Dois

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Ela estava andando a sua frente em meio ao pomar. Andando não, flutuando. Lauren ficou parada onde estava, impressionada com o que vira.

A moça deve tê-la ouvido se aproximando porque, esbelta e ágil, virou-se para encará-la. Seu pequeno rosto era tão delicado e extravagante que Lauren perguntava a si própria se estava tendo uma alucinação. Pequena e graciosa, estava em pé rodeada de ranúnculos na altura do tornozelo, semelhante a uma ilustração medieval.

Lauren não costumava ter tanta imaginação, e tentou entender por que tivera tal impressão. Fora sua saia longa que se abria abaixo do joelho, ou o top creme de mangas compridas que delineava seu corpo esguio como se fosse uma segunda pele.

Ou talvez fosse o cabelo escuro e cacheado vindo de um laço que ficava preso com...

Ela havia prendido seu cabelo, na altura da nuca de seu longo pescoço, com um cordão de folhas, heras ou algo parecido. Enlaçado com flores de verdade. Esquisito.

Depois de ter vivido a experiência desagradável de um arrombamento e dois assaltos - um dos quais envolvera uma mulher que chamara sua atenção com uma história chorosa e plausível - Lauren aprendera a ficar alerta ao primeiro sinal da presença de estranhos itinerantes.

- Você está na minha terra! - resmungou Lauren.

Sua expressão plácida não se alterou, a moça permaneceu muito calma e tranquila.

Enquanto seguia em seu rumo, uma pequena mão se estendeu, toda humilde, para cumprimentar a empresaria.

- Sou Camila Cabello. Como vai você?

Era uma voz gentil e suave, mas antes de saber disso, já havia pego seus dedos delicados e agitados, e resmungava menos impaciente.

- Lauren Jauregui.

Será que ela notara como estava nervosa? Pensou Camila.

- Você disse que esta era a sua ilha - disse com a voz rouca e o rosto perplexo.

- Aparentemente é - respondeu Lauren.

Ela ponderou e resolveu que seria melhor lidar com a loura. A mulher devia ser o que dessa morena estonteante? Melhor esperar para conversar com ela.

- Você está sozinha? - perguntou zangada os olhos verdes brilhando.

- Sim. Só eu - respondeu ela calmamente.

- O que você está fazendo aqui? - perguntou.

- Vim falar com a loira que vinha trazendo coisas pra casa - anunciou Camila com absoluta sinceridade.

- Veio?

Camila continuou a fitá-la com uma expressão amável e reservada.

- Posso vê-la? Ela está em casa?

- Não.

- Creio então que vou voltar mais tarde quando ela estiver em casa - sugeriu em tom austero.

- Não faça isso. Espere! - ouviu enquanto se virava para partir.

Por uma fração de segundo, achou que o olhar duro da executiva havia ficado mais suave.

- Você vai ter que falar comigo - disse Lauren repentinamente. - Vamos ver se tem uma desculpa convincente para estar aqui.

- É claro que tenho! - respondeu Camila surpresa, sem se enervar com a sua indelicadeza.

- Neste caso, não vou ficar aqui em pé, afundado no estéreo até o joelho - exagerou. - Vamos entrar.

Sem esperar a resposta para a sua ordem arrogante, Lauren Jauregui saiu com passos largos pela trilha, enquanto seus sapatos caros atolavam-se na lama.

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