Capítulo 7

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A oportunidade parecia perfeita, eles tinham um sistema de monitoramento das bolsas de valores, maravilhoso. Era uma chance de agregar ainda mais conhecimento para o meu currículo, se um dia voltasse ao Brasil. Só não tinha certeza se conseguiria me manter tão próxima daquele homem, e manter minha cabeça em meu foco, pois ele estava se mostrando uma outra pessoa e muito mais atraente nesse novo formato.

Confesso que quando conheci a sua secretária um sentimento estranho me atingiu, por mais que eu não queira admitir, minha consciência apontou o tempo todo para mim, me acusando de ciúmes. Principalmente depois que supostamente tanto eu quanto minha consciência desconfiamos que a atitude hostil com o amigo Peter, também tenha sido devido a um pequeno vestígio de ciúmes, me vi fazendo a dancinha da vitória ao lado da minha consciência.

Depois da nossa sessão de risos, ele pegou novamente em minha mão e seguimos em direção ao elevador, votando ao andar do seu escritório.

— Então, quando você começa? - sentado atrás da sua mesa, ele me encarava e questionava.

— Podemos deixar tudo certo para segunda-feira, tenho certeza que vou gostar de trabalhar com investimentos novamente, ainda mais aqui, com toda estrutura que tua empresa oferece, acho que preciso agradecer a tua mãe – lembrei que foi ela quem me ofereceu a oportunidade, antes mesmo de falar com o filho.

— Podemos marcar um jantar em minha casa, assim você poderá agradecer – as vezes ele parecia uma pessoa normal. Sorri ao ver a recriminação da minha consciência.

— Sim, podemos sim. Veja com ela uma noite que ela possa me receber, e me avise.

— Combinado. Ela vai adorar saber que aceitou trabalhar aqui e principalmente que a visitará novamente.

— Da primeira vez não foi bem uma visita – lembrei-me da forma estranha com que nos conhecemos.

— Ainda bem que temos a chance de mudar isso também - seus olhos estavam fixos em mim desde que entramos na sala, talvez desde que esperava em frente à minha casa. Eram tão intensos, que faziam com que minha pele queimasse e com que eu fugisse quando meus pensamentos se atormentavam ao encará-lo também.

— Verdade. Bom, eu vou indo, acredito que tenha bastante trabalho a fazer e já tomei demais o seu tempo – levantei-me e aguardei que ele se aproximasse, quando percebi que iria me acompanhar até a porta.

— Te ligo avisando sobre o jantar – de repente ele segurava minha mão novamente, e meu corpo parecia reagir estranhamente aquele contato. Apenas sorri e deixei que ele me acompanhasse não só até a porta, mas até o elevador, e mais uma vez percebi o olhar da sua secretária ao nos ver de mãos dadas. Não era um olhar ruim, se é que o posso definir assim, de espanto com certeza, mas também parecia feliz em nos ver assim, de certa forma eu acabei gostando.

— Vou pedir que o responsável pelo nosso setor de gestão de pessoas entre em contato com você, deixando tudo pronto para o teu início na segunda – só então ele soltou minha mão para chamar o elevador.

— Tudo bem, estarei esperando – o elevador apitou e minha consciência estava agarrada na porta, negando o fato de que eu ia embora, sem saber quando o viria novamente.

Ele me deu um beijo no rosto e nem tive tempo de retribuir, pois foi muito rápido que ele se afastou, como se tivesse se arrependido de tal ato. Fiquei um pouco perdida, mas segui o meu caminho.

Resolvi tentar voltar para minha casa caminhando. O trajeto não era tão longo e Nova Iorque ainda era uma cidade que me encantava, seria bom apreciar um pouco mais sua arquitetura, passar em alguma loja e quem sabe fazer umas comprinhas, não estava ali para passeio, mas tinha umas economias, seria bom um pequeno agrado, principalmente agora com o novo emprego.

ENGANO DEGUSTAÇÃO completo até 04/11/19Onde histórias criam vida. Descubra agora