Capítulo 3

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Laura chegou em casa, exausta. Além de não ter se quer almoçado, passou boa parte da tarde se esquivando de Carolina e suas caras interrogativas.

Ela definidamente merecia um banho, comida e um belo descanso... mas ao invés disso estava aqui brigando com seu gato. Era rodeada de gente maluca, até seu gado era doido.

-Absolutamente não, seu saco de pulgas gordo! - Laura olhou frustrada para Floquinho, seu gato folgado. O animal abaixou as orelhas e rosnou para ela.

-Não há mais comida. O veterinário disse que você já está com dez quilos acima do seu peso. Você está oficialmente entrando em uma rigorosa dieta. E não me olhe assim, como seu eu fosse a bruxa má do Oeste. Eu quero que você viva comigo por toda a minha velhice já que você, provavelmente, vai ser o único que irá me aguentar.

A bola de pelos gorda olhou para ela por mais alguns segundos antes de virar as costas, empinando a cauda no ar, indo embora.

Laura sentiu-se indignada com a forma desdenhosa de seu bichano. Praguejando voltou para a cozinha, na tentativa de fazer seu próprio jantar.

-Ótimo, agora até o meu gato não vai querer ter nada comigo. Vou morrer sozinha e abandonada, tricotando sapatinhos e casacos para os meus sobrinhos. – Ela murmurou bufando.

-Falando sozinha de novo?

Laura se virou e gritou, estendendo a espátula que ela estava usando na sua frente como uma arma. Quando ela viu que era Hector, sem pensar duas vezes, lhe atirou a coisa para cima dele como uma lâmina. O idiota prevendo seus movimentos se abaixou quando o utensílio passou próximo de sua cabeça.

-Hector, seu bastardo! Como diabos você entrou aqui?

Ele sorriu para ela. Aquele sorriso preguiçoso, que com toda certeza sabia dos efeitos colaterais que ocasionava nas mulheres. - Eu te conheço o suficiente para saber como sua mente funciona. Não foi muito difícil descobrir onde guarda a sua chave reserva. Você não acha que embaixo do jarro é um pouco óbvio? Especialmente quando você não tem nenhuma outro em seu jardim?

Laura colocou as mãos nos quadris.

-Bem, onde é que você guarda a sua chave reserva, Matarazzo? Deve ser realmente num canto singular.

Ele inclinou-se contra a parede, cruzando os braços sobre o peito.

- Em nenhum lugar perto da porta da frente. Provavelmente um lugar ao lado da casa que seja fácil de esconder e não óbvio.

Laura revirou os olhos. É claro que o espertinho tinha uma resposta na ponta da língua. O bastardo sempre tinha uma resposta para tudo.

-Tudo bem, você foi agente especial. Tenho certeza que você sabe que arrombamento é um crime.

Hector teve a coragem de sorrir abertamente.

- Eu não quebrei nada. Eu entrei usando uma chave.

- Uma chave que você pegou sem autorização.

Ela rosnou para ele e olhou em volta procurando algo que pudesse atirar em sua cabeça dura. O pior era que ele parecia adorar deixa-la irritada.

Ela o olhou e o mesmo estava sorrindo, enquanto ela sentia-se fervendo de raiva. Tentou ignora-lo por alguns instantes, mas era impossível fingir por muito tempo.

Quando ela o olhou novamente e viu que ele continuava sorrindo, ela deu um grito histérico.

Hector não se conteve e passou a gargalhar. - Calma, Laura.

Ela continuou a encará-lo, indignada e desejando fortemente que fosse possível atirar raios de seus olhos, caso pudesse com toda certeza ele já teria sido reduzido a um amontoado de pó.

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