3 - Você faz tudo o que pode para ser feliz?

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ANNA

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ANNA

"Estranhamente, esses dias eu apenas gosto das coisas fáceis

Ainda assim, eu continuo gostando de música da Corinne mais do que nunca

Mais do que um rosa forte, eu prefiro um roxo mais escuro

E o que mais? Pijamas com botões, batons

E brincadeiras travessas" Palette, IU (Feat. G-DRAGON)

Não sei dizer exatamente o que me acordou primeiro; as pontadas de dor de cabeça, a ressaca moral ou o despertador.

Assim que abri os olhos, o mundo ainda girava um pouco fora de órbita, como se o universo estivesse me punindo por ter vivido a minha vida de modo tão ridículo nos últimos anos.

Ou talvez fossem as vertigens de sentir que, aos poucos, meu mundo voltava para os eixos moldados pelos meus sonhos e vontades.

Ignorei os alarmes e sonecas do meu celular até eles se tornarem sons tão distantes quanto o dos carros e ônibus que passavam incessantemente do lado de fora da minha janela. Simplesmente deixei que os minutos corressem enquanto ficava na cama encarando o teto. 

Quando as possíveis respostas à "o que acontece se eu ficar na cama e ignorar o mundo?" ainda me afetavam, eu conseguia me empurrar de volta pra rotina da vida real. Mas o medo das consequências já tinha desaparecido há muito tempo.

Só de pensar em levantar para ir para a reunião fazia com que eu me sentisse tão mal como quando me arrumava para ir aos encontros com o Thiago. A boca do meu estômago se contorcia e os músculos da coluna queimavam em antecipação ao estado de tensão em que eu ficaria durante as oito horas que trabalharia na agência.

Todos os dias eu insistia com meu trabalho, assim como todos os dias, durante sete anos, eu insisti com Thiago. Não era a toa que, como meu relacionamento, minha carreira estava completamente estagnada.

Eu era boa no que fazia, mas não tinha tesão pela minha profissão. Nunca senti aquela paixão que fazia meus colegas correrem um quilômetro a mais para aprender e serem melhores que "meus concorrentes".

"Você faz tudo o que pode para ser feliz?" o fantasma do meu eu de 16 anos soprou novamente aos meus ouvidos.

Levando em conta que preciso do meu emprego para pagar as minhas contas e comprar as coisas que eu quero? Mais ou menos.

O problema dessa resposta era que, quanto mais eu olhava para todas as coisas que eu tinha comprado, mais eu sentia que não precisava de nada daquilo. Que me matar de trabalhar por aquilo era perda de tempo.

E desde quando ter um monte de coisas é sinônimo de felicidade?

Se fosse, eu não teria passado a noite no bar reclamando da vida. Eu estaria ocupada demais vivendo para ter tempo de reclamar.

A Ilha dos Sonhos Perdidos [COMPLETO] ~ Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora