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A tarde estava chuvosa como qualquer dia no verão  e com a presença do petricor e dos sons emitidos pela chuva fiquei com uma expressão sonolenta, adormecendo naquele tapete felpudo.Em pleno domingo acordei às 17h30 com alguém tocando a campainha, olhei na câmera e vi que era Cris.
Cristine é minha amiga desde o jardim de infância, ela costuma vir aqui toda semana e acredito que poderia dizer que ela já faz parte da família. Cris mora a quatro quadras da minha casa e quando pequenas costumávamos andar de bicicleta pela cidade, Juiz de fora é uma boa cidade para se viver.Quando voltava para a casa sempre via Murilo no quintal com o seu telescópio, ele diz que a coisa mais linda do universo são as estrelas.
Cristine me cutucou e perguntou se prestei atenção no que ela disse, apenas respondi que não. Bufando ela diz:
___ Como costume você está no mundo da lua Helena, estava falando de Felipe e como é incrível ele ter me chamado para sair.

___ Toma cuidado Cris, vá devagar, não quero que você crie muitas expectativas e se decepcione.

Cris começa a rir e diz:

___ Você está parecendo a minha mãe, vou tomar cuidado.Aliás, Felipe Ribeiro é muito mulherengo e não quero ficar com ele para ser incluída em sua lista.

___ assim espero, Cris você sabe que me preocupo com você.

Ela me ignora e toda empolgada diz:

___ Ele acabou de me mandar mensagem.

Ei gata! Que tal sairmos hoje?
me espera na fila do cinema em uma hora.
Beijos!

___Tenho que ir amiga, quando chegar em casa eu te ligo, beijinhos.

___ Vou esperar a sua ligação, se cuida.

___ pode deixar

Sento na cama e logo decido tomar um banho. Lavo o meu cabelo, meu corpo  e fico pensando na minha vida, será que estou no caminho certo? É assim que as coisas deveriam ser?Por que sempre ficamos pensando em um talvez?Pego a toalha e me enxugo, fico observando meu corpo no espelho, eu era bonita. Vou para o meu quarto e abro o guarda-roupas, fico pensando em qual roupa colocar,então vejo um vestido azul royal com desenhos de margaridas, coloco ele mesmo, escovo meus cabelos e desço as escadas com tanta pressa que escorrego no penúltimo degrau, me seguro na parede e a atenção de todos na cozinha estão voltadas para mim. Mesento do lado de meu pai e fico observando o meu irmão Fabrício falar com minha mãe, eles estão falando sobre as férias de fim de ano e as expectativas para nossa viagem à Suíça, falta apenas um mês. Papai elogia o tempero do frango com batata e diz que está excepcional e realmente está muito bom. Terminamos de comer e ajudo mamãe a recolher a comida da mesa, subo para o meu quarto e começo a refletir sobre a minha vida,então volto a fita do início e começo a pensar sobre as minhas atitudes, será que me tornei uma pessoa melhor?
Tento não ficar pensando nisso, não devo me preocupar com as opiniões das pessoas, mas isso é algo difícil. Me levanto e fico vendo meu reflexo no espelho, começo a notar as imperfeições em meu rosto e pensar que não sou bonita, meus olhos se enchem de lágrimas e a tristeza invade.
Há algum tempo percebi que dormir de alguma forma me faz aliviar essa dor, os sonhos me ajudam, mesmo que na maioria das vezes eles são os mais loucos possíveis, não é qualquer um que sonha que seus amigos estão sendo esfaqueados por caras que querem os órgãos deles ou que você é a âncora de um navio que está no meio do oceano Pacífico.
Por mais loucos que sejam, eles me fazem refletir de alguma forma, através dos meus sonhos faço algumas analogias que costumo caracterizar como sinais da vida.
Pego o meu celular e escolho um filme para assistir da netflix, escolho Orgulho e Preconceito, é um filme bem intrigante e curioso, não consigo assistir até o final e acabo dormindo.
Acordo às 03h e 15 com o meu celular tocando, imagino ser Cris e não estava enganada, era ela mesmo. Me surpreendo por não ser a voz dela e fico preocupada, um homem se apresenta e diz ser um policial, ele pergunta se eu conheço Cristine Souza de Oliveira e eu confirmo, ele gagueja e depois diz:

___ Cristine foi encontrada desacordada em uma rua deserta, ela está em estado grave e neste momento está sendo levada para o hospital Santos Dummont, por favor avise o restante da família e vão para o hospital o mais rápido possível.

Apenas digo não pode ser e ele desliga.
Entro em desespero e vou em direção o quarto dos meus pais, eles acordam assustados e chorando conto o que aconteceu, ligam para os pais de Cris e todos nós vamos para o hospital.

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