Capítulo IX - Recomeço

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Já faziam 15 dias que eu evitava qualquer tipo de contato com o Jhon. Ele certamente achava que eu era o tipo de cara que iria aceitar aquilo. Se enganou. O evitei durante esse tempo, e cortei todas as tentativas de explicação, meu orgulho gritava dentro de mim, e no meu interior eu queria meter porrada nele. Por que que ele falou aquela merda? Sinceramente eu não sei mais no que esperar das pessoas. Talvez seja aí que esteja o meu erro na verdade... Esperar demais das pessoas. Talvez seja isso que deixa tão frustrado, por que eu sempre espero recíproca, mas é raro isso acontecer. Decidi que iria cortá-lo da minha vida e assim o vinha fazendo já fazia tempo. Deitei na minha cama e fiquei olhando pro universo pichado nas paredes do meu quarto, fiquei observando o brilho das estrelas (respingos de tinta neon) e me refletindo sobre isso. Fui interrompido da minha vibe com o meu telefone tocando, um número que eu não tinha salvo na agenda. Atendi: "- Oliver, pois não?" "- Eu sei que o que eu fiz não tem perdão mas..." Desliguei a chamada antes que ele pudesse falar seja lá qual fosse a merda que quisesse falar. Não passou 10 minutos meu celular vibra, uma mensagem do mesmo número.

"Eu sempre te observei, observava em como você conseguia ser doce mesmo sendo fortão, como você conseguia dominar suas emoções, e sempre te admirei. O pouco tempo que passei contigo foi o suficiente para eu entender o que realmente sou, eu não sei bem o que é, mas sei que é quem eu sou, eu amo você Oliver, eu sei que a gente mal se conhece, mas você mexeu muito comigo, e eu estou desesperado, não sei o que fazer, isso não sai da minha cabeça, e você me cortou da sua vida, me sinto um lixo pelo que fiz com você e saber que te causei sofrimento e te magoei e o fato de que você não vai nunca me perdoar pelo que eu te fiz não me deixa muita escolha. Adeus Oliver."

O que esse trouxa tá tentando fazer? Pensei comigo mesmo. É muita vontade de querer chamar a atenção mesmo. Que desocupado! Desliguei o celular e o coloquei pra carregar e fui dormir.

Passadas algumas semanas, estava eu saindo do campus em direção à cafeteria que ficava próximo do prédio, ao abrir a porta qual não foi a minha surpresa ao encontrá-lo com um garoto à mesa? Me aproximei da mesa e cumprimentei o garoto, ele era magro, deveria ter 1,70 mais ou menos, tinha olhos incrivelmente azuis, e seu cabelo loiro  destacavam seus lábios carnudos e vermelhos como se tivesse tomado alguma suco com corante, aqueles que mancham a boca sabe? Mas não, a boca dele tinha aquela cor naturalmente. O Rosto fino com traços marcantes era quase hipnótico, a forma com a qual ele transparecia puro mistério e safadeza me intrigou, era tão bonito quanto Jhon, era realmente uma pessoa difícil de não ficar encarando, eu cheguei a ficar sem graça de tanto que o encarei. 

"- Oliver, quero que você conheça meu irmão, esse é o Daniel." Gelei. "- Seu irmão? Como assim?" Perguntei surpreso. "- Pois é, ele é assim mesmo, nunca fala de mim pra ninguém, sabe como é né? Disse me dando uma piscadinha." "- De novo isso não Dan." Reclamou Jhon. "- Você sabe que não é bem assim." "- Aham, claro." "- Ele não fala muito de mim por que eu sou gay." Cochichou Dan, alto o suficiente para que Jhon ouvisse." "- Não é isso Dan, você exerga o que quer." Rebateu Jhon. "- Eu simplesmente não falo por que quero te proteger." "- Me proteger, você só se importa com a sua imagem de machão." Finalizou Jhon. "- Nisso, tenho que concordar." Falei em meio a risadas. "- Como assim Oliver?" "- É só brincadeira Dan." "- Não é Jhon?" Jhon revirou os olhos. "- O papo tá bom, mas eu preciso ir, tenho aula em 10 minutos, e hoje vai ser punk. aparentemente iniciaremos um projeto com nota bimestral. Preciso mesmo ir." "- Oliver, foi um prazer te ver de novo." "- Maninho, em casa a gente conversa." Disse ele para Dan. "- Tá!" Respondeu Dan com desdém.  "Bom, já que ele já sei foi, me conta, o que tá rolando entre você e  o meu irmão?" "- C-Como assim?" gagueijei. "- Você realmente acha que eu não percebi uma certa tensão entre vocês dois?" - Tá na cara que vocês se gostam." "- Não diga bobagem." Fugi. "- Ele é meu amigo e só. Era tudo brincadeira mesmo." "- Ah, então não tem nenum problema se nós..." "- O que?" Perguntei surpreso. "- Bom, é só que... eu pensei que.." Titubeou Dan. "- Eu pensei que talvez pudéssemos nos pegar e tal, mas sem emoções, só amizade colorida mesmo." Não, tudo bem." respondi desconcertado. "- A princípio vamos ficar só na amizade mesmo, eu preciso curtir e me recuperar dessa minha última ressaca emocional. Então meio que estou querendo curtir minha própria companhia." "- Mas agora que nos conhecemos podemos ser companhia um para o outro, como bons amigos, o que você acha?"

"- Tudo bem por mim!" Respondeu Dan de forma doce.  "- Estou indo para o campus, você vem?" "- Ah não, vou ficar e dar um tempo por aqui." Respondeu Dan. "- Estou esperando uma amiga, combinamos de nos encontrar aqui." Seu rosto angelical e hipnótico era irresistível e por mais que eu quisesse companhia, afinal já fazia algum tempo desde o incidente com o Jhon, e não havia tido contato com mais ninguém depois disso, resolvi me abster e organizar meus pensamentos. Um ciclo havia chegado ao vim, e eu devia me preparar para o início de um próximo. As provas finais da Faculdade estavam na reta final, e eu precisava do máximo de esforço possível para respeitar e cumprir os prazos com os trabalhos e projetos da faculdade, então direcionei meu foco pra isso, e comecei a estudar.

Horas depois, meu celular toca. Número desconhecido. Desligo. E o número volta a insistir. Atendo irritado: "- Quem é? Por que tá me ligando com número desconhecido?

"- Oliver..." Meu coração gelou. "- Dave? É você?" Passou-se um momento de silêncio, a única coisa que podia ouvir,  era sua respiração ofegante um pouco antes de a ligação cair.

Caramba, Caramba! Como assim? Que merda é essa?

Animal Noturno: SubterfúgioOnde histórias criam vida. Descubra agora