- Um luau? Nunca fui a um antes. – Digo animada.- É uma pequena festa de boas-vindas para a abertura da final da competição mundial. E é no litoral norte da ilha. Fica a uma hora daqui.
- O lugar dos surfistas. – Sorrio.
- O lugar dos surfistas. – Peter afirma.
- Tudo bem, eu topo. – Paramos em frente ao Hotel que estou hospedada.
- Venho te buscar as quatro?
- Isso, as quatro. – Me despeço de Peter e vou em direção ao hall do hotel.
"Caramba que fome" penso comigo mesma. Minha barriga pedia por comida. Olho no relógio e já são uma e meia da tarde. Precisava comer, mas eu havia acabado de chegar do hospital, sem chances de sair desse quarto agora. Então pedi serviço de quarto. Um belo prato de espaguete com frutos do mar.
Passei a tarde toda na internet lendo sobre os luaus e acabei esquecendo totalmente do tempo. Faltava vinte minutos para Peter vir me buscar. E quando pensei em me apavorar, lembrei das consequências do meu surto de manhã. "Relaxa Alexia" era a única coisa que eu pensava.
Na internet dizia "roupa branca é a solução". E foi nessa linha de pensamento que vesti um cropped ombro a ombro branco e uma saia longa envelope – aquele modelo que na frente é mais curto.
Depois de pronta me dei conta que não havia dado meu número a ele. Ótimo. Agora nunca saberia se ele já havia chegado. Tudo bem, não vou mais ao luau. Não acredito que dei esse mole. Olho no relógio e são quatro horas em ponto. O caos já havia se instalado na minha cabeça quando de repente o telefone do quarto começa a tocar.
- Olá? – Digo confusa
- Senhorita Alexia Médicci? – Escuto a voz de um homem. Provavelmente o que cuida das reservas.
- Sou eu.
- Ah ótimo. – Ele parece aliviado. – Sou Francis, o gerente do Hotel. Tem um rapaz te esperando no saguão. Peter...
- Mayer. – Escuto a voz de Peter no fundo da ligação.
- Peter Mayer.
Sorrio de nervoso. Mas é claro! Ele só precisava do meu nome para me achar no Hotel. Parece que Peter é mais esperto do que pensava.
- Tudo bem, obrigada. Por favor, avise que já estou descendo.
Fiquei parada ao lado do telefone pensando no quanto eu me apavoro por nada.
Quando chego ao hall do hotel, Peter estava lá. Bermuda branca e camisa branca. "Obrigada internet" penso.
- E então, vamos? – Digo alto o bastante para que ele perceba minha presença.
- Ah, oi. – Ele sorri e me observa. – Você está linda.
- Obrigada. – Sorrio com timidez
No caminho até o 'lugar dos surfistas' Peter e eu conversamos bastante. O que me fez conhecer um pouco sobre sua vida agitada de surfista, e no fim despertou meu interesse pelo surf. Foi então que percebi que minha visão sobre esse esporte era bem limitada. Descobri também que ele surfou pela primeira vez com apenas dois anos de idade, e tem uma irmã pequena chamada Malina. Peter era engraçado, e sua visão de mundo era tão mais vasta que a minha. E mesmo com apenas dezenove anos já havia estado em tantos lugares.
- Mas nunca tentou surfar? Nem em uma praia com ondinhas? – Ele parecia surpreso.
- Já tentei ficar em pé em uma prancha. Mas como você deve ter visto hoje mais cedo, não dá certo. – Dito isso, ele começa a rir.
- Na verdade, eu estava morrendo de rir na sua tentativa de ficar em pé na prancha.
- Espera, então você viu tudo aquilo? Que vergonha. – Digo tampando meu rosto.
- Como você acha que fui te socorrer? – E mais uma vez ele riu. – Desculpe, não consigo evitar.
- Isso. Ri das minhas tentativas falhas.
- O.k., sendo assim, eu vou te ensinar a surfar.
- Me ensinar? Eu não acho uma boa ideia. Sou totalmente desequilibrada para esse tipo de coisa. Provavelmente meu equilíbrio saiu para viajar o mundo e se perdeu em algum lugar.
- Então vamos encontrar o seu equilíbrio, e fazer ele voltar para o seu corpo. – Ele desvia o olhar da estrada e olha em minha direção, o que me faz sorrir sem graça.
- Sendo assim, eu topo. – Digo.
- Isso! – Peter sorri. Seu sorriso era contagiante, e suas covinhas eram seu charme. – Bom, acho que chegamos. Alexia Médicci, bem-vinda ao Hostel Ke Kai, que em havaiano significa 'O mar'.
A casa estava toda iluminada e vendo por fora, parecia gigante. Caminhamos em direção ao jardim da casa, que dá de frente para a praia. Havia lanternas de papel por toda parte. Na areia da praia, uma fogueira enorme estava montada. A música ao fundo era havaiana.
- Vocês chegaram! – Uma mulher que parecia nativa abraçou Peter.
- Liza, essa é a Alexia Médicci. – Peter me apresenta.
- Ah, você é a menina que se afogou na praia. – Ela diz e minha cara vai no chão de tanta vergonha. – Prazer em conhece-la. Sou Liza Malakau. – Aperto sua mão e ela me entrega um colar de flores – Kai! Lana! – Ela chama e um menino e uma menina aparecem. – Esses são meus filhos, Lana e Kai. – Cumprimento eles com um sorriso, e eles retribuem. – Lana, por que não mostra o Hostel para a Alexia Médicci?
- Ah, só Alexia. – Digo.
- Tudo bem, 'só Alexia'. Vem, vou fazer um tour com você. – Lana brinca e me arrasta para dentro do Hostel. – E então, quando chegou em Oahu?
- Na sexta-feira. – Respondo. – Você já foi a muitos luaus?
- Claro, aqui nós temos direto. Esse é o mais especial do ano. Por conta da localização do hostel recebemos surfistas de toda parte do globo. – Ela diz empolgada. – E todo final de ano no Havaí acontece a última etapa da competição mundial de surf. O Peter já deve ter te contado. Então sempre fazemos o luau para dar as boas-vindas.
- Ah, sim. E de onde você o conhece? Digo, o Peter. – Pergunto.
- Ele é amigo do meu irmão, Kai. Os dois surfam, então... – Ela mexe a cabeça. – E o Peter? Toda a imprensa o conhece. – Lana diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, mas para mim era tudo notícia fresca.

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Made in Hawaii
Teen FictionConheça a história de Alexia, uma adolescente de 17 anos simpática, linda e cheia de sonhos. Conheça também a história de Peter, um surfista com sonho de se tornar o mais novo campeão da Liga Mundial de Surfe. Dois mundos opostos que se encontram...