No Caminho para o hospital recebi uma mensagem do João dizendo que ele queria me ver hoje, mas saio tarde do hospital e especialmente hoje não sou boa companhia para ninguém, meu coração está ferido, a única família que eu tenho virou as costas para mim, minha mãe com sua atitude deixou mais uma vez bem claro que não se importa comigo, ela teve a capacidade de dizer que eu não poderia levar nada de dentro de casa, mesmo se o apartamento que eu vou morar não fosse mobiliado eu não levaria. Minha vontade nesse momento é de gritar a todo pulmão e colocar para fora tudo o que está ferindo o meu peito, sonhei tanto em um dia me formar, melhorar de vida para dar uma condição melhor a minha família e hoje me vejo assim, sozinha, sem o amor daquelas que são o meu sangue.
Quando entro no hospital vou direto para a cantina preciso tomar um café pois saí de casa sem almoçar, ainda está cedo para meu expediente que começa uma hora, mas eu não suportaria ficar mais nenhum minuto na presença delas. Deitei minha cabeça sobre a mesa para esconder as lágrimas que teimam em cair, um filme da minha vida passa pela minha cabeça e eu percebo que nunca fui feliz, a minha vida sempre foi difícil com a de milhares de brasileiros que tem que matar um leão a cada dia para sobreviver, mas muitos desses homens e mulheres encontram carinho e amor em seu lar que os dão força para seguir a diante, eu nunca tive apoio e ainda passei por situações que não desejo a ninguém, foram tantas humilhações, tanto dentro quanto fora de casa que eu fui criando uma barreira, uma casca para me proteger.
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Tinha acabado de sair de uma cirurgia complicada, foram quatro horas tentando salvar a vida de uma paciente que sofreu dois enfarto. Quando cheguei na cantina que fui para tomar um café vi Anne com a cabeça apoiada sobre a mesa, não dava para ver seu rosto pois seus braços e seu cabelo escondiam.
— Doutora Martins, ela me olhou assustada e seus olhos estavam vermelhos
— Bom dia doutor, a única coisa que passou em meu pensamento foi coloca-la em meus braços para arrancar essa dor que eu via através dos olhos dela, puxei uma cadeira e sentei ao seu lado fiz um esforço enorme para não passar minhas mãos em seus cabelos
— O que houve Anne porque você está assim? ela me olhou e lágrimas começou a se formar outra vez em seus olhos, porra como é difícil não poder abraça-la — hei, shhhh fique calma eu vou na minha sala e já volto espera um pouco.
Levantei e saí o mais rápido que eu pude estava praticamente correndo, fui até minha sala peguei minha carteira e minhas chaves, passei na sala do Adam e o disse que precisava sair e não sabia se eu iria demorar e disse que a Anne não viria ao trabalho hoje e que depois o explicava. Voltei na cantina e chamei a Anne para que me acompanhasse ela me seguiu sem dizer nada parecia que estava dopada, mas que porra que está acontecendo?
— Anne vou leva-la para o meu apartamento para que possamos conversar com privacidade, ela assentiu com a cabeça.
Chegamos bem rápido no meu condomínio que fica próximo ao hospital, na garagem abri a porta do carro para que ela saísse e tomei a liberdade de abraça-la, a ter em meus braços e sentir seu cheiro foi uma sensação muito boa, eu desejo tanto essa mulher que porra está sendo foda me controlar. Quando entramos na minha cobertura eu a coloquei sentada no sofá e fui até a cozinha pegar um copo de água para ela, a entreguei e sentei ao seu lado.
— Fala para mim sckón o que está acontecendo? Peguei o copo que estava vazio e o coloquei sobre a mesa de centro, a puxei para mim deitando sua cabeça em meu peito e acariciei seus cabelos que estavam soltos, Anne esticou as pernas no sofá e eu virei meu corpo ficando ao seu lado com as pernas também esticada para que ela ficasse mais confortável, se eu soubesse que a teria aqui comigo teria passado a noite em claro com a expectativa de a ter em meus braços
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Série Hensel - Um Alemão em minha vida - Disponível na Amazon
RomanceA vida da personagem Anne, se confunde com a minha própria vida, apesar de ser tratar de ficção, em muitas linhas dessa história foram relatados fatos reais que infelizmente aconteceram comigo. A violência doméstica, violência sexual, falta de amor...