Dilacera-me

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Quando você me abraçou foi tão esquisito.
Eu me senti dilacerada. 
O que foi estranho.
Geralmente, abraços passam mensagens. 
Em uns me sinto protegida, acolhida, amada.
Em outros sinto-me em paz, completa e anestesiada.
Alguns braços rodeiam-me como se fossem coberta; fazem eu me sentir aquecida, protegida e confortável.
Outros como se fossem o mar; fazem eu me sentir refrescada, acolhida e em paz.
Mas você fez-me sentir incorreta, como se aquilo fosse muito errado.
Seus braços fizeram-me sentir como se eu estivesse com mil infernos encostando na minha pele.
Faltou-me ar, mas não de um jeito bom.
Senti-me sufocada.
Minha alma parecia se retorcer de agonia.
Angustiada.
Fraca.
Quebrada.  
Mas ao mesmo tempo me fazia ainda mais completa. 
Quando você me largou o ar voltou mais frio, mais vazio. 
Senti na minha pele o Alasca frio, como se nunca tivesse sentido mil infernos ali. 
Também veio um vazio, como se você houvesse sugado a energia que emanava de mim.
E no seu abraço eu me sinto completamente completa e completamente dilacerada.
Então amor, dilacera-me novamente.
Dilacera-me...

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