Saindo pela primeira vez, conhecendo novas pessoas

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Já estava quase anoitecendo, quase na hora do meu pai chegar. Me surpreendi quando a campainha tocou. Meu pai geralmente abria a porta e simplesmente entrava. Fui até a janela ao lado da porta.

-Oi. Meu pai não está em casa.

-Meu Deus, você existe mesmo! Abra a porta pra mim.

-Eu não tenho a chave. Vá embora. Por favor. Papai não gosta que eu fale com estranhos e nem com visitas.

-Qual seu nome, garota?

-Amélie. Olha, você tem que ir.

-Vá para trás da janela. Eu vou quebrar o vidro e entrar.

Eu me afastei e ele quebrou o vidro com um martelo e entrou.

-Desde quanto tempo que você mora com o Guilherme?

-Eu já disse, sou filha dele.

-Isso está me cheirando a história mal contada.

-Como assim?

-Nada. Quantos anos você tem?

-21, senhor.

-Olha, eu só quero te ajudar.

-Mas eu estou bem. Não preciso de ajuda.

-Que horas seu pai chega?

-Já era pra ter chegado. Como que você descobriu aonde eu moro?

-Já vim visitar seu pai uma vez pra resolver um assunto de trabalho, mas ele me expulsou no mesmo instante, bateu a porta na minha cara.

-Papai não gosta de visitas.

-Eu acho que o que estragou ele foi a morte da filha e da esposa dele. Mas se você é a filha dele...Então...

-Como assim?

-A 3 anos atrás, a esposa dele e a filha sofreram um acidente de carro quando sua mãe estava te levando para a casa da sua avó. Mas pelo que eu sei, a mulher dele morreu na hora com o impacto e a filha dele, que supostamente é você, ficou em coma por 2 anos no hospital e depois disso desligaram os aparelhos. E seu pai disse que mandou cremar o corpo de sua filha. Não queria um velório comum.

-Faz exatamente 1 ano que eu acordei de um coma do hospital e que meu pai apareceu lá dizendo que era meu pai mas eu não me lembro de nada. Ele apenas disse que meu nome era Amélie. Mas eu meio que tive que recomeçar de vida, acho que perdi a memória.

-E seu pai te mantém em cárcere privado? Fechada dentro de casa?

-Bom, praticamente sim...

-Acho que entendi. Agora tudo faz sentido.

-Eu não acredito. - disse isso e comecei a chorar.

-Calma menina, não chora. - disse ele se aproximando, mas eu recuei.

-Você ta mentindo pra mim, você veio pra me sequestrar!

-Não, Amélie!

Eu comecei a chorar mais ainda, desesperadamente. Meu pai chegou.

-Oi, filhinha. Você tá chorando, porque? - Ele tentou se aproximar.

-Não se aproxime de mim! Eu não sei qual dos dois está falando a verdade! Estou confusa! Saiam daqui! - disse isso e me joguei no chão.

Meu pai olhou pra trás.

-O que você disse pra ela?

-Apenas a verdade!

Meu pai foi direto dando um soco no homem que estava aqui em casa e os dois começaram a brigar.

-Parem, por favor!

-Cala a boca, Amélie! Vá pro quarto!

-Não vou!

-Ah, é? - Nisso meu pai parou de socar o carinha e veio pra cima de mim, me dando dois tapas na bunda.

-Pare Guilherme, bater na menina não vai adiantar!

-Ela é minha filha e eu educo ela como eu quiser!

-Então você admite que ela é sua filha? A mesma que tinha morrido no acidente de carro?

Eu comecei a chorar mais ainda.

-Você contou pra ela?

-Então é verdade pai?

-Bom...

-Eu te odeio! - disse isso e tentei sair correndo, mas ele me puxou. Me colocou empinada no sofá, ergueu minha saia xadrez e começou a me dar tapas, 10 de cada lado. E eu chorava muito.

-Desculpa papai!

-Agora vá pro quarto!

-Não Amélie, você fica aqui! - o homem disse isso e me puxou e eu abracei o mesmo.

Meu pai puxou o homem de mim e empurrou ele pra fora de casa e trancou a porta, batendo na cara dele. Colocou a bancada ali aonde o vidro estava quebrado e veio direto pra cima de mim.

-Agora você vai ver só!

-O errado aqui é você!

-Quem que falou com estranhos sem permissão?

-Mas pai!!

-Eu só quero te proteger. Agora vai, vira a bunda.

Eu estava com medo então fiz o que ele me pediu, me empinei encostada no sofá. E os tapas começaram, 20 de cada lado.

-Para um inicio e você ver do que sou capaz, está bom! Agora, me conta...Como que o Pedro descobriu sobre você?

-Você esqueceu seu telefone, ele tocou e eu atendi.

-Como é que é? - disse ele me virando de novo para me bater mais.

-Desculpa papai!! - disse eu gritando mas ele voltou a me bater, dessa vez 30 tapas de cada lado.

-Vai pro quarto.

Eu apenas assenti e fui. Me olhei no espelho. Minha bunda estava vermelha. E doendo muito. Papai era muito forte. Socorro!! E eu chorei, e chorei. A noite toda.

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⏰ Last updated: Sep 02, 2018 ⏰

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Você está segura em seu quarto,  AmélieWhere stories live. Discover now