Cap. 2 - Jovens suspeitos

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Argh!
Aquele dia eu acordei muito sem vontade. 19 de fevereiro. Mais de um mês havia se passado desde que nos mudamos para Curitiba e, pra falar a verdade, eu estava mesmo gostando daqui, estava me acostumando com o clima e gostava de ir caminhar nos diversos parques com meu pai e minha mãe mas, meu pai começou a trabalhar como gerente em um banco e os passeios diminuíram. Mamãe e eu ficávamos em casa e, vez ou outra, íamos comer fora e fazer uma caminhada pela floresta cheia de árvores que ficava num lugar afastado da cidade, longe de barulhos e pessoas. Era um lugar muito tranquilo. Eu tinha aquele mesmo sonho constantemente, com o mesmo garoto, mesmo sussurro, mais ainda assim, não conseguia reconhece-lo mas ele ficava cada vez mais perto...
Eu não queria levantar, mais era o primeiro dia de aula e eu precisava. Estava meio nervosa com a nova escola, ia estudar no Colégio Estadual do Paraná. Dizem que é o mais "chique" daqui, mais tanto faz.
Finalmente me fiz levantar. Estava sol, e isso me animou um pouco. Me levantei e vesti uma calça preta confortável e uma camiseta vermelha - Sim, eu amo o vermelho - e desci para a cozinha, onde meus pais estavam preparando o café da manhã - Panquecas -
- Bom dia pai, mãe. - eu disse, beijando cada um na bochecha.
- Bom dia, Leah! - Disse Adele, sorrindo. - Hoje é um grande dia, querida. Como se sente?
- Bem, considerando o sol que está lá fora, acho que estou um pouco animada para conhecer pessoas novas. - Eu respondi, tentando esconder o nervosismo em mim.
- Você vai gostar - Disse papai, pondo a mão em meu ombro. - E vai conhecer muitas pessoas boas, tenho certeza.
- Eu espero que sim! - Eu disse, sorrindo de lado.
Terminei meu café da manhã e fui ao meu quarto pegar minha mochila. Ela era preta com corações vermelhos; dentro dela tinham dois cadernos, cada um com dez matérias, um estojo com alguns lápis de cor - por mais que no ensino médio não se usa tanto essas coisas mais - Peguei um casaco, caso ficasse frio, e desci.
- Vou indo pra aula mãe, pai. - eu disse a eles - tenham um bom dia. - eu os abracei e sai.
- Tchau, querida - papai disse enquanto eu saia. - Boa sorte. - Virei e acenei.
.....
As ruas estavam tranquilas, não havia identificado qualquer outro aluno. Continuei caminhando, e meus pensamentos estavam a mil.
Como que as pessoas iam lidar comigo? Como vou fazer amizades? Será que eu vou fazer? E os professores?
Essas coisas ficavam remoendo em minha mente.
Quando cheguei mais próximo ao colégio, comecei a soar frio. Estava ainda mais nervosa.
Avistei alunos no pátio do enorme colégio. Vi logo uma porta, a qual deduzi que fosse a entrada do prédio. O colégio era pintado de uma amarelo meio escuro.
Quando entrei, vi uma porta com um aviso em cima que dizia "Secretaria", entrei, e falei com a moça de cabelos escuros que foi super simpática comigo. Olhei em sua plaquinha e li "Sra. Marie".
- Bem vinda, querida! - disse Sra. Marie, sorrindo pra mim. - Você deve ser Leah Masen, filha do gerente do banco Harry Masen, certo?
- Sim. Como sabe? - perguntei a ela, em choque por ela saber tanto.
- Bem, o gerente é muito conhecido na cidade toda. Sabemos quase tudo sobre a família dele. Principalmente seus nomes! - Sra. Marie disse, dando risada. Eu ri para acompanhá-la
- Bem, eu preciso de informações para as salas de aula, estou meio perdida. - eu disse, sorrindo.
- Claro. Aqui está. - ela disse, me entregando um mapa e o horário de todas as minhas aulas, com nomes de professores de todas as matérias. Vi que a primeira era educação física, odiava educação física. Argh! Eu não era boa jogadora. De jeito nenhum! Mas, eu fazia um esforço.
- Esperamos que você goste daqui, Leah. Tenha uma boa aula - ela disse, abrindo um sorriso simpático.
- Obrigada. - sorri de volta, escondendo o quanto eu estava nervosa.
Comecei a andar no corredor procurando minha sala. Número 103, 2° andar.
Enquanto andava, vi um garoto acompanhado de mais seis pessoas, três garotos e três garotas, pareciam formar três casais, mais o que me olhava não parecia ser par de ninguém ali. Olhei nos olhos dele, escuros, vazios, que me fitavam, um frio percorreu pela minha espinha. Fiquei me perguntando o motivo daquele olhar mortal. Apesar do olhar ameaçador, não senti medo. Na verdade, me senti atraída por ele, não sabia a razão, mas queria desesperadamente falar com ele, o que me impedia era meu jeito tímido e, principalmente, aquele olhar dele.
Reparei na aparência no grupo de sete jovens, todos pálidos, de muito boa aparência, eles eram todos bonitos. Usavam roupa preta. Todos estavam conversando, exceto o garoto, que continuava me olhando.
Parecia que havia se passado horas que ficamos ali nos encarando, mais tinha se passado apenas segundos. Me virei, e comecei a subir as escadas rumo a minha sala. Cada escada tinha sete degraus, reparando nisso, lembrei do grupo de sete jovens com o garoto que me fitava. Mas por que só ele que me fitava? Os outros nem repararam em mim direito. E por que ele me olhava como se me odiasse? Nós nem nos conhecemos. Pensei comigo mesma, não prestando atenção que já estava passando da sala. Quando voltei dos meus pensamentos, vi que a minha sala estava bem ao meu lado.
Entrei e parei quando o vi, me olhando novamente, do mesmo jeito de antes. Eu tinha muito azar por ele estar na mesma sala que eu, mais de certa forma, eu gostava daquilo.
A sala era dívida em 6 fileiras, e a única carteira vazia era uma na segunda fila, bem ao lado da fila que ele estava, e por coincidência, ao lado da carteira dele. Eu estava perdida.
O professor entrou e me viu. Pelo jeito eu era a única novata ali, mesmo sendo o primeiro dia de aula, o professor provavelmente já conhecia o resto da turma e só eu era a novata, então, apontando para mim e para o garoto ao lado, começou a falar.
- Vocês devem ser os novo alunos da sala. Victor Price e Leah Masen, não é? Venham até a frente da turma e se apresentem.
Essa não. Tudo menos ir na frente da turma. Pensei comigo mesma, tremendo mais nervosa ainda, mais o tal Victor ainda me fitava e não parecia nada nervoso.
Nos levantamos e fomos a frente da turma.
- Bem, eu sou Leah Masen, tenho 17 anos e vim da cidade de São Paulo. - Eu disse, com a voz tremida.
- Eu sou Victor Price, tenho 17 anos e sou daqui mesmo, só mudei de colégio. - Victor disse, uma voz meio serena.
Nos sentamos, e a aula continuou.
- Vamos jogar futsal hoje, galera! - disse o professor. O Sr. Roland parecia animado com a idéia. Já eu, não gostei muito, nunca servi pra esportes. Argh!
E Victor continuava me olhando enquanto íamos para a quadra.
A quadra era realmente imensa, com divisão perfeita para futebol e basquete. É claro que não me dei bem no jogo, mas eu tentei fazer alguns pontos.
Estava saindo do jogo, quando dois casais jovens chegaram perto de mim, sorrindo. Eles não pareciam ser realmente casais, pareciam?
- Oi, eu sou a Stence Grand, e esses são Mia Still, Maycol Dawn e Daniel Cler. - Stence disse, apontando para os outros três. Eles estavam sorrindo, pareciam simpáticos. O tal do Daniel não parava de me olhar, o que será que estaria pensando?
- Oi! Eu sou a Leah Masen. Prazer em conhecer vocês. - eu disse, sorrindo.
- Nós sabemos! Filha do gerente Masen. - Mia disse, dando risada.
- É, bom, parece que todo mundo aqui sabe quem eu sou. - eu disse, levantando os ombros e sorrindo.
Eles eram de aparência bonita, principalmente o Daniel. Ele tinha olhos azuis e um cabelo de um amarelo escuro. Stence era a que combinava com ele, loira de olhos verdes. Já os outros dois eram morenos e também combinavam, mais pareciam ser só colegas de turma.
Nós fomos para a sala Juntos, conversando, o sinal tocou e fomos para nossos lugares.
Olhei Victor, que continuava a me olhar. O que ele tinha? Ele continuava com o mesmo olhar frio e escuro.
As aulas acabaram e fomos para o refeitório, eu e os outros quatro continuamos juntos.
Victor está numa mesa, junto com os outros seis.
- Quem são aqueles que estão com o Victor? - perguntei.
- Ah! Eles são novos aqui também. - Disse Stence. - mais já há rumores de que eles são filhos adotivos do Sr e Sra Price. A morena com olhos castanhos é a Sophia, o cara com ela é o Derick. A loira de olhos azuis é a Jeice, ela está com o Mitchell, ele também é loiro dos olhos azuis. A morena de olhos verdes é a Kristen, o cara com ela é o Robert. Eles são estranhos, nunca se largam e só se falam entre si.
- Super fora do normal. Principalmente o Victor - Victor olhou Mia quando ela falou isso, como se tivesse escutado seu nome, mais ele estava bem longe para escutar.
- Ele agiu estranho comigo desde que o vi. Ele tem me olhando o tempo todo, acho que ele me odeia. - eu disse, desanimada com a idéia. Mas por que? Por que ele me odiaria?
- É, parece que o Price não para de te olhar. - Victor sorriu, só que um sorriso sombrio.
......
A manhã de estudo finalmente acabou e fui para casa. Não vi mais o Victor naquele dia.
Ainda estava me perguntando qual era o motivo daquele olhar mortal. Mas eu sentia algo por ele; algo diferente, que eu jamais sentira por ninguém. Será que eu, Leah Masen, estava apaixonada por Victor Price? Impossível.
......
Quando cheguei em casa, comprimentei meus pais e fui para o quarto. Fiquei na sacada um pouco e depois Adele veio me chamar para o almoço.
A comida estava boa, eu realmente estava com fome.
- O que foi, querida? Parece meio triste - Perguntou mamãe, com um ar de preocupação. - Algo que aconteceu na escola?
- Não, está tudo bem mãe, só estava pensando. - eu disse, tentando acalmá-la.
- E como foi a escola? - Harry perguntou
- Foi ótimo, conheci alguns novos amigos. - eu respondi, animada.
- Isso é bom, fico feliz. - meu pai disse, sorrindo.
Depois que terminamos o almoço, papai foi para o trabalho e mamãe foi para o jardim, e eu fui para meu quarto.
Aquele olhar não saia da minha cabeça. Ele realmente era estranho, como a Mia e Stence disseram, mas eu ainda assim sentia uma enorme atração por ele. Mas por quê? Eu não sabia.
.....
Fiquei o resto da tarde no quarto, fazendo dever de casa.
Papai chegou e veio me cumprimentar.
- Olá querida, você está bem? - ele me perguntou.
- Oi pai, sim estou bem. Estava fazendo o dever de casa. - eu respondi.
- Entendi, qualquer coisa me avise. - ele disse.
- Sim pai, obrigada.
Mamãe chamou para jantar. Comi meio sem vontade, estava cansada.
- Mãe, o jantar está bom, mais não estou com muita vontade de comer. Acho que preciso descansar. - Eu disse.
- Sim querida. Pode ir. - ela me disse.
- Boa noite mãe, pai.
- Boa noite, Leah.
Estava cansada. Deitei na minha cama e logo adormeci.
.....
Me vi no lugar do sonho. O garoto estava lá, mais perto, mais agora tinha algo diferente. Eu conseguia ver o seu rosto e fiquei surpresa ao ver quem era.
Victor.
Victor era o garoto. Mas como ele aparecia nas outras vezes que eu sonhei se eu nunca o vira antes?
Então, quando reconheci Victor, eu fui em direção a ele, como se eu fosse forçada a ir, mas então ele sumiu antes que eu pudesse o alcançar "Vampiro".
Eu acordei. Fiquei atormentada com isso, perdida. Como eu sonharia com ele antes se eu só conheci ele agora? Era estranho. E por que a palavra "Vampiro" no meu sonho? Será que queria dizer que Victor era um vampiro? Ah, qual é? O que estava acontecendo comigo? Vampiros não existem!
Mas tinha uma coisa. Eu gostava da ideia de sonhar com Victor....
.....

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