O nadador - Parte Um

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"Eu sei que foi assim que você matou meu irmão."


 Esta foi a frase final da ré no julgamento de sua sentença, olhando para uma das principais vítimas de seus crimes, e de tantos outros.

 Numa pacata e praiana cidade em algum lugar do mundo morava uma amada e amável  estudante de biologia, que adorava estar perto da praia e de seus familiares, menos de sua mãe, de quem havia se distanciado após a morte de seu irmão, porém ainda mantinha algum tipo de contato, por mais distante que fosse.

 Gostava muito de ir à faculdade e de estudar, além de sair e se divertir com os amigos. Era organizada e muito bem de vida, pois recebia uma bolsa para se manter e fazer pesquisa. Tudo que ela havia sonhado na vida, e além disso, a sua casa era grande e ela conseguia fazer tudo que queria. Inclusive cometer 4 assassinatos.

 Tudo começou depois da morte de seu irmão, por afogamento, o que ficou para sempre gravado em sua memória. E agora, ela sentia que deveria se vingar. E era o que ela estava fazendo. Assim como o assassino, ela afogava pessoas até a morte. E deixava o corpo no local do crime, para que aqueles que amavam as vítimas vissem e sentissem na pele o que ela sofrera anteriormente.

 Essa trágica história começara há 9 meses, quando o seu irmão foi mantido na água da piscina de uma escolinha de esportes até a morte. E ela viu os seus últimos momentos. Ela viu o assassino sair da cena do crime. E nada pode fazer. Se culpava por isso. Como ela não tinha entendido que alguém estava em apuros? Como ela só percebeu que era seu irmão por causa da cicatriz no pescoço, deixada ali há alguns meses atrás?

 E o pior de tudo: como ela achou que por estar com uma pessoa de inteira confiança de todos, ele estava seguro? Ela deveria ter notado que ele estava se mexendo mais depressa. Devia ter sentido a angústia que se passava na mente e no coração de seu irmão. Mas como podia? Ela estava no andar de cima da escola e, mais uma vez, o seu irmão estava com uma pessoa de total confiança. Parecia uma brincadeira. Um pouco pesada, mas poderia não ser intencional, e também, ela era uma irmã bastante protetora. Talvez estivesse exagerando. Até que a brincadeira acabou. E o seu irmão ficou imóvel e arroxeado. Boiou. Não houve nenhuma reação. Apenas o assassino chorando baixinho para que ninguém escutasse e checando que ele realmente estava morto.

 Nesse momento, a sala de aula onde ela estava foi trancada. Assim como seus movimentos e fala. Talvez até seus pensamentos e sentimentos. Ela ficou paralisada enquanto os outros alunos realizavam a série de exercícios da rotina. Ela não chorou, não gritou, não se movimentou. Nunca ficou tão estática e atônita. A única movimentação que acontecia, além dos exercícios, era da cena que ela havia acabado de presenciar. Seu irmão, seu companheiro e a pessoa pela qual ela trocaria a sua vida havia sido morto diante de seus olhos por uma pessoa aparentemente confiável e responsável. O seu mundo havia caído. Durante mais de 5 minutos as pessoas falavam com ela, tocavam-na, chegaram até a gritar com ela, mas ela não reagia. Não poderia reagir. Não reagiu naquele momento, e essa situação não mudou durante os nove meses consecutivos.

 Os assassinatos não eram uma reação. Ela não tinha experimentado o luto. Não sabia ainda o que fazer de sua vida. Só sabia que doía, e que alguém mais tinha que sentir dor também.

Ela lembrava vividamente, e todos os dias como havia sido o seu primeiro assassinato. Estava extremamente nervosa, e a cada momento que passava ela ficava mais perto de desistir. mas havia uma promessa a si mesma envolvida. ela não se decepcionaria. Não precisava de mais uma dor, nem de mais culpa. Então, ela começou. 

Era um dia nublado porém abafado e quente, portanto não seria estranho ter alguém na área da piscina da casa do assassino, o qual conhecia, e muito bem. Seguindo o seu plano, aproximou-se de sua vítima, e como de costume, começou uma conversa casual. 


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⏰ Última atualização: Sep 24, 2018 ⏰

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