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Três semanas depois nós estávamos pegando estrada, eram três carros: o de Lucas, o de Douglas e o meu. Sim, eu comprei um carro antes de irmos. No meu carro fomos eu, Ale, Vick e Mauro. No carro de Douglas foram ele e Letícia, no carro de Lucas foram ele e a Isabella. Nós nos dividimos dessa forma porque ninguém queria ir no mesmo carro que Isabella, nem o Mauro que é melhor amigo de Lucas.
-Eu nem sabia que a Ingrid dirigia. -Isabella comentou com desdém assim que paramos para abastecermos o carro.
-Tem muitas coisas minhas que você nem imagina, Isa. -eu disse sarcástica e olhei para Lucas que se engasgou com a água que ele tomava. -Fala pra ela, embuste. -ri fraco.
-Ingridslayne, sossega! -Vick disse chamando minha atenção.
-Não sou Jorge e Mateus. -dei de ombros.
-Alessandro dá um jeito na sua namorada. -Letícia se intrometeu também.
-Ela é uma mulher livre, faz o que quiser. -Ale disse e eu ri.
-Até porque não tô fazendo nada demais. -sorri. -E vamos embora logo eu quero entrar no mar ainda hoje. -disse e entrei no meu carro. -SIGA-ME OS BONS! -eu disse e buzinei.
-Dih, pega leve com o T3ddy. -Maurinho disse assim que eles entraram no carro novamente.
-Oxee, Maurinho. Eu não tô fazendo nada demais. O problema é que eu faço brincadeira e ele leva a sério demais. Se o Lucas me conhecesse tanto quanto diz saberia que eu estou brincando e o mesmo vale pra vocês.
-Ela tá certa, amor. -Vick disse. -Não tô puxando saco nem nada mas o Lucas conhece ela tempo suficiente pra saber quando ela tá brincando ou não. Sem contar que a Isabella faz por merecer às vezes.
-Às vezes? -Ale perguntou. -Meu, a mina dá corda pra se enforcar a toa.
-Isso é verdade. -Maurinho concordou. -Quer saber? T3ddy que se resolva com ela depois, ele sabe que ninguém suporta ela. -Maurinho disse e nós rimos.
-Isso aí Maurola. -eu disse imitando a voz do Chris e ele riu.
-Por que o cabeçudo não veio? -Vick perguntou.
-Christian tá entubado. -Maurinho disse e eu ri.
-Ele não trouxe a namorada porque não quis, eu convidei ela. -me defendi.
-Christian é estrela, só viaja de avião. -Vick disse e nós rimos.
Depois de algumas horas dirigindo chegamos a casa na praia que nós iríamos ficar. A casa tinha seis quartos e piscina no quintal, churrasqueira e rede pra dormir. Era perfeita.
-A suite master é minha. -eu disse e subi as escadas correndo.
-Isso é injusto. -Douglas protestou.
-Meu belo amigo Macho Alpha, a vida é injusta. -eu disse e ele riu. -Eu tô falando isso desde que a gente saiu de casa, o aluguel tá no meu nome. Mereço aquela banheira.
-Merecemos. -Ale disse subindo com as nossas coisas.
-Espertinha você, né? -Letícia disse subindo a escada também.
-Se vocês não ficarem moscando vão ter tempo de escolherem uma das outras duas suítes. -me defendi e ela saiu correndo até uma outra suíte.
-ESSA É MINHA! -ela berrou de dentro do quarto.
Os outros subiram com as outras malas e se dividiram nos outros quartos que restaram. Olhei no relógio e era meio dia e meio. Meu estômago já roncava, mas não tinha nada naquela casa pra fazer um almoço decente.
-Alguém se habilita a ir procurar um mercado? A gente precisa de alimentos pra manter essa casa. -eu disse e ninguém se pronunciou. -Se ninguém se pronunciar eu vou escolher.
-Por que você não vai? -Lucas perguntou.
-Aí você cozinha? -perguntei e ele ficou quieto.
-Vamos só quem não sabe cozinhar, o resto fica aqui e ajuda a Dih cozinhar. -Maurinho sugeriu. -Ou seja os meninos.
-E eu. -Isabella disse com a voz irritante dela.
-Você não sabe cozinhar? -Eu e as meninas perguntamos ao mesmo tempo.
-Não, minha mãe nunca me obrigou a fazer isso. -ela disse e eu revirei os olhos.
-A minha também nunca apontou uma arma na minha cabeça e me obrigou a cozinhar. -eu disse e todos riram. -Eu aprendi por independência e acima de tudo, sobrevivência.
-Você e o T3ddy vão viver de marmita? -Letícia perguntou.
-Claro que não, nós vamos contratar uma empregada. -Isabella respondeu como se fosse óbvio.
-Bora lá nesse mercado antes que eu desista. -Lucas se pronunciou e nós rimos dele. -Dormiram com o Bozo? -ele perguntou bravo.
-Vão logo ou a gente vai fazer janta ao invés de almoço. -os apressei.
-Não precisa ir todo mundo. -Lucas disse e eu encarei. -Vamos eu, o Douglas, Alessandro e Isabella. Mauro fica, já que ele sabe melhor de cozinha do que os outros.
-Não sei se posso entregar meu boy em suas mãos. -brinquei e ele riu.
-Não vou fazer nada demais, pode confiar. -Lucas disse ainda rindo.
-Então, vamos logo gente. -Doug os apressou.
-Tchau, meu bem. -Ale disse e me deu um beijo rápido.
-Ai que melação vocês dois. -Letícia resmungou e eu ri.
Enquanto o povo não se decidia sobre o que comprar para abastecer a casa, fiz uma mini lista do que eu queria pro almoço e entreguei para Alessandro. De longe pude perceber Isabella olhando para ele.
-Cuidado. -disse me despedindo dele mais uma vez.
-Ela não faz meu tipo. -se defendeu e selou nossos lábios. -Se ela tentar alguma coisa sou obrigado a ser mal educado. -sorriu.
-Abre o olho, T3ddy games. -eu disse para Lucas e ele me olhou desentendido. -Apenas siga meu conselho.
-Ok. -ele disse ainda sem entender nada.
Foram para o mercado, eu e as meninas, e Mauro ficamos organizando o restante da casa e conversando enquanto eles não chegavam.
-A Isabella olha esquisito para o Alessandro. -Vick comentou.
-Esquisito? Ela praticamente se joga em cima dele, não sei como a Ingrid não fez nada. -Letícia disse e eu apenas ouvia.
-Até o Lucas já deve ter reparado nisso. -Maurinho disse.
-Lucas não percebe nada. Ele tá cego por causa daquela mina. -me pronunciei depois de um tempo só ouvindo. -Eu já percebi tudo e só estou esperando o momento certo pra cortar aquele guizo dela. -estalei os dedos da mão.
-Se o Chris estivesse aqui já teria dado um jeito dele perceber. -Mauro comentou.
-E ele vai estar. -sorri. -Ele me mandou uma mensagem dizendo que chega hoje a noite.
-Falando nisso hoje tem uns shows na praia. -Letícia comentou. -Tô louca pra ir. -ela disse animada.
-Tomara que tenha pagode, tô louca pra sambar na cara das falsas hoje. -eu disse sambando e eles riram.
-É uma naja, Dih naja. -Mauro disse me fazendo rir.
Uns quarenta minutos depois o pessoal chegou do mercado. Ale estava com uma cara nada boa. Isabella não carregava nenhuma sacola, eu sei que os meninos são cavalheiros mas quando tem muitas sacolas nós temos que nos tocar e carregar pelo menos uma.
-Já volto. -disse e fui atrás de Alessandro que tinha subido logo que deixou as compras na bancada da cozinha. -Que cara é essa? -perguntei assim que fechei a porta do quarto que seria nosso.
-Essa mina dele me irrita com alguns comentários desnecessários. Como um cara como o Lucas pode ficar com ela. Ele é tão gente boa. -Ale comentou e eu o olhei sem entender. -Como uma pessoa pode deixar de namorar você pra ficar com ela? -Ale me encarou e eu respirei fundo.
-Foi isso que ela te falou? -perguntei e ele assentiu. -Lucas não me deixou pra ficar com ela, eu que não quis nada sério com ele. O que mais ela te disse?
-Mais um monte de asneiras. -deu de ombros. -Eu sei o que ela quer mas não vai conseguir. -selou nossos lábios. -É a palavra dela contra as suas atitudes, então relaxa meu amor. -sorriu e eu sorri de volta.
Ouvir ele dizendo aquilo me trouxe uma sensação de paz muito boa. Talvez eu estivesse começando a gostar dele. Só talvez.
-Vou descer porque tenho um almoço pra fazer junto com as meninas. Você vem? -perguntei.
-Vou tirar esse tênis e essa camisa e já desço.
-Sem camisa você não vai descer. -eu disse séria e ele riu.
-Tá com ciúme? -ele perguntou ainda rindo de mim.
-Não é ciúme, é precaução. -afirmei e ele continuou rindo.
-Para de ser boba. Vou até descer com você, se aquela mina vier com graça...
-Vocês comem sushi de cascavel hoje. -brinquei o interrompendo. -Bora, descer logo. -entrelacei nossas mãos.
-Eu espero que vocês não coloquem muita cebola no meio da comida porque eu não gosto. -Isabella resmungava na cozinha.
-Queridinha você vai cozinhar? -perguntei assim que eu e Ale entramos na cozinha.
-Claro que não. -respondeu.
-Então some da minha cozinha. Aqui só fica quem sabe cozinhar ou quem eu convido. -disse a empurrando para fora.
-Mas e o Alessandro? -ela perguntou.
-Ele é meu ajudante. Ele vai cortar as cebolas que você tanto odeia, agora vaza que é melhor pra tu.
-Nossa, Dih. -disse saindo sem graça.
-Ainda bem que tu tirou ela daqui, eu já tava pra dar uma facada nela. -Letícia disse eu ri.
-A gente iria ajudar você a cortar os pedacinhos e jogar no mar, tenho certeza de que ninguém ia sentir falta. -Vick comentou.
-Vocês são malvadas demais. -Mauro disse rindo.
-Falou o integrante da trupe mais venenosa do Brasil. -eu as defendi.
-Veneno, sim. Mas assassinato já é demais, né? -ele disse e eu revirei os olhos.
-Nada é demais perto das merdas que essa mina fala, vai por mim. -Ale disse sério e deu um tapinha no ombro de Mauro.
-O que ela falou? -Letícia perguntou.
-Eu prefiro não repetir. -Ale respondeu sério. -Mas se eu ouvir ela falando de novo, não vou res...
-Já chega, né? Deixa essa mina fora da minha cozinha aqui é só pra reinar paz e amor. Pro almoço sair perfeito.
-O que nós vamos fazer? -Vick perguntou.
-Macarrão Strogonoff. -respondi e sorri. -Algo rápido e prático. A cebola deixem comigo, eu pico ela de modo imperceptível.
-Nem cebola tu usa pra fazer comida. -Letícia disse.
-Mas não vou usar na minha comida, vou por no prato dela.
-E lá vamos nós. -Maurinho disse e eu ri.
-Chega de enrolação e vamos fazer isso logo.
Pouco tempo depois nós estávamos almoçando e conversando.
-Vocês estão sentindo gosto de cebola? -Isabella perguntou e todos responderam que não.
-Cebola? Que cebola, Isabella? Eu não coloco cebola na minha comida. Cebola diminui o tempo de conservação da comida e também sou fã de alho.
-Isa, come isso e para de reclamar. Você tá reclamando desde que nós saímos de casa. -Lucas disse chamando a atenção dela e eu ri por dentro.
-Aff, Lucas. -ela resmungou.
-Christian tá vindo pra cá. -tentei mudar de assunto.
-Mas ele disse que não vinha. -Lucas disse desconfiado.
-A gêmea querida aqui conseguiu que ele viesse. -eu disse animada.
-Será que um dia eu vou me dar bem com seus amigos também? -Isabella perguntou para Lucas e eu ri alto. -Tá rindo de que garota?
-De você se fingindo de sonsa. -disse ainda rindo.
-Eu? -perguntou cínica.
-Obvio. -respondi firme.
-Ingrid... -Lucas tentou me interromper.
-Se você gosta de se fazer de cego o problema é todo seu, Lucas. Mas eu não vou bancar a cega e nem fingir que sou muda. E o negócio é o seguinte, Isabella: Abre teu olho e para de bancar a sonsa, porque se aquilo se repetir de novo o bagulho vai ficar louco pro seu lado. -disse e fui saindo da mesa. -Vou sair daqui antes que eu perca o apetite de vez.
Coloquei meu prato na pia e fui me sentar na rede que tinha na varanda do quarto que eu dormiria. Coloquei uma música e fiquei tentando relaxar, porque para mim a viagem já tinha acabado.
-Tá fazendo o que aí isolada. -Chris apareceu do nada.
-Me isolando mesmo já que eu acabei com a viagem toda. Porque eu sempre tenho que falar as coisas e não sei ficar quieta? Eu poderia bancar a falsa e não falar nada, ou me fazer de sonsa como algumas pessoas fazem por aí. Mas não, eu sempre tenho que ser a esquentada que não pode ver nada que já sai falando tudo. Ser sincera é péssimo demais às vezes.
-A verdade nunca é demais, Dih. Doa a quem doer. -sorriu e me abraçou. -Sobre essa mina aí ele só tá com ela por pirraça, você sabe disso.
-Pirraça pra quem, Christian? Lucas é adulto tem que parar com essas atitudes que machucam ele só pra provar algo para alguém.
-Cê sabe que ele só está com ela porque você não quis nada com ele. -Christian disse e eu balancei a cabeça negativamente.
-Isso tá errado. Ele tem que viver a vida dele e ser feliz pra ele. Não tem que ficar tentando me atingir ou fazendo mal pra si mesmo, isso me afasta cada vez mais.
-Já tentou falar isso pra ele?
-Que jeito, mano? Tudo que a gente vai conversar vira discussão besta, sabe. Tá cada vez mais difícil de conversar e depois do esporro que eu dei na namoradinha dele aí que ele não vai querer falar comigo mesmo.
-Vai sim. Ele tem um coração bem mole quando o assunto é você. Vai por mim. -Christian disse e eu ri de nervoso. -Gentchy quem é aquele boy loiro platinado que tá lá fora sem camisa. -fez voz fina e olhou para Ale sentado lá fora me fazendo rir.
-Meu quase namorado. -respondi rindo.
-Como assim quase namorado?
-Não teve um pedido ainda por isso tô dizendo quase namorado.
-Ah tá. -sorriu. -Eu espero que ele te faça feliz ou eu quebro a cara dele. -brincou.
-Você já viu a altura dele? -perguntei e ele balançou a cabeça negativamente. -É bem alto.
-Altura não é nada.
-Ele é faixa roxa em judô. -disse e ri da cara que ele fez.
-Gentchy que boy maravilhoso é esse? Até me deu calor. Poderosa ela só namora com boy atleta.
-Você já almoçou? -perguntei.
-Ainda não. -ele respondeu passando a mão na barriga.
-Vamos lá na cozinha que eu vou fazer um prato pra você.
Chris almoçava e me contava animado de como sua vida estava sendo. Contou sobre os projetos de música e de como tava feliz com o namoro. Fiquei muito feliz por ele.
-Dih eu quero falar com você. -Lucas disse entrando na cozinha.
-Não tô calma o suficiente para isso. -respondi sem nem olhar para ele.
-Deixa de ser infantil.
-Você quer falar de infantilidade? Tem certeza que eu que sou infantil? Acho que não.
-Você tá assim só porque ela elogiou seu namoradinho. -Lucas disse com desdém.
-Meu filho se você gosta de ser corno manso problema é seu. Mas eu dei aquele aviso pra ela não foi por causa disso e você sabe bem.
-Não sei do que você tá falando.
-Ah não sabe? Não sabe que ela falou que você não ficou comigo porque eu sou negra e que não sabe como o Alessandro namora comigo, sendo que brancos deveriam namorar com brancos. Ainda mais os brancos do nível dele. Além de corno virou covarde, T3ddy?
-Quando ela falou isso? -ele perguntou com a cara fechada.
-A hora que vocês foram no mercado mas você não deve ter visto até porque a cobra só solta as asas quando tá longe. Lucas se eu ouvir essa mina falando isso de novo ou algo parecido, eu quebro a cara dela e ainda denuncio ela por racismo. Cê tá me ouvindo? E se eu souber que você viu ela fazendo isso e não fez nada pra me defender você pode esquecer que eu existo.
-Dih, eu sinto...
-Me poupe do seu cinismo, Lucas. -disse saindo da cozinha. -Christian fica a vontade e desculpa por esse climão. Qualquer coisa é só me chamar lá fora.
Tirei a roupa que eu tava e entrei na piscina onde fiquei observando o pessoal conversar de longe.






P.S: Eu Te Amo | Lucas OliotiOnde histórias criam vida. Descubra agora