Papai exigente

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-Filha como está indo nos cursos online que papai paga pra você?

-Estou indo muito bem, evoluindo muito.

-Estudou direitinho hoje?

-Sim papai.

-Deixa eu ver seus cadernos.

 Peguei minha mochila e entreguei para meu pai. Ele pegou caderno por caderno e foi olhando

-Pois bem. Vamos lá fora para ler o livro?

-Sim papai.

 Eu fui em direção a biblioteca e peguei um livro. Papai pegou uma rede e se deitou nela lá fora. Peguei um livro de Willian Shakespere e comecei a ler em voz alta para o meu pai.

-Soneto CV

Não chame o meu amor de Idolatria

Nem de ídolo realce a quem eu amo,

Pois todo o meu cantar a um só se alia,

E de uma só maneira eu o proclamo.

É hoje e sempre o meu amor galante,

Inalterável, em grande excelência;

Por isso a minha rima é tão constante

A uma só coisa e exclui a diferença.

'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;

'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;

E em tal mudança está tudo o que primo,

Em um, três temas, de amplo movimento.

'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;

Num mesmo ser vivem juntos agora.

 Papai me olhava com a expressão séria e um sorriso no rosto, então continuei.

-SONETO LXXXVIII

Quando me tratas mal e, desprezado,

Sinto que o meu valor vês com desdém,

Lutando contra mim, fico a teu lado

E, inda perjuro, provo que és um bem.

Conhecendo melhor meus próprios erros,

A te apoiar te ponho a par da história

De ocultas faltas, onde estou enfermo;

Então, ao me perder, tens toda a glória.

Mas lucro também tiro desse ofício:

Curvando sobre ti amor tamanho,

Mal que me faço me traz benefício,

Pois o que ganhas duas vezes ganho.

Assim é o meu amor e a ti o reporto:

Por ti todas as culpas eu suporto.

 De repente parou um carro aqui na frente de casa e saíram dele uma mulher já idosa e um menininho que devia ter por volta de uns 4 anos.

-Filha, vá para dentro.

-Mas eu ainda não terminei de ler.

-Por favor.

 Apenas obedeci. Mas antes de eu abrir a porta pra entrar, a moça se aproximou.

-Boa noite, senhor. Será que meu filho poderia usar seu banheiro?

-Lamento senhora, mas não.

-Por favor, ele está realmente apurado.

-Pai...

-Eu não mandei você entrar?

  Fui em direção ao garotinho e peguei na mão dele.

-Venha. É por aqui.

 A senhora que estava com ele veio logo atrás. Meu pai veio detrás de mim com uma cara não muito boa. Guiei o menininho pela mão até o banheiro e esperei ele fazer suas necessidades.

-Obrigada. - disse ele saindo do banheiro e me abraçando.

 Eu apenas sorri e retribuí o abraço.

-Muito obrigada, moça.

 Eu apenas sorri e guiei eles de volta até a porta. Assim que eles saíram, papai me pegou pela mão e me levou para o quarto dele. Ele rapidamente apenas me jogou sob seu colo, deitada. E começou a me dar tapas.

-1!

-2!

-3!

4!

5-!

 Logo, ele me soltou.

-Porque fez isso?

-Pra você aprender que não pode falar com ninguém e nem decidir coisas nesta casa, quem manda aqui sou eu! Repita isso e vai ganhar muito mais tapas sem a calça da próxima vez!

 Apenas abaixei a cabeça e saí em direção ao meu quarto. Liguei uma música clássica bem alta e logo peguei no sono.

Você está segura em seu quarto,  AmélieWhere stories live. Discover now