Dylan

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“Fuja Dylan, seja livre e nunca, nunca mesmo te deixem lhe chamarem de uma experiência. Sei que não vai ser fácil, mas você não pode desistir de tudo, você deve ser forte. Ah meu filho, você sempre será o meu maior tesouro, e não se esqueça de que eu te amo com todas as minhas forças, seja feliz”.

Essas palavras ainda ressoam pela minha cabeça e toda vez que eu me lembro de seu rosto meu peito dói, sinto como se isso fosse me devorar e acabar com a minha existência, mas não posso desistir, afinal de contas ela me pediu para ser forte, não posso negar seu ultimo pedido...

Já faz horas que estou andando, o sol se pôs a dormir e a lua brilha no topo do céu, os prédios de New York iluminam o ambiente em que estou, que por sinal é extremamente belo, tons de roxo, azul, verde, amarelo, laranja, se tem tantas cores espalhadas por aqui, eu não fazia a mínima ideia de que o mundo exterior era tão bonito assim já que antes meu pai nunca me permitiu sair do laboratório, para ele eu sempre fui somente uma ferramenta de estudo, mas eu sou muito mais que isso, eu sou um ser humano como todos os outros, eu só queria ter tido uma vida normal, ter ido à escola e fazer amigos, me apaixonar, eu só queria ter um lugar onde eu pudesse chamar de lar e que me reconhecesse ali.

Lagrimas escorrem do meu rosto, mas por quê?   Por que isso dói tanto? Sinto uma mão encostar-se ao meu ombro, meu coração congela de medo de ser algum agente de meu pai, por isso me viro com certo receio.

- Com licença, garoto você esta bem? – Diz uma bela jovem em um tom gentil.

- E-eu estou – digo envergonhado

- Sua mãe esta por aqui? Já esta tarde para estar andando sozinho pelas ruas, ainda mais com os boatos que estão circulando por ai.

No momento que ela citou minha mãe meus olhos não conseguiram mais parar de chorar, estava obvio que eu havia a perdido, e nesse momento pude notar que sua face mudou totalmente para um ar mais preocupado, ela realmente aparenta ser uma moça gentil.

- Eu me chamo Diane e sou funcionária de um orfanato que fica a alguns quilômetros daqui, se quiser pode passar a noite lá – diz ela enquanto me entrega um lenço para minhas lagrimas

- Eu me chamo Dylan – pensei em dizer meu sobrenome, mas hesitei ao me lembrar de que ela pode me querer levar ate ele se descobrir – e obrigado pela sua oferta, eu a aceito

Como estava frio naquela noite e era bem provável que tivessem pessoas atrás de mim aquela era a oferta que eu mais precisava naquele momento, por isso aceitei sem nem pensar duas vezes.

Andamos mais um pouco até chegar ao seu carro e durante todo o percurso fomos conversando, inventei uma falsa história sobre meus pais, falando que eles sofreram um acidente de carro e os dois faleceram de imediato, e eu teria ficado em um hospital para fazer exames, mas acabei tendo um surto e fugi de lá, e isso explicaria as minhas roupas atuais, por sorte meu pai decidiu não colocar o logotipo da sua empresa nas roupas de seus experimentos. Descobri que ela perdeu sua família quando era criança e desde esse dia o orfanato se tornou seu lar, depois de crescer resolveu se torna funcionária do local, pois assim poderia acolher crianças que sentem que não deveriam mais estar vivos, ela é realmente uma pessoa incrível, nunca havia conhecido alguém assim antes sem ser a minha mãe.

- Chegamos – diz ela desligando o motor do carro – seja bem-vindo ao orfanato luz do sol

O lugar era enorme, a frente toda era repleta de flores e árvores, no lado da casa podia se notar uma pequena plantação de legumes, havia também uma estufa, ela me pediu para segui-lo e fez um sinal como se fosse para eu fazer silencio. Assim que entramos uma mulher nos aguardava sentada em uma das poltronas verde que se tinha naquela sala que daria uns cinco quartos meu. Ela parecia estar furiosa e logo em seguida começou a falar em um tom de bronca

- Onde você estava Diane? Todas as crianças estavam preocupadas contigo, já são quase duas horas da manhã, você não tem noção do horário?

- Me desculpe Elis, é que ocorreu um imprevisto enquanto voltava e por is...

- Você sempre tem uma desculpa para tudo né mocinha?

Assim que aquela mulher me viu sua expressão mudou, toda aquela bravura de repente passou, pude notar que a forma que ela olhava para Diane não era mais como se ela fosse uma adolescente que tivesse chegado tarde de uma festa, e sim uma jovem mulher com um coração maior que seu próprio corpo

- Essa deve ser a terceira criança que você trás essa semana Diane, como vamos sustentar todas elas dessa forma? – Diz Elis enquanto ri com a tamanha bondade que havia no coração da garota

- E-eu sei, é que eu não podia deixa-lo dormir na rua, ainda mais com os boatos que estão rolando...

- Tudo bem, eu entendo Diane, eu faria o mesmo que você nessa situação, porem terá que achar outro lar para ele, pois já não temos mais como manter mais uma criança, nosso orçamento foi cortado nesse mês

- Eu entendo perfeitamente, essa vai ser a única noite que ele vai passar aqui, amanhã mesmo eu já irei achar um novo orfanato para ele

Depois da conversa Diane me disse que o único lugar disponível para eu dormir seria o sofá, enquanto ela falava me entregou algumas roupas e uma coberta, antes dela ir embora segurei seu braço, senti que ela levou um susto, mas antes de ela dizer algo eu acabei indo direto ao assunto

- Me desculpe te parar dessa forma, mas que boatos são esses que você disse?

- Ah esta tudo bem Dylan – ela disse enquanto se sentava no sofá – já fazem semanas desde que isso surgiu, estão falando que viram um grupo de homens tentarem atacar uma adolescente em um beco, e então ela fez todos eles voarem com um soco, e a pressão desse soco foi tão forte que abriu um buraco na parede, e essa não é a primeira vez que algo assim ocorre, já teve outros casos em que aconteceu um acidente em que os fatores dele não correspondiam as leis naturais do mundo, mas você não precisa ter medo disso tudo, pois eu irei te enviar para um lugar seguro.

- Obrigado por tudo que você esta fazendo por mim Diane, sempre serei grato a você.   

- Não é nada Dylan, se me da licença eu irei ir dormir agora, boa noite.

Pude notar que suas bochechas ficaram coradas quando a agradeci,mas não vou perder meu tempo pensando nisso, preciso dormir para reabastecer as minhas forças, pois amanhã será um grande dia.



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