Capítulo 1

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POV Vitória Tavares

O trânsito estava caótico em pleno final de tarde de segunda-feira. Várias buzinas de carros eram ouvidas por todo o lado, e o calor infernal que fazia lá fora, não ajudava muito.

Olhando pelo vidro da janela do passageiro, eu admirava a costa de praia, pela qual passávamos. Baixei o vidro e inspirei o cheiro a maresia. Era tão bom!

— Estás muito calada. — O meu irmão disse e eu fechei o vidro, olhando para ele.

— Tive um dia difícil? — não era suposto ter saído como uma pergunta.

— Queres conversar sobre isso?

—Nem por isso. — dei de ombros. — Mas obrigada.

O meu irmão apenas focou novamente a atenção na estrada, uma vez que já nos começávamos a mover, e não tocou mais no assunto.

A verdade é que estava bastante ansiosa, porque íamos jantar com o André e com o irmão, Afonso. E, embora o André fosse o meu melhor amigo, meio que tivemos uma discussão e ambos dissemos coisas que não queríamos. Então, acho que estava com receio do que possa acontecer.

— O André disse-te qual era o restaurante? — Francisco perguntou e eu bati os ombros.

— Não...

— Como não? — ele juntou as sobrancelhas e eu suspirei.

— Nós não temos falado.

— Isso é impossível! Vocês falam todos os dias. E, mais do que uma vez ao dia.

— Meio que estamos chatedos. Então não falamos à quase uma semana.

— Ok. Queres falar sobre isso? — questionou e eu dei de ombros, começando a falar.

— Foi só uma discussão parva sobre cenas da faculdade e do futebol, então não tem muito que se lhe diga. Apenas que ambos fomos parvos.

— Mas ambos são orgulhosos e nenhum quer dar o barço a torcer.

Apenas suspirei, não negando a sua afirmação, porque tinha a perfeita noção que ambos somos bastante orgulhosos. Desde crianças mesmo.

Desde que me lembro que eu e o André somos inseparáveis, não só por as nossas mães serem amigas, mas também porque éramos vizinhos, e apenas tínhamos dois anos de diferença. Enquanto André já rondava a casa dos vinte e três anos, eu ainda me mantinha nos vinte e um.

Mas isso não era importante. O importante era que sempre nos defendemos um ao outro. Sempre que tínhamos um problema procurávamos resolvê-lo no mesmo instante, e isso só servia para fortalecer a nossa amizade. Mas quando não chegávamos a um consenso entre nós, ficávamos de costas voltadas até, muitas das vezes, nos trancarem numa sala para que nos resolvêssemos.

Independentemente da situação, sempre fomos eu e ele contra o mundo. Ou melhor, nos jogos de futebol aos finais de tarde, na praia de Matosinhos, éramos eu e ele contra os nossos irmãos.

Mas ultimamente a distância tornava as coisas um pouco mais difíceis. O facto de eu continuar em Portugal e ele ter ido para Milão, e agora estar em Espanha, não facilitava as coisas. Embora eu soubesse que era a carreira dele que estava em jogo, e que tínhamos que aprender a lidar com a distância, eu não conseguia evitar sentir-me mais sozinha. Talvez abandonada.

— Não lhe vais mandar, pelo menos, uma mensagem a perguntar qual é o restaurante? — o meu irmão desviou momentaneamente os olhos da estrada, e eu fiz um ligeiro aceno de cabeça.

«Qual é o restaurante onde vamos

Segundos depois o ecrã do meu telemóvel acendeu em sinal de resposta.

«Não é em nenhum restaurante. É no meu apartamento

Apenas guardei o telemóvel, e passei a informação ao meu irmão. Dei um longo suspiro, sabendo que ia ser um jantar difícil.

Alguns minutos depois o meu irmão estacionou o carro no parque do prédio e rapidamente subimos até ao nono andar.

Sentia as palmas das minhas mãos suadas e o ar parecia não circular nos meus pulmões. O que raio se passava comigo?

Após o meu irmão tocar a campainha quem nos abriu a porta foi o Silva mais novo, e com um enorme sorriso no rosto.

Rapidamente ele e o meu irmão trocaram um cumprimento de mãos e um pequeno abraço. Depois deu um beijo na minha bochecha, o qual eu retribui.

— É impressão minha ou cresceste desde a semana passada? — Afonso fez uma piada e eu revirei os olhos. Qual era o problema de eu ser baixa, afinal?

Entrei no apartamento já tão bem conhecido por mim, e congelei assim que vi o meu melhor amigo, de costas para mim, a pôr os talheres na mesa.

Eu estava bloqueada.

E agora? Ia lá e agia naturalmente? Ou esperava que fosse ele a vir ter comigo?

Quando o moreno deu a sua tarefa por concluída, voltou-se nos calcanhares e os seus olhos arregalaram-se, ao constatar que eu estava mesmo na sua frente.

Deus! Eu tinha imensas saudades dele. Há mais de quatro meses que não estávamos juntos, e logo agora tínhamos que estar chateados.

— Vitória! — ele cumprimentou com um aceno de cabeça.

— A-André. — a minha voz travou, e as lágrimas queriam sair sem permissão.

Desviei o olhar e funguei o nariz, para tentar conter as lágrimas. Voltei a olhar para o moreno quando tive a certeza que as lágrimas não iam cair, e os seus braços encontravam-se abertos, prontos a receber o meu corpo.

Rapidamente envolvi os meus braços na sua cintura, e encostei a cabeça ao seu peito, inspirando o seu forte perfume masculino.

Ali era o meu porto seguro. Ali era a minha casa: nos braços do meu melhor amigo.

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Hey 👋
Não consegui resistir e mais de meio ano depois trago-vos mais uma história, voltando novamente ao nosso querido André Silva.

Espero que gostem desta história, tanto quanto eu estou a gostar de a escrever!! E já sabem se gostarem, é so deixarem uma estrelinha 🌟

Feliz Natal!!! 🎅

Boa leitura 😘

Lots of love, BITCHIAMGOD 🍀

SAFE HAVEN | André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora