Revirei-me a noite toda naquele sofá, os minutos pareciam horas e as horas se tornavam em dias. Ao mesmo tempo em que estava animado por estar fora daquele laboratório, eu também estava muito inseguro, era tudo tão novo e surpreendente.
Acabei despertando com o canto do galo, tentei pegar no sono novamente, mas não consegui, pois logo senti uma mão chacoalhar meu ombro, junto pude ouvir uma voz calma e suave que me pedia para levantar. Pude ver uma sombra se afastando mais e mais por aquela enorme escadaria. Em cima da mesinha de centro haviam novas roupas e uma toalha de banho, me dirigi ao banheiro e comecei a fazer minha higiene matinal, o banheiro daquele lugar é tão diferente do que ficava no meu quarto, lá era tudo cinza e tão sem vida, já aqui o ambiente é enorme, sem contar que a decoração é impecável, os ladrilhos de cor azul combinam com os tapetes, assim como os tapetes combinam com o tom branco do armário. Assim que termino saio com a toalha sobre meus ombros, podia sentir que as pontas do meu cabelo pingavam, algumas gotas caíram no chão e o molharam. Enquanto caminhava até a sala me encontrei com Diane, a mesma parecia estar furiosa.
- Você pode acabar pegando um resfriado dessa forma, não sabe?! – diz ela enquanto retira a toalha de meu ombro e começa a esfregar meu cabelo.
Pude sentir que meu coração bateu mais rápido naquele momento, será que é isso que meu pai queria dizer com atração sexual?
- Nós vamos partir daqui 5 minutos, é melhor estar com uma boa aparência ao chegar lá, consegui uma vaga em um dos melhores e mais chique orfanatos que se tem em New York, é meio afastado do centro da cidade, porém não acho que isso seja um problema.
Senti-me meio triste ao saber que já haviam achado outro lugar para eu ir, gosto das outras crianças que moram aqui, apesar de a maioria ter entre 5 a 10 anos, mas eu não posso fazer muita coisa sem ser ir para essa nova casa. Quem iria me levar para lá era Diane, nos primeiros 10 minutos em que estávamos no carro foi como se o gato tivesse comido nossa língua, era meio constrangedor todo aquele clima tenso, até que eu resolvi quebrar o gelo e puxar assunto.
- M-mas e aí, como você está?
- Eu estou bem, e você?
- Eu não sei exatamente como estou, é meio confuso isso tudo – digo tão baixo que até tenho a impressão de que ela não escutou.
- Sabe Dylan, eu entendo você, e acho que por esse motivo me sinto um pouco triste de ter que levá-lo para outro lugar, quando era pequena e meus pais morreram eu morei em três casas diferentes, primeiro morei com a avó de meu pai, porém ela sempre me detestou, segundo ela eu era o fruto do maior erro de seu filho, e então ela sempre me batia e trancava-me no quarto, até que um dia eu fugi de tudo e acabei no orfanato que trabalho hoje em dia, depois de uns 6 anos uma família rica quis me adotar, nessa época eu deveria ter uns 16 anos, eu estava me transformando em uma mulher, meu corpo estava mudando e aquilo era novo para mim, a esposa era uma mulher meio grosseira comigo, ela nunca aparentou gostar muito de mim, o marido era o contrário dela, ele era um homem gentil e bondoso. Certa noite, depois dos dois terem bebido muito eu fui dormir no meu quarto como de costume, porém ao chegar perto do quarto principal senti uma mão me puxar e a outra tampava minha boca, eu estava assustada naquele momento e não sabia o que estava acontecendo, fui jogada na cama, e pelo feixe de luz que passava pela extremidade da porta pude ver que era o marido que estava por cima de mim, no momento em que ele começou a me beijar a esposa dele abriu a porta, nunca fiquei tão feliz como estava naquele momento. Eu corri para os seus braços chorando porém a mesma me empurrou para longe e começou a me xingar de todos os nomes possíveis. No dia seguinte eu fui devolvida para o orfanato e toda vez que algum casal tentava me adotar eu pregava diversas peças de mau gosto e fazia com que eles desistissem no mesmo tempo. M-mas enfim, desculpe por desabafar contigo, eu acabei falando demais – ela termina dando uma risada sem jeito.
- Está tudo bem, Diane – digo isso enquanto meu coração somente queria abraçá-la e falar para ela que toda aquela fase ruim já passou, mas não faço isso, talvez a minha timidez tenha me impedido ou o fato de que ela estava dirigindo e que poderia atrapalhar sua concentração.
- Bem, o orfanato em que você irá morar a partir de hoje se chama Lost Children, ele é um dos maiores e mais chiques orfanatos, dizem que a forma em que as crianças são tratadas lá é maravilhosa, a comida é da melhor qualidade e as roupas das melhores marcas, fiquei sabendo que tem uma grande empresa que todo mês doa uma quantia enorme para esse lugar, e graças a isso é possível elas darem tal tratamento, tenho certeza de que você vai amar - diz ela tentando trocar de assunto.
Estava ansioso para chegar lá, mas meu subconsciente tentava me alertar que havia algo de errado nessa situação toda.
Depois de horas de conversa finalmente consegui ver a silhueta do local, desejo que eu esteja errado sobre esse meu pressentimento pois não quero que tudo dê errado como a maioria das coisas em minha vida, por isso irei tentar ser mais positivo dessa vez.
YOU ARE READING
The Experiments
FanfictionVocê já parou para pensar nas inúmeras coisas que existem mas que você não consegue -e muitas vezes não se permite- enxergar? E se todas aquelas histórias com super heróis, vilões e superpoderes fossem reais? Já sequer cogitou nessa possibilidade? P...