Dos céus caía gotas de água, o tempo escuro, nublado, me lembrava o anoitecer de quando meu pai se foi. Cá estamos todos nós. Alguns parentes de Bea choravam por todos os cantos. Quem mais me deixava comovida era ela, Beatrice Tucker. Nunca tinha a visto daquele jeito. Choramingando nos braços de alguém, de sua mãe.
O enterro foi assim, doloroso até pra mim que nunca tinha o conhecido.
Após o enterro, a mãe de Bea nos levou pra casa. Lá estava vazio, ela é filha única, então só ficou nós quatro. O dia continuava nublado. Percebo que na hora do almoço a comida de Beatrice e sua mãe, a dona Mirela, permanece em seus pratos. Assim que elas se retiram da mesa, me ofereço para arrumar a cozinha, peço para as duas descansarem.
Eu e o Matt cuidamos de tudo. Arrumamos toda a casa, que estava uma zona por conta das visitas mais cedo.
Assim que terminamos, chamei Bea, fizemos uma maratona de filmes. Tentamos deixá-la animada de todas as formas, por mais difícil que tenha sido, conseguimos tirar pelo menos uns dois sorrisinhos dela. Quase não prestamos atenção nos filmes, pois sempre tentávamos falar sobre algo aleatório. Contei do Fleury, o que deixou ela interessada. Por mais que não tenha sido um momento totalmente feliz, me deixou bem saber que num dia como aquele, eu e Matt, conseguimos tirar risos dela.
***
— Tenho que voltar para Washington — digo cabisbaixa.
— Eu entendo. Só de vocês terem vindo até aqui, me deixa bem. É algo que nunca vou esquecer — disse Bea me abraçando e em seguida abraça Matt.
— Irei te ligar sempre. Logo estarei de volta. Vou entender se não for ao evento, só me prometa que não vai deixar essa tristeza tomar conta de você — eu disse entregando a ela um colar que comprei na loja da Ellen.
— Prometo que um dia metade dessa dor vai passar, pode ser que demore, mas eu me acostumo. Você é a melhor amiga do mundo. Obrigada, vou usar esse colar sempre — ela o pega e abre um sorriso de orelha a orelha.
— Te amo — digo a abraçando.
Desolada, pego as minhas coisas e entro no carro da dona Mirela. Me sento do lado direito da janela, na outra sentou Matt. Bea ficou no banco da frente. Dói ter que deixar minha melhor amiga sozinha. Ela tem que voltar pra universidade e imagino como é ruim ter que deixar a própria mãe que está em luto. Essa foi a primeira vez que a vi, nunca imaginei que conheceria a mãe dela dessa forma.
Elas nos deixam no aeroporto e fiquei olhando para o carro que se distanciava aos poucos. Fito os olhos até não conseguir vê-lo mais.
Seguindo para dentro do aeroporto, lembro que não retornei ao número desconhecido que havia me ligado na noite passada. Como tenho que pegar o jatinho, coloquei um lembrete em meu celular para que eu não esquecesse de retornar.
— Boa noite, gostaria de ir para a pista de decolagem — disse Matt mostrando o crachá que liberava a companhia aérea dos Hess.
— Boa noite, pode me passar o crachá para eu verificar a licença? — pediu a agente.
Matt entregou o crachá e ela passou no leitor de código. Em alguns instantes, a mesma o devolveu junto de um comprovante.
— Sinto muito, mas não há nenhum jato pousado aqui em Sacramento no nome do Enrico Hess — disse a agente desordenada.
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Mapeando Teu Corpo (REVISÃO)
Romance(CONTEÚDO ADULTO) Hannah Guzman é uma jovem com grandes sonhos, que tenta alcançá-los com a ajuda de Beatrice, sua melhor amiga e Matt, seu assessor e confidente. Em meio sua jornada conhece Fleury Hess, que tenta conquista-la de todas as formas, ma...