5. Marcas

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Quando Peter simplesmente saiu do quarto de hotel, sem maiores explicações, Wade se sentiu completamente deixado de lado, talvez aquilo não tive sido tão importante para Peter como foi para ele. 

Talvez ele visse em Wade alguém pra aproveitar e se divertir, mas com certeza ele não estava completamente apaixonado como ele. 

Se Wade já ficara balançado na forma como Peter partiu, quando ele não ligou nos próximos 2 dias, suas verdades imutáveis retornaram com tudo. Ele era um monstro, e Peter devia ter feito algum tipo de favor, nada além disso. 

Ele queria pegar o telefone e ligar para o garoto, mas não se sentia confiante o suficiente, não queria ligar para o número de garotos de programa como se o Peter fosse apenas isso pra ele. 

Ele tinha consulta com seu dermatologista naquele dia, e esses sempre eram dias péssimos pra Wade, ter sua pele já sensível, cutucada e irritada, para ouvir que apesar de não haver qualquer chance de voltar a textura normal, ele precisaria continuar tomando medicamentos e evitando o sol pelo resto de sua vida para que as coisas não piorassem, era triste e desgastante. 

Quando o médico saiu de sua casa, ele afundou no sofá, segurando as lágrimas que tentavam a todo custo sair. 
O celular tocou e ele atendeu na esperança insconsciente de que fosse Peter, já que racionalmente ele já tinha decidido que isso jamais aconteceria. 

- Alô? 

- Wade? 

A voz de Peter saia baixa, e com dificuldades, ele certamente não estava bem. E por mais certo que Wade estivesse de que o garoto não quisesse mais nada, ele não conseguiu se impedir de usar o apelido dado a ele com carinho. 

- Baby Boy, o que houve? Você tá bem? 

Peter tossiu do outro lado. 

- Mais ou menos, eu fiquei doente, bem doente. 

Ok, a desculpinha do doente, poderia nem ter ligado, pensou Wade, ele massageou a própria têmpora buscando paciência, pra responder de forma branda. 

- Então vem pra cá, a gente conversa, eu posso fazer uma sopa ou sei lá o que pra você, eu sou bom na cozinha. 

Peter suspirou. 

- Não é esse tipo de doente Wade, não sei se quero que você me veja assim, eu só liguei por que, tava com... 

A voz sumiu e Wade começou a ouvir um choro do outro lado. Seu alerta interno tocou e ele começou a ficar muito preocupado. 

- O que aconteceu Peter? O que aconteceu? Por que você tá chorando? 

Mais alguns minutos de silêncio, e Wade ja estava em pé, segurando a chave do carro. 

- Me dá o endereço da onde você tá, eu vou te buscar. 

- Não, Nãooooo, tá tudo bem! Não precisa se preocupar, eu só tava com saudade. 

Wade não sabia o que fazer, ou como reagir, ele queria ser capaz de fazer algo, de ajudar o garoto. Mas pela segunda vez ao tentar ajudar o garoto, tinha sido rechaçado, Wade tinha medo que se insistisse, ele se afastasse. 

- Baby Boy! Me deixa te ajudar, por favor, não me afasta. 

E de repente barulhos, e gritos começaram, e a ligação foi cortada.

Wade tentou retornar mas o telefone só dava caixa postal. 
O desespero crescendo no seu peito, alguma coisa muito errada estava acontecendo, ele tinha certeza disso. Ele tentou ligar no telefone de acompanhantes, ninguém sabia de nada, ninguém tinha um endereço. 
A frustração de Wade se tornando tangível, alguma merda tinha acontecido. Ele nunca se perdoaria por ter permitido Peter sair daquele hotel dias atrás. Desesperado com a possibilidade do que poderia ter acontecido ao garoto longe de suas vistas. 
Lágrimas rolavam, e Wade destruiu toda a casa em fúria. 

Quando Faltam as PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora