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-Sabe que quando me falaram que você estava apaixonado por mim eu fiquei desesperada. -disse para Ale enquanto estourava pipocas.
-Sério? Mas por quê? -perguntou rindo.
-Sei lá, talvez fosse trauma das minhas relações anteriores. Eu falava que tinha alergia de gente apaixonada, mas aí nós fomos nos envolvendo e vi que não era nada do que eu estava com medo.
-Você acha que vale a pena? -perguntou me encarando.
-Se eu não pensasse não estaria aqui com você e nem teria te chamado pra viajar comigo. -respondi e o encarei de volta.
-E o Lucas? -perguntou me surpreendendo.
-Passado. -respondi firme. -O que eu e o Lucas tivemos não passou de uma noite, foi especial, foi marcante. Mas é passado. E a única coisa que eu peço pra você é que você não tente substituir o que eu tive com ele, só assim pra gente dar certo. -coloquei a pipoca dentro de uma vasilha grande.
-Pipoca, sorvete, pizza, brigadeiro. Acho que nós já temos o suficiente, né? -mudou de assunto mas com o olhar ele me dizia que entendido o que eu tinha dito. -Faltou o beijinho. -disse aproximando nossos lábios e me beijou, mas não durou muito porque eu ri.
-Desculpa, mas essa piada foi horrível. -eu disse rindo e ele riu junto comigo.
-Mas pelo menos fez você rir. Isso já valeu o suficiente pra salvar esse dia cheio de tretas. Vocês sempre brigam assim? -perguntou referindo-se a mim e a Lucas.
-Eu e o Lucas sempre discutimos, mas eram discussões bobas que todos amigos tem. Já, já passa. -sorri fraco. -Vamos ver esse filme logo antes que a pizza e a pipoca esfriem. -disse pegando a bacia de pipoca nas mãos e indo em direção a sala.
-P.S: Eu te amo. -Ale disse assim que demos play no filme. -Me parece ser uma boa história.
-Só de lembrar já tô chorando. -eu disse e ele riu. -É sério, meu amor. Essa história é linda demais. Não fico comparando minhas relações com esses tipos de filme mas se isso acontecesse comigo um dia eu morreria de tanto chorar.
-Ela é tão triste assim? -ele perguntou passando o braço por cima dos meus ombros.
-Não é triste, é linda demais. Você vai ver quando acabar o filme.
-Só por não dar spoiler eu te amo mais.
-Shhhh... -fiz sinal de silêncio. -Fica quietinho pra eu te amar mais.
Como já era de se esperar antes da metade do filme eu já estava chorando. Esse filme era o meu preferido da vida toda, sem dúvidas. Ale ficou chocado quando o personagem principal morreu, nessa parte eu ri muito. Como que alguém nunca tinha visto esse filme na vida? Ele realmente era único. Quando o filme acabou eu tinha chorado tanto que eu nem queria mais assistir outro filme.
-Já passou. -Ale tentava me acalmar e eu ri.
-Eu disse que ia me acabar de tanto chorar. No seu lugar eu sairia correndo. -brinquei e ele riu.
-O filme é muito bom e reflexivo, talvez um dia eu faria o mesmo. -ele disse e eu fiquei o observando. -Mas não sei se teria tanta criatividade.
-O amor nos torna criativos muitas das vezes. -eu disse olhando para o nada e sorri.
-Filosofou agora. O que vamos fazer já que você não quer ver outro filme?
-Me surpreenda. -mordi os lábios.
-Pode deixar. -ele disse e me beijou. Um beijo quente e intenso.
Mordidas, beijos no pescoço, arranhões nas costas e arrepio na nuca. Ale tirou o restante das minhas roupas e jogou em algum canto da sala, subimos as escadas com as minhas pernas entrelaçadas em sua cintura. Ele me jogou na cama e começou a distribuir beijos por meu corpo, até chegar a minha intimidade...
Foi aí que meu celular tocou. Levamos um susto e eu fui ver quem era. Era Vick, ela não me ligaria aquela hora se não fosse algo importante.
-Atende pode ser importante. -Ale disse enquanto eu não sabia o que fazer com o celular que tocava em minha mão. Respirei fundo e atendi.
-Oi Vick. -disse e coloquei no viva voz. Parecia que ela estava chorando. -O que aconteceu, Vick?
-O Lucas... -ela disse tentando recuperar o fôlego. -Ele não tá nada bem, vem pra cá agora! -ela disse desesperada.
-Pra cá aonde?? Onde vocês estão? O Mauro tá aí? Passa o celular pra ele, por favor.
-Dih? -Maurinho disse pegando o celular dela. -A gente trouxe o T3ddy pro hospital porque ele não tava bem, e eu acho melhor você vir pra cá. -Mauro disse um pouco mais tranquilo do que Vick. -Eu vou te passar o endereço. É rua...
Enquanto Mauro falava o endereço eu ia anotando tudo no bloco de notas no celular.
-Obrigada, Maurinho. Chego aí rapidinho. -desliguei a chamada e saí procurando uma roupa. -Meu amor me perdoa, mas se ele não estivesse bem eles não me ligariam dessa forma.
-Tá tudo bem meu amor. -Ale disse calmo. -Eu também vou trocar de roupa. -ele disse procurando sua camisa e calça.
Coloquei qualquer short que vi pela frente, peguei uma blusa de frio caso estivesse frio lá fora e desci as escadas correndo. Peguei minhas roupas que tinham sido tiradas alguns minutos antes e as joguei no cesto de roupa do banheiro. Ale desceu logo em seguida com a minha bolsa em suas mãos, fechamos a casa e fomos o mais rápido que podíamos para o tal hospital.
Chegando no hospital a moça da recepção não queria me deixar entrar dizendo que já tinha gente demais a espera daquele paciente. Só me deixou entrar depois de eu ter mentido que era irmã mais nova dele e Ale o cunhado.
Saí correndo pelo corredor até achar uma salinha em que meus amigos estavam. Todos com uma cara nada boa.
-Graças a Deus encontrei vocês. -disse recuperando o fôlego assim que entrei dentro da salinha. -Que caras são essas? Alguém pode me explicar o que aconteceu? -perguntei e ninguém me dizia nada.
-A gente também não sabe. -Mauro disse o mais calmo possível. -Foi tudo muito rápido.
-Tudo o que gente? Pelo amor de Deus, explica direito. -eu disse sem paciência.
-Quando o show acabou nós fomos pra uma festa que tinha aqui perto e ele desmaiou do nada. -Christian disse e eu fiquei mais nervosa ainda. -Estamos esperando o médico aparecer pra dar notícias do que se trata.
-Já faz tempo isso? -perguntei observando direito quem estava naquela sala. -Cadê a Isabella?
-Foi pra casa faz tempo. -Letícia respondeu.
-Lá em casa ela não tá não. -Ale disse chamando atenção para ele.
-Então deve ter dado no pé. -Letícia disse sem paciência. -Que mina baixa.
-Esqueçam ela. -Vick disse nervosa. -Nossa preocupação maior aqui é o Lucas. -olhou para mim e começou a chorar de novo.
-Amiga. -disse me ajoelhando em sua frente. Ela era a única que estava sentada ali -Não chora, ele vai ficar bem. Talvez seja porque ele não se alimentou direito. -a abracei.
-Irmã do paciente Lucas Olioti. -um médico disse e eu me levantei.
-Eu. -respondi e estendi a mão para ele.
-Venha comigo até a minha sala. -disse saindo da salinha e o pessoal ficou me encarando de longe.
-Eu tive que mentir. -falei baixinho para eles. -Senão, não entrava. -disse e saí da salinha.
Entrei na sala do médico e ele me pediu para que eu encostasse a porta. Na sala tinha umas tumografias em um aparelho para nos mostrar melhor o que havia ali.
-Bem, senhorita...
-Ingrid. -disse e o encarei para que ele prosseguisse.
-Eu acho melhor você se sentar, senhorita Ingrid.
-Pode falar assim mesmo doutor, eu vou ficar bem por aqui. -disse e ele prosseguiu.
-Bem, nós fizemos algumas tumografias e detectamos um tumor no cérebro. Seu irmão está com câncer. -ele disse e eu engoli a seco. -Assim que ele receber alta nós vamos conversar sobre o tratamento, creio que seus pais vão querer saber disso.
-Nós não somos daqui, doutor. Viemos viajar apenas para passar as férias, mas eu vou conversar com meus pais, saindo daqui nós vamos direto pra casa. -menti.
Eu não era irmã do Lucas, estava em choque por não saber como contar isso para o pessoal que me esperava lá fora. Fiquei pensando se Lucas já sabia sobre isso ou não. Meu Deus. Minha vida estava uma loucura e eu nem sabia o que fazer para consertar.
-Seu irmão já sabia disso, ele me disse que não quis contar nada para vocês para não assustar ninguém. -o médico disse e eu levei a mão no rosto por vergonha e raiva de Lucas.
-Ele já está acordado? -perguntei e ele assentiu. -Posso ver ele?
-Claro que pode, venha comigo vou te levar até o quarto dele.
Fomos em silêncio pelo corredor até chegarmos num quarto que a porta estava meio aberta. Ouvi uma mulher falando com Lucas dentro do quarto, os dois riam. Por um instante eu até senti ciúmes.
-Com licença. -o médico disse batendo na porta do quarto. -Tem uma pessoa querendo ver o paciente.
-Claro, doutor. -a moça de branco disse simpática. -Lucas, eu volto depois com a sua outra medicação. -disse sorrindo e Lucas sorriu de volta para ela.
-Senhorita, fique a vontade. -o médico disse e saiu fechando a porta atrás dele.
-Eu vou matar você! -eu disse chorando e fui até ele. -Lucas como você pode esconder isso de nós? De mim? Como?? Não passou pela sua cabeça que um dia isso acontecesse? Meu Deus, a Vick tá lá fora desesperada sem saber o que houve de verdade. Você é um irresponsável.
-Pode xingar, pode bater, matar. Faz o que você quiser. -ele disse sem nenhum interesse. -Eu não ia contar isso pra ninguém, só quem sabe sobre isso são meus pais. Mas essa maldita doença me fez desmaiar só porque eu esqueci de tomar um remédio. -ele disse sem olhar pra mim. -Logo vou começar a quimio, a radio e ficar careca. Mas elas não vão funcionar e eu vou morrer.
-Para de falar isso. -eu disse ainda chorando. -Você não pode me deixar desse jeito.
-Ingrid, você já está com outra pessoa. Nem vai sentir minha falta.
-T3ddy cala a boca! Você não sabe o que está falando. Se eu realmente não importasse com você, nem teria atendido o telefone quando ele tocou. Deixa de ser ingrato pelo menos hoje.
-De verdade eu não queria estragar o esquema com seu namoradinho. Tô te devendo uma foda. -ele disse e riu sem graça.
-Eu te amo. -me aproximei e beijei sua testa, depois sua mão. -Você não imagina o quanto. -eu disse entre soluços.
-Deixa pra chorar quando eu morrer, por favor. Você sabe que eu odeio quando você chora, amor. -ele disse e se sentou na cama. -Senta aqui comigo. -apontou para o seu lado e me sentei ali com ele. -Faz de conta que você está no seu filme preferido, a diferença que o mocinho que sou eu, óbvio. Ainda não morreu, e você que é a mocinha vai ter tempo o suficiente para se despedir de mim ou não também. Mesmo assim vou deixar algumas cartas para você.
-Lucas isso não tem graça nenhuma. -eu disse séria.
-Mas quem te disse que eu tô brincando? -ele perguntou sério. -Eu tô falando sério, de verdade.
-Eu não vou ler nada do que você me mandar. -eu disse séria e o encarei. -Eu tô falando sério com você.
-Você vai sim, nem que eu tenha que mandar pelo WhatsApp. Não sei se tem wifi no céu mas eu vou mandar de algum jeito.
-Você vai estar morto nem vai saber se eu vou ler ou não.
-E se estiver vida depois da morte? Vou perturbar você até você ler todas. -ele disse rindo e eu ri junto. -Se você realmente me ama como você diz amar, por favor faça isso por mim. Por nós. Por tudo que não vamos poder viver juntos. -ele disse e aproximou nossa lábios. -Eu te amo muito. -me deu um beijo rápido.
-Eu tive que fingir que era sua irmã se por acaso algum funcionário ver a gente se beijando vão pensar que praticamos incesto. -eu disse e ele riu.
-Eu não me importaria de praticar...
-Ai que nojo, Lucas. -o interrompi.
-Eu tô brincando meu anjo. -ele disse rindo da careta que eu tinha feito.
-Já sabe como vai contar pro pessoal? -mudei de assunto e ele suspirou profundamente.
-Amanhã na hora do almoço. -sorriu fraco. -Minha cozinheira preferida depois da minha mãe, vulgo você vai cozinhar minha comida preferida e eu vou contar para todos.
-Eles vão nos matar, isso sim. -eu disse rindo de nervoso.
-Te vejo no além, então. -brincou e beijou minha testa. -Agora vai lá e faça com que eles voltem para casa, não quero ver ninguém agora. -ele disse me empurrando da cama.
-Eu ia me oferecer pra ficar aqui com você essa noite seu mal educado.
-Então vai lá fala isso pra eles com a maior educação do mundo e fala pro Ale vir aqui. Preciso conversar com ele.
-Sobre? -perguntei e ele fingiu que não ouviu. -Gostava mais quando você não guardava tantos  segredos desse jeito. Ok, já tô indo. -disse saindo pela porta.
-Depois volta aqui. -jogou beijo no ar.
Voltei para a salinha que o pessoal ainda esperava e eles me encararam com feições curiosas.
-Lucas pediu pra vocês irem pra casa descansar, ele vai ter que passar a noite em observação e me pediu pra ficar com ele aqui. Também disse pra vocês não se preocuparem que amanhã assim que ele receber alta ele vai pra casa e conversa com vocês. -disse tentando parecer o mais calma possível. -Ale ele disse pra você ir lá no quarto porque quer te falar algo, não me pergunte o que é porque eu não sei também.
-O número do quarto? -Ale perguntou interessado.
-29. -respondi.
-Já volto. -ele disse e saiu pelo corredor.
-E vocês voltem pra casa, já o embuste tá de volta. -sorri sem mostrar os dentes.
-Eu vou confiar em você, meio desconfiada. -Vick disse e me abraçou. -Boa noite, amiga. -se despediu.
Me despedi do restante do pessoal e fiquei esperando Ale aparecer, ele também iria embora junto com eles.
-Pronto. -ele disse chegando na salinha novamente. -O Lucas tá te esperando. -disse para mim e sorriu. -Até amanhã. -selou nossos lábios.
-Até amanhã. -sorri fraco e ele saiu.
Voltei para o quarto de Lucas e ele estava de olhos fechados mesmo com a luz acesa.
-Dih? -ele perguntou ainda com os olhos fechados. -Você pode apagar essa luz, por favor? Essa merda não me deixa dormir direito. -ele disse apontando para cima e eu ri.
-Pronto, já apaguei. -disse e me sentei numa poltrona ao lado de sua cama.
-Nem pensar. -ele disse olhando para mim. -Você vai deitar aqui comigo. -deu um espaço na cama.
-Você quer que a enfermeira me espulse do quarto mesmo, né? -perguntei e ele negou com a cabeça.
-Ela não vai fazer isso com uma moça indefesa que está prestes a perder o amor da vida como você. -ele brincou.
-Você tem que me lembrar disso o tempo todo? -perguntei triste.
-Já vai se acostumando. -ele disse e sorriu. -Agora deita aqui, deixa eu matar a saudade da gente.
-Ok. -disse e me deitei com ele.
Lucas encostou a cabeça em meu peito e enquanto nós conversávamos eu fazia cafuné nele até que os dois adormeceram. Só acordamos quando o médico veio dar alta para ele.

P.S: Eu Te Amo | Lucas OliotiOnde histórias criam vida. Descubra agora