14. Norman Osborn

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{Violencia}

Era difícil ignorar a vibração do meu celular, mas eu sabia, que seria impossível ignorar o pedido de Wade se atendesse às chamadas, ou se eu lesse as mensagens. Então eu joguei o celular dentro da mochila, tentando fingir que ele não existia. 

Eu fechei os olhos na frente daquela porta vermelha antes de bater, eu odiava aquele lugar, odiava aquela vida, eu me odiava pelo que havia me tornado.
Eu fechava os olhos imaginando aquela costumeira cena que se tornara quase uma oração.
Um dia, um futuro, eu, Wade, Harry, shopping, faculdade, risos.
Mas assim como Deus, tudo isso era possível sentir, impossível tocar.
Eu poderia continuar imaginando e imaginando, no fim era só isso, imaginação.
Eu lembrei do meu rosto no espelho, havia tanto desespero nos meus olhos.
Algo dentro de mim havia estilhaçado em muitos pedaços, pequenos demais pra colar.
Eu tinha escrito algumas cartas, pra tia May, pra Wade e pra Harry. Meses atrás.
Eu só fingia, eu sabia que estava morto desde o dia que cheguei nessa cidade.
Eu fui tantas pessoas diferentes que eu nem sabia mais quem eu era.
O que eu mais amava em Wade??
Ele sabia, sabia exatamente quem eu era.

Eu estava desesperado demais quando roubei aquela arma, meses atrás. Eu só pensava em usá-la em mim.
Mas não hoje, hoje eu queria duas balas. Uma para mim, outra para cortejar a cabeça de Norman Osborn.
Uma para lembrar a ele quem eu era, e em que posição ele tinha me colocado.
A posição de me tornar um assassino nojento como ele. Eu lutei contra aquilo, até ver meus olhos naquele maldito espelho, até ver minha carne tão dilacerada quanto minha alma. Foi ali que eu percebi que não tinha mais tempo, eu me mataria a qualquer momento, então decidi que minimamente o levaria comigo.
Hoje as pessoas desse lugar sairiam livres, Harry dormiria tranquilo, e eu dormiria tranquilo, no meu caso pra sempre.

Bati na porta e ela abriu, silêncio era tudo que havia na sala.
O diabo só podia estar aprovando meus atos.
Sentei-me na poltrona chique atrás da escrivaninha.
Tentei abrir as gavetas procurando provas, não queria ele tranquilo nem na morte.
Elas estavam trancadas, fiz força o suficiente para arromba-las.
Peguei as pastas, recibos, e um celular, com uma facilidade quase juvenil acertei a senha com a data de aniversário da minha mãe, era uma mínima homenagem depois de destruir sua vida!
Printei conversas, mandei todas para Wade, uma a uma.
Eu podia ir embora, e deixar ele ser preso, poderia correr feito um louco agora.
Mas havia um tempo entre ele ser preso, e se vingar em Harry. E eu nunca soube o que fazer com esse tempo, ate decidir que a melhor coisa séria elimina-lo. Se seu coração não batesse ele não poderia tocar em mais ninguém.
E a verdade de tudo isso? Eu não me importava mais. Eu queria tirar dele o que ele tirou de mim. A vida.
Juntei todas informações e joguei elas dentro da mochila.
Peguei o celular e disquei pra Wade, coloquei no viva voz, a arma apontada pra porta, o celular em cima da escrivaninha.

- Peter, eu to aqui fora, e vou entrar se você não sair agora.

Sem chance dessa conversa agora. Atropelei ele.

- Consegui todas as informações necessárias, estão dentro da minha mochila, junto com o celular da onde proveio aqueles prints.

- Peter, ele chegou, sai daí agora!

- Adeus Wade, você foi como um tratamento revolucionário pra essa merda na minha cabeça. Mas como todo bom filme de drama, chegou tarde demais para o estágio do meu caso. Eu sempre fodo você né? E não é de um jeito bom, eu tenho um último pedido, cuida do meu irmão. Eu amo você! Pra sempre!

Desliguei a ligação. A porta abriu. Norman sorriu para mim.
Eu calaria aquele sorriso. Eu chutaria tanto aquela maldita cara, até ela ficar irreconhecível. Eu daria a ele tudo que ele tinha me dado.

- Tranca a porta Norman. Ninguém quer ver suas lágrimas quando eu fizer você sangrar seu filho da puta.

Minha mão não tremia, eu não chorava, eu não temia.
Eu estava certo do que faria, e de um jeito ou de outro, nossos corações parariam de bater naquele dia.  

Quando Faltam as PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora