-Oi, é, seja bem-vinda a vizinhança, prazer eu sou o Harry.- Disse me entregando a cesta.
-Ah, oi de novo e obrigada mas eu cresci aqui, abei de voltar, por isso que eu disse que era meio nova,- Disse dando ênfase no "meio".- Mas obrigada, eu nunca tinha te visto por aqui antes.
-É, deu para perceber isso ontem.- Disse me fazendo lembrar do constrangimento do dia anterior.
- Enfim é porque eu me mudei já faz uns dois anos.
-Já faz dois anos também que eu sai daqui. Ham, você quer entrar, tem algumas coisas desorganizadas ainda.-Digo dando espaço para ele entrar.
-Claro!- Disse passando por mim.- Não tem problema, você se mudou ontem mesmo né?
Disse se sentando no banquinho da bancada na cozinha.
-Sim, eu acho que você viu mais cedo né?- Comentei sobre o acontecimento estranho da manhã passada.
Ele me olhou com uma cara meio confusa.
-Eu vi?
-Bom...eu vi uma pessoa na janela do quarto que dá de frente para o meu, acho que foi você né? Ou mais alguém mora com você?
-Ah não, fui eu sim, eu moro sozinho, apenas não estava me lembrando.- Ele diz com uma certa certeza. -Sinto muito mas eu só queria ver se era a moça que sempre vem aqui limpar, achei estranho até porque faz tempo que ninguém mora aqui.- Disse coçando a cabeça.
-Ah sim, tenho quase certeza de que essa moça de quem você está falando é a minha mãe.
- A sim, isso explica muita coisa.- Ele ri e depois fica sério.- O que aconteceu com o seu rosto?- disse tocando na minha bochecha.- Eu só percebi agora mais de perto.
-Ahh, não é nada de mais.-Digo tentando não lembrar da madrugada.- Aliás me desculpa por ontem eu tava um pouco estressada e com fome.- digo dando um sorrisinho de leve.
-Está tudo bem, eu te perdoo, mas só se você me perdoar por ter sido grosso com você no mercado.
-Ah não foi nada.
-Eu até achei um sabão em pó novinho guardado em uma gaveta na lavanderia e me senti culpado, então eu coloquei o que eu comprei ontem na cesta para você.
-Ahahaha, wow obrigada eu não tinha visto.
-De nada, eu só queria recomeçar com você, parecia ser uma pessoa legal, ter pelo menos uma amizade aqui nesse bairro.
-É talvez seja legal mesmo, obrigada.
-Então...essa casa é sua mesmo?
-Meio que é sim, eu morei aqui desde pequena com a minha família até um tempo atrás antes de mudar para Nova York. No fim, depois que meu pai morreu, minha mãe se mudou para a casa do esposo deixando essa para alugar, então quando eu voltei eu decidi morar aqui, já que ninguém quis morar aqui.
Ficamos conversando até a hora do almoço. Esquentei o macarrão com queijo que havia feito na noite anterior e comemos, falamos de assuntos aleatórios e ele perguntou um pouco sobre por que eu me mudei para Nova York, eu disse tudo o que tinha acontecido lá menos a parte de que me envolvi com um babaca traficante que fudeu minha vida e meu psicológico, não seria necessário ele saber.
Como sobremesa, comemos os muffins e donuts que ele tinha colocado na minha cesta.
Ele parecia ser um cara super legal, acabamos nos conhecendo muito bem. Ele mencionou que usava muitas drogas na adolescência também mas agora só fuma cigarro e as vezes maconha. Um detalhe que me chamou um pouco a atenção, até porque o último cara que eu namorei usava drogas e isso acabou me repreendendo até então.
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Fake Face
RandomAos 20 anos, Catarina volta para a sua terra natal, deixando em Nova Iorque todo seu passado e ex relacionamentos. Com uma nova vida em Londres, Catarina também conhece um novo amor. Mas às vezes, as pessoas não são o que parece ser.