NOVE

422 43 45
                                    

Não é estranho como nos apaixonamos intensamente por alguém em questão de um minuto? Como uma batida, uma colisão. Intensa, forte, rápida. E dolorosa. Faz com que você sinta um milhão de coisas, melancólico, vulnerável, ansioso. Você se sente sufocado quando seu coração de tão disparado que está te deixa sem ar.

Olhando pra ela agora eu sinto tudo isso. Quando olhei pra ela sentada na sua cadeira na sala de aula semana passada eu senti o mesmo. Enquanto ela lia para as crianças da biblioteca eu também senti o mesmo. E sinto toda vez que a olho. Ainda não sei como lidar com tudo isso; é algo que nunca senti antes.

Anastasia realmente gostou do vinho. A conversa fluiu e múltiplas vezes a taça foi ficando cheia até a boca. Envolvidos nas palavras um do outro não percebemos o que estava acontecendo a nossa volta, era como se fosse só eu e ela. E quando dei por conta, o líquido restante na garrafa não encheria mais meio-copo. Não achei que fosse acabar com a garrafa de vinho caro do Sr.Adam. Na verdade, não achei que Anastasia fosse. Mas não era isso que me preocupava. Aumentaram o volume das caixas de som e a música para quem estava dentro da casa se tornou um ruído insuportável. Através da porta de vidro da cozinha vi que todos estavam correndo para os fundos.. Plash! O primeiro pulou na piscina. E assim seguiu uma série de gritinhos e sons que os corpos faziam ao se chocar contra a água. Garotos puxavam as meninas pela cintura e as jogavam dentro da piscina. Os caras do time de futebol se juntavam e iam atrás dos outros pegando-os pelos pés e mãos, balançando, e então, jogavam-os na água como se fossem um saco de batata. Anastasia se inclina olhando para fora com curiosidade.

— Você quer ir até lá? — pergunto.

— Não — ela responde depois de balançar a cabeça. — Não agora. Preciso ir ao banheiro. Você sabe onde fica?

— Posso te mostrar o caminho.

Vejo Anastasia deslizar pelo balcão e alcançar seus pés no chão. Fiquei atento esperando que ela fosse cair ou cambalear por causa do álcool. Mas ela pulou no chão com pernas tão firmes quanto um alicerce. Foi quando passamos pela porta da cozinha, ela a dois passos atrás de mim, que minha mão involuntariamente foi para trás procurando pela dela. Meu ato esperava que ela a segurasse, mas só me dei conta do que estava fazendo quando senti seus dedos roçando a palma da minha mão e segurando-a pela costas. Viro a cabeça não totalmente para o lado, com o canto dos olhos a vejo, engoli em seco e continuei o caminho. Minha mão estava úmida de suor, a sua não estava diferente. Toque, somente um toque fazia meu corpo reagir. Subimos as escadas em silêncio, eu não queria que nos vissem indo pro segundo andar de mãos dadas, porque em festas uma cena como essa só pode significar uma coisa.  E eu não quero que pensem isso de Anastasia.

— Te espero aqui — foi o que eu disse quando paramos em frente ao banheiro.

— Tudo bem.

Assim que a porta foi fechada chutei a parede atrás de mim e me curvei levantando no mesmo segundo tentando não soltar um palavrão. Passo meus dedos entre meu cabelo me xingando mentalmente por ser um idiota. Encosto a cabeça na parede encarando o teto sob mim. Aperto meus dedos com a mão fechada e respiro fundo. Não estraga tudo Kurt. A porta do banheiro se abre e Anastasia aparece. Mas parecia diferente agora. Suas pupilas estavam dilatadas como nunca vi antes e suas bochechas ruborizadas pareciam pegar fogo.

— Tudo bem? — chego mais perto.

— Sou só eu ou está muito quente aqui dentro? — gotículas de suor repousavam sobre a ponta de seu nariz.

— Um pouco… deve ser o álcool agindo em você.  

— Adrenalina também é um efeito do álcool?

ANASTASIA 🌻 Finn Wolfhard/Sadie SinkOnde histórias criam vida. Descubra agora