele fosse em direção a sala de estar, ele olhou para mim e piscou. Congelei. Meu coração palpitando a milhões de velocidade e eu nem sei se isso existe.
Foi até a cozinha. Mamãe estava lá olhando diretamente para mim.
- Leah, que rapaz bonito! - minha mãe disse, roçando seu ombro no meu. - Ele é seu namorado?
- O que? Não mãe, não. - eu disse, envergonhada. - Só nos conhecemos a dois dias! Ele é só um amigo.
- Mais você gosta dele? - Hesitei - Vamos, pode me falar. Sou sua mãe, Leah. Pode confiar em mim.
- Bem... Eu não sei. Sinto algo diferente por ele. Algo que me atrai para ele, eu nunca senti isso antes. Não sei se é paixão, mas eu sinto. - Eu disse, ficando com as bochechas quentes de vergonha.
- Tudo no seu tempo, querida. Se for, vai ser. Não se apresse. - Mamãe disse. conselhos de mãe. Amava isso. - Mais ele é muito bonito! Nunca vi igual. - ela riu, eu ri junto.
- Também acho isso. Fico sem acreditar no que estou vendo quando olho para ele. - eu disse, rindo mais ainda.
- Bem, vá lá, antes que ele ache que foi abandonado. - Adele disse.
Peguei bolo de chocolate que, por acaso, Adele tinha feito hoje cedo e caminhei para sala.
Quando o vi sentado no sofá, fiquei nervosa. Meu coração acelerou.
- Oi. - ele disse, abrindo aquele sorriso que me hipnotizava.
- Oi. - eu disse, não conseguindo conter o sorriso. - Trouxe bolo, você quer?
- Não, obrigado. Não estou com fome. - ele disse educadamente.
- Oh, tudo bem. - eu disse, com um pequeno sorriso.
Fizemos alguns deveres. Victor era extremamente inteligente, como se estudasse cada matéria já há muito tempo.
Por muitas vezes nesta tarde me perdi nos olhos dele, sinceramente não dava para evitar.
Minha caneta caiu no chão e quando abaixei para pegá-la, ele foi junto e nossas mãos se encostaram. A mão dele era muito, muito fria, porém prestei atenção só na acelerada que meu coração deu quando nossas mãos se encostaram.
Me arrepiei.
- Está com frio? - ele perguntou. Parecia preocupado.
- Não. Está tudo bem. - eu disse, sorrindo.
- Está bem. - ele sorriu de volta.
Ficamos algumas horas ali, fazendo o dever.
- Tenho que ir. Foi muito bom passar a tarde com você. - ele piscou de novo.
- Ãn...Bem.. também gostei. - eu disse, com vergonha.
- Nos vemos amanhã. - ele disse, indo para fora.
- Claro, claro! Até amanhã. - Eu disse, triste por ele ir embora.
Observei ele indo. Era perfeito até quando andava.
Naquele momento eu sabia. Eu estava apaixonada por Victor Price.
......

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