Capitulo - 1

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Saindo da fábrica e sentada no último banco do transporte público, Zalika imaginava o dia que chegou em Cambaya, em que tudo a vista era como se estivesse a pisar o solo da terra prometida, diante de um povo que apresentavam ter uma vida estável e cheio de ilusões para esbanjar.

No entanto, aquilo que era rosa, durante dois anos, se transformou em um cravo de espinhos, ou seja, uma perda de tempo. Ela perceberá que jazia um monopólio dentro de Cambaya, que tentava enganar os citadinos daquele vilarejo. O seu rosto abatido, com os olhos cansados e mãos ressecadas de tanto labutar naquele fabrico tóxico e barulhento, não conseguia nem ao menos abrir a boca e pedir para o motorista parar enquanto avistava de longe sua paragem ser deixada em uma velocidade desgraçada.

-Desculpa, moça! Esqueci sua paragem pela terceira vez... -Dizia o novo motorista, que não conseguia olhar para o rosto aborrecido de Zalika, que engolia salivas em forma de sapo seco, de tão antiprofissional que ele era.

Zalika desceu em um silêncio de deixar os outros passageiros comovidos com a sua paciência, por três dias seguidos sendo obrigada a caminhar dez minutos a pé até a sua casa, levando apenas um pedido de desculpas sem retrucar , muito menos enrugar o rosto e dar uma dura olhada da esquerda para o filho da mãe do motorista, - cara de mandioca- que tinha medo de travar na paragem da moça, somente porque ficava ao lado de uma agência funerária.

-Eu tenho fobia de agência funerária, desde a época que eu era um garotinho...desculpa mais uma vez, moça!

-Cale a boca e conduza!- Finalmente, uma senhorinha falou as palavras que Zalika tinha instalada na sua garganta.

Já era noite e Zalika acabava de chegar na porta de sua pequena casa, seu corpo ainda estava cansado e deu um meio suspiro acompanhado com um alto grito de decepção, quase lhe caiam lágrimas nos olhos, sentou-se no degrauzinho da porta e avistava de longe um homem, não qualquer varão, um homem de aparência gostoso, dentro de um preto e brilhante terno, exibindo um largo sorriso capaz de descontrolar qualquer garota, até mesmo uma mulher conservada como Zalika.

Nos súbitos fortes passos dos seus sapatos, pisando o chão do asfalto em tom alto e cheio de ousadia. O homem parecia estar a gingar de emoções, sacudindo uma pasta preta repleta de papeladas e se aproximava ainda mais até ao lado da casa de Zalika, que a mesma escoltava de camarote a alegria do belo rapaz. Não era apena os estilhaços dos sapato que a tocavam e não só o sorriso sedutor dele, mas também, o forte cheiro no ar, do perfume caro de uma famosa marca Francesa e sua voz calorosa que dava para perceber o bom linguajar cheios de palavras gramaticais que ela aprendera nas duas escolas das madres onde teve a sua infância, seis anos da imigração.

ZalikaOnde histórias criam vida. Descubra agora