QUATRO

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A sala estava uma bagunça, bolinhas de papel voavam de um lado ao outro, gritos ecoavam entre o falatório ensurdecedor e risadas escandolosas. Bastou apenas uma frase para acabar com essa zorra: “o Coronel está vindo aí!” disse Hammer. Dei graças a Deus. Coronel era como apelidaram Jeffrey Dean, o inspetor mais rígido e sério da escola. Ninguém se metia com ele, ninguém ousava tentar bancar o espertinho e nem tratá-lo com falta de respeito. Eu gostava do cara, mesmo já tendo sido levado pra diretoria diversas vezes por ele. Eu estava fazendo merda, é o trabalho dele me punir, o quê posso fazer?

Alunos se jogam em suas cadeiras e abrem os cadernos fazendo pose de estudiosos. Jake guarda sua munição de bolinhas dentro da mochila, Betty ajeita o cabelo e desamassa a saia como se estivesse sentada ali o tempo todo. Na posição em que eu estava fiquei; sentado com a bunda quase pra fora da cadeira e as costas encostadas na madeira com as pernas esticadas debaixo da mesa.

Jeffrey entra na sala e nos analisa com uma olhada severa. Murmúrios soam mas logo são cortados pela voz grave do Coronel.

— Silêncio! — ele limpa garganta. — Tenho um aviso importante da diretoria para vocês.

— As aulas vão ser suspensas?! — um aluno pergunta animado com a idéia.

— Acho que você não sabe o significado de silêncio, Smith. Só eu falo. Deixem as perguntas para depois.

O garoto Smith agora estava vermelho feito tomate, e alguns riram pela bronca que ele levou.

— Prosseguindo — Coronel limpa a garganta de novo. — A direção organizou uma pequena viagem para vocês, turmas dos terceiros anos. Vocês irão passar o final de semana acampando no Peace River RV, que fica a três horas e meia de distância de Jacksonville. Vão ser dois dias cheios de atividades, brincadeiras e diversão.

O burburinho começa a soar pela sala, alguns animados com a ideia, outros nem tanto.

— Se você chama isso de diversão… — uma garota sentada ao meu lado murmura baixo.

— Perguntas? — Coronel diz.

— Acampamento? Ano passado os segundos anos foram para Disneyland e nós vamos pro meio do mato?! — Betty reclama.

— Agradeço seu entusiasmo, senhorita?…

— White.

— Se você não está contente, senhorita White, pode ficar na cidade, não há problema algum. E se quer tanto ir pra Orlando, peça aos seus pais para te levar, fica apenas a duas horas daqui.

Risadinhas surgem ao redor e Betty White abaixa a cabeça furiosa.

— A que horas vamos partir? — alguém pergunta.

— Todas as informações vão estar no bilhete junto com a permissão que entregaremos a vocês para que levem para suas casas e seus pais assinem. Vão ser entregues na saída da última aula. Obrigado pela atenção.

Ignorando as perguntas que faziam e os pedidos para que ele esperasse, Coronel vai embora. Me viro para Jacob que agora acordava de seu sono de quase duas horas seguidas, não sei como ele conseguia.

— Cara… o que aconteceu? — ele pergunta coçando os olhos.

{...}

O som de sino se espalhou pelos corredores da escola Jacksonville um grande prédio de tijolos. Intervalo, minha hora favorita enquanto estava na escola. Era quando idiotas saiam do espaço apertado que era a sala de aula para se espalharem com outros idiotas pela escola. Eu era o idiota que sempre estava sentado em uma mesa próxima a janela do refeitório. Ao redor da mesa havia Jacob e alguns dos nossos amigos. Observo através do vidro o gramado, e vejo que não muito longe sentada debaixo da sombra de uma árvore estava Anastasia. Ela sempre almoçava ao ar livre.

ANASTASIA 🌻 Finn Wolfhard/Sadie SinkOnde histórias criam vida. Descubra agora