Minha consciência retornava lentamente.
Eu podia sentir o meu corpo dolorido e as minhas pálpebras pesadas, que dia era hoje? Eu também sentia presenças a minha volta e isso me assustava muito. Meu coração acelerava conforme eu sentia a proximidade de pessoas a minha volta.
Com muito esforço, abri meus olhos lentamente de forma quase imperceptível, para não ser pega.
Havia fogo.
Havia uma luz, era o sol?
Havia uma câmera.
Haviam quatro seres, guardando um estranho ruído em suas gargantas, prontos para darem o bote, apenas aguardando que eu acordasse. Eu fui abduzida?
Eu seria torturada por... Aliens?
Decidi enfrentar meus medos, eu abriria meus olhos e perguntaria aquelas feras o que elas queriam.Eu abri meus olhos. Quatros pares de olhos vieram sobre mim. Eram eles. Eu seria torturada naquele momento e tudo seria gravado em vídeo. E então, o ruído ensurdecedor que guardavam em suas gargantas foi liberado, me fazendo temer por minha vida naquele instante.
- PARABÉNS PRA VOCÊ - Gritava meu pai a todo pulmão, com uma câmera gravando em suas mãos, ás cinco e cinquenta da manhã, no centro do nosso condomínio, o meu quarto.
- É O QUE, É O QUE, É O QUE? -Gritava em seguida meu irmão.
- NESSA DATA QUERIDA - Respondiam meus pais e minha irmã em uníssono, me tornando surda.
- VAI, VAI, VAI - Respondia meu irmão.
- MUITAS FELICIDADES - Cantavam os outros três em seguida. Enquanto minha mãe tinha em suas mãos um bolo, que ela agitava no ar.
- QUERO OUVIR - Meu irmão gritou.
- MUITOS ANOS DE VIDA - Gritaram todos e aplaudiram assim que acabaram, me filmando com meus olhos arregalados pelo sustos, minha pele oleosa, de alguém que acabava de acordar e meus cachinhos embolados, por dormir com minha juba solta. Era isso. Tudo gravado.
- vocês estão tentando me matar?! Quem acorda as pessoas com uma gritaria dessas? Às cinco da manhã? - exclamei, doida da vida pela gritaria no meu quarto. Então olhei pra minha mãe e... - Esse bolo aí é de que? Ta bonito.
- Nós acordamos as pessoas com uma gritaria dessas. - falou Caio e me deu língua, pegando o bolo e indo embora pra cozinha.
- O bolo é de chocolate, nozes e morango, a propósito. Ou você acha mesmo que no seu aniversário não seria o seu sabor favorito? - Camila me desafiou e então foi correndo pra cozinha. Caio e Camila eram gêmeos, eram iguais na aparência e na personalidade. dois loucos.
Ótimo.
Eu não ainda havia levantado pra ir ao banheiro e os maiores cheios de fome de todo o Brasil já estavam comendo MEU bolo.Meus pais saiam do quarto também, mas eu rapidamente levantei e chamei minha mãe, que voltou e me olhou, esperando que eu falasse.
- Mãe, eu tenho uma pergunta muito séria pra senhora e eu preciso de sinceridade. - eu disse, e então minha mãe me olhou com carinho e se prontificou a responder.
- manda. - ela disse, então olhei nos olhos dela e respirei fundo. Somos muito parecidas o que torna fácil conversar e me abrir com ela.
- Ok. Mãe, a verdade. - Olhei pra ela, que balançava a cabeça em sinal de positivo. - quem fez esse bolo foi a dona Célia? Por que eu não vou perdoar vocês se esse bolo não for dela - Minha mãe riu de gargalhar, como se eu tivesse falando algum absurdo.
- Claro né filha, o seu pai é uma máquina de comer doce, por isso ela da desconto pra gente sempre. - era verdade.
Minha mãe levantou e saiu do quarto também, para que eu fosse me arrumar pro colégio.
AI MEU DEUS O COLÉGIO.
Hoje seria o meu primeiro dia de aula, no primeiro ano ensino médio e por esse breve momento, eu havia me esquecido.
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O Diário *Nem Tão* Culinário De Isabela
HumorIsabela tem 15 anos e seu sonho é se tornar uma renomada chefe de cozinha e dona de uma confeitaria de sucesso, uma grande serva de Deus e uma boa pessoa. Mas antes disso ela precisa passar por várias pessoas loucas e vários momentos nada a ver pra...