Capitulo 30

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Selena me fez carregá-la no colo quando entramos na minha suíte do Four Seasons.

 Eu a carreguei e a coloquei no chão depois de dar dois passos. Ela deu risada e me beijou. Também soltei uma risada, mas não de felicidade ou humor. Foi automática.

– Hoje foi um dia bem doido – ela murmurou.

– Com certeza – eu respondi, tirando minha gravata borboleta.

– Nem preciso te dizer que vamos estar em todas as manchetes do mundo, certo?

 Dei risada e neguei com a cabeça. Era óbvio.

– Você acha que eles vão falar das coisas boas ou das coisas ruins?

– Quem se importa? Esses repórteres não entendem a diferença mesmo.

 Selena correu até o quarto e se jogou na minha cama, arrumada horas atrás por uma das camareiras do hotel. Eu demorei mais um tempo para ir para o quarto e encarei o balde de champanhe na mesma mesa redonda em que o bilhete de Emma estava horas antes. O champanhe era cortesia do hotel e em outro bilhete, muito mais amigável, ele nos desejava felicidades.

– Você quer champanhe? – perguntei à Selena.

– Não – ela respondeu, ainda se divertindo e pulando na cama.

 Enchi uma taça pra mim e caminhei até o quarto, franzindo as sobrancelhas.

– Desde quando você recusa qualquer tipo de bebida alcoólica? – perguntei.

– Muito engraçado – ela me mandou a língua.

– Estou falando sério, por que não quer beber?

– Não estou afim. Minha noite está sendo tão boa que não preciso de álcool para que ela seja melhor.

 Dei risada, mais sarcástico dessa vez. Eu me sentei em uma pontinha da cama e tirei meus sapatos. Tirei o paletó e joguei-o no chão. Os cartões com meus votos se espalharam pelo chão e Selena se sentou ao meu lado, apontando-os.

– Seus votos foram lindos. Quase chorei de verdade – ela passou o braço pelo meu ombro.

– É? Eu não os escrevi – respondi.

– Eu já imaginava. Também não escrevi os meus.

– Jura? Achei que tivesse sido você – eu a encarei, confuso.

– Não foi. Mas também ficaram bons, não?

– Ah, sim.

– Nosso casamento foi lindo, não foi? A festa estava maravilhosa e todo mundo pareceu se divertir tanto! Fazia tempo que eu não ia a uma festa tão boa assim.

– Sim, claro. Se por “casamento lindo” você incluir “quase levar um tiro” na descrição – repliquei.

– Não seja tão dramático, a bala nem passou perto de você – ela revirou os olhos.

– Eu podia ter morrido! – fingi uma expressão de indignação.

 Selena deu risada e me deu um tapinha no ombro.

– Claro, claro – ela se levantou – Quem era aquele cara?

– Um doido aí – respondi, bebendo mais champanhe.

– Você o conhecia? – ela perguntou.

– Não. E você? – rebati.

– Também não.

 Nós ficamos em silêncio. Ela tirou os saltos e começou a desabotoar o vestido. Eu sabia o que “noite de núpcias” significava no dicionário universal, então sabia que, por mais que estivéssemos sempre adiando, naquela noite nós iríamos transar. Eu nem mesmo me lembrava como era estar dentro de Selena. E, naquele momento, eu só conseguia pensar em Emma e em tudo que havíamos feito na noite anterior.

O casamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora