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Quando cheguei em casa já estava a noite, desfiz a mala, tomei um banho e fui dar uma volta no shopping. Eu nunca fui de fazer isso, só ia quando as meninas me chamavam pra ir junto com elas ou até mesmo o Lucas. Meu negócio sempre foi mais natureza e ar livre, mas dessa vez eu tava com vontade de comer algum fast food e assistir qualquer filme. Nunca gostei de ir a lugar nenhum sozinha, dessa vez foi exceção pois eu estava precisando de tempo para mim e até minha própria sombra estava me irritando.
Paguei meu lanche e entrei no cinema. O filme era comédia, até que era legalzinho pelo pouco que eu prestei atenção nele. Eu estava completamente aérea com meus pensamentos. O filme terminou, comprei um milk shake e voltei para casa, dormindo logo em seguida.
-Eu espero que você não tenha nenhum compromisso agora de manhã, quero tomar um café com você e não aceito não como resposta. -Alessandro falava do outro lado da linha assim que atendi o celular que acabara de me acordar com seu toque irritante.
-Você sabe que eu não gosto de café, mas eu vou e peço um chá. -respondi bocejando. -Ou um suco. Quem pega quem? -perguntei e ele riu.
-Que tal a gente se pegar junto? -brincou e eu sorri. -Você que sabe.
-Cê que sabe é um motel. -eu disse rindo. -Mas eu passo por aí. Até daqui a pouco, beijos. -desligamos a ligação.
Me levantei e em menos de dez minutos eu já estava pronta. Passei no posto para abastecer o carro e fui até a casa de Ale que me esperava em frente ao prédio.
-Bom dia. -ele disse assim que entrou no carro e me abraçou.
-Bom dia. -sorri.
-Como foi a viagem? -ele puxou assunto.
-Cansativa. -respondi. -Pior que eu ainda não vou ter tempo de descansar essa semana porque o Chris adiantou a data do casamento e eu preciso achar um vestido de madrinha que seja perfeito.
-Calma, que você consegue. -me encorajou.
-E o trabalho como foi? -perguntei.
-Foi bom, porém cansativo. -respondeu.
Fomos conversando sobre coisas aleatórias até chegarmos na cafeteria. Entramos na cafeteria e escolhemos um lugar do lado de fora onde pegava um pouco de sol.
-Você não me chamou só para tomar o café. -eu disse e o encarei.
-Não. -respondeu e segurou uma das minhas mãos. -Dih, eu acho que nós deveríamos dar um tempo. -disse ajeitando o cabelo atrás da orelha. -Pelo menos pra por tudo no lugar.
-Você sabe que eu já nem tento mais colocar as coisas no lugar. Eu simplesmente deixo elas livres para se encaixarem da forma que quiserem. -ri fraco. -Só sei que é muito complicado ser eu. -comentei olhando as flores de uma árvore que tinha do outro lado da rua.
-É complicado ter um coração dividido. -ele comentou. -Digo por experiência própria.
-Tenho quase certeza de que a sua experiência é bem menos complicada e menos dolorosa do que a minha.
-Não é fácil ter que abrir mão de você, pode ter certeza. -suspirou. -Mas eu também sei que se não for assim talvez não dê certo e se você me prometer voltar, eu te espero.
-Amigos? -perguntei.
-Amigos! -ele respondeu e beijou minha mão.
-Se bem que uma amizade colorida seria muito mais interessante. -brinquei e ele riu. -Ainda não terminamos aquela noite.
-Se quiser a gente termina hoje como despedida. -piscou para mim.
-Combinado. -eu disse e nós rimos.
Voltei para casa e já estava anoitecendo, arrumei algumas coisas que estavam bagunçadas. Editei um vídeo e fiquei assistindo tv até pegar no sono. Acordei com meu interfone tocando, o porteiro disse que tinha chegado uma encomenda para mim. Encomenda aquela hora da manhã? Eu nem me lembrava de ter comprado nada. Apenas amarrei meu cabelo e desci de pijama mesmo.
-Bom dia tio Tony. -cumprimentei o porteiro e sim, eu chamo ele de tio. -Que encomenda é essa que eu nem lembro? -perguntei olhando a sacola azul enorme e uma caixa do mesmo tom.
-Bom dia, Ingrid. Eu disse errado não é encomenda. É um presente e mandaram te entregar sem remetente.
-Que estranho. -eu disse observando os dois embrulhos. -Mesmo assim obrigada tio Tony.
-De nada, minha querida. -sorriu.
Trocamos mais algumas palavras e em seguida eu subi novamente para minha casa. O pessoal indo trabalhar e estudar me olhando estranho, e eu me segurando pra não rir. Até parece que nunca viram ninguém de pijama.
Entrei em casa e abri a sacola primeiro. Dentro dela tinha uma caixa e em cima da caixa tinha um bilhete grudado.
-Só podia ser coisa do Lucas. -falei sozinha.
"Bom dia Girassol. Eu espero que tenha chegado bem de viagem e que tenha descansado bastante durante esses dois dias.
Tenho duas notícias: uma boa e a outra ruim. A boa é que você não vai mais precisar se preocupar com vestido e sapato para o casamento do Christian e a ruim é que amanhã nós chegamos de viagem para atrapalhar sua paz mundial. Eu ficaria muito feliz se você me mandasse uma foto quando experimentar o vestido, mas sei que você é má e vai me matar de ansiedade até a cerimônia. Dentro da outra caixa tem uma sandália rasteira porque o casamento vai ser na praia e eu sei que você detesta usar salto. Não precisa me agradecer, tudo o que tem feito por mim já é uma forma de gratidão mesmo que você faça por amor. Agora chega de ler e vai experimentar o vestido logo. Tenha um ótimo dia e até amanhã a noite.
PS: Eu Te Amo."
Só o Lucas para me fazer rir e ao mesmo tempo chorar com um simples bilhete. Cada um daquele que chegava meu coração se apertava um pouquinho pois eu sempre me lembrava de que o tempo para ele estava acabando. Para nós. Respirei fundo e fui experimentar a roupa e a sandália. Os números estavam certinhos, e eu também amei o modelo. É, ele realmente me conhece.
Depois de guardar tudo muito bem escondido para Lucas não ver. Fui tomar café da manhã e dar uma volta no parque. O dia estava muito lindo para ficar dentro de casa mofando. Na volta almocei e editei um vídeo que eu gravei junto com o pessoal na praia.
Passei o resto do dia em casa e dormi cedo porque não tinha certeza se eles realmente voltariam pela manhã ou só a tarde como o Lucas havia dito no bilhete.

P.S: Eu Te Amo | Lucas OliotiOnde histórias criam vida. Descubra agora