2018 - Parte 2

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Dom Sabino retorna à pensão da Coronela, entrando de fininho, sem encontrar Elmo e Miss Celine, que estavam aos beijos. Sobe ao seu quarto e encontra sua esposa no décimo sono, com seus roncos sendo ouvidos do corredor. Se deita e tenta chegar ao sono. Fecha os olhos e só consegue se lembrar de sua mais recente discussão com Carmen. Não conseguiam mais se encontrar sem acabar brigando. Será que era o destino dos dois?

Ele adormece e, de repente, se encontrava novamente no naufrágio do navio Albatroz. Pessoas corriam desesperadas ao seu redor, não encontrava a sua família. Voltou a sentir uma terrível sensação de medo daquele dia. A água invadia tudo ao seu redor e a certeza da morte voltava a tona. Enquanto ouvia os demais rezando, vê uma mulher até então desconhecida o chamando.

Dom Sabino tenta atravessar, com a água quase chegando em seu pescoço, e a mulher estende a mão.

_Venha comigo! - Diz. Não sabia o porquê, talvez fosse o desespero do momento, mas sentiu que podia confiar naquela senhora. Pega a sua mão e os dois conseguem atravessar aquela sala que estava quase cheia com a água do mar.

Conseguem abrir a porta e a água se dispersa. Os dois tossem, completamente enchardados, e correm para outra cabine pois esta começava a encher-se como a outra. Dom Sabino repara que a mulher vestia calças e estranha. Repara também em sua beleza, aparente mesmo naquela situação.

_Quem é a senhora? Por que está a me ajudar? - Pergunta Dom Sabino.

_Não posso te dizer meu nome agora. - Responde a mulher, enquanto chegam em uma das pontas do navio, próximo ao iceberg que tinha colidido. O frio naquela parte estava intenso, nunca havia sentido uma temperatura tão baixa como aquela.

_Não vamos continuar correndo? Está congelando nessa parte do navio! - Comenta o homem.

_Dom Sabino, a sua família e seus conhecidos vão chegar aqui em breve e vocês precisam ficar nessa parte do navio.

_E o que faremos, senhora sem identificação? Ficamos aqui, parados feito estátuas? O navio está a afundar, estas possivelmente são nossas últimas horas de vida! - Protesta Dom Sabino, até que se dá conta de um detalhe. - Espere, como a senhora sabe o meu nome? É da Freguesia do Ó? Nunca havia visto tamanha beleza anteriormente.

_Sempre um galanteador. Até no meio de um naufrágio - Ela sorri - Mas é sério. Vocês não podem sair daqui. Eu...eu não sei como aconteceu... mas vai acontecer. - Diz, nervosa.

_Como aconteceu o que? Diga-me, senhora, por que me pede isto?

_O gelo. Vocês vão afundar... Mas fiquem próximos do gelo. Eu... eu preciso ir. - A mulher se afasta e corre para longe.

_Senhora! Senhora, aonde vai, espere! - Dom Sabino começa a chamar, até que acorda, gritando - Senhora!

_Sabino, o que aconteceu? - Pergunta Agustina, que acorda assustada. - Que senhora é esta? Não me diga que é a Messalina...

_Não diga bobagens, senhora minha esposa. Foi apenas um pesadelo que tive - Responde Dom Sabino, que fica pensativo. Antes, não se lembrava de mais nada que tinha ocorrido antes do naufrágio, mas no fundo sentia que realmente havia encontrado uma mulher. E, com base naquele sonho, tinha certeza de que aquela mulher era Carmen.

Amadeu estava na sede da Criotec, observando as capsulas criogênicas, quando a advogada Mariacarla chega.

_Vim o mais o rápido que pude, assim que me disse que haviam uns documentos de meu interesse... - Diz.

_Doutora Mariacarla, que prazer recebê-la aqui. Tenho sim, vamos à minha sala. - Os dois chegam lá e Amadeu pega vários documentos. - Dom Sabino assina tudo que pedem sem ao menos ler. Achava que não seria tão fácil conseguir isso.

Túnel do Tempo - CarminoOnde histórias criam vida. Descubra agora