Capítulo 3

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O que foi aquilo? Desde que liguei para aquele homem senti que teria problemas. Era um prepotente, esnobe e sem educação, mas eu precisava da minha mala, então fui até ele como pediu, ou melhor, como mandou.

Assim que o taxi parou em frente aquele prédio enorme, eu levei um tempo para acreditar que era realmente ali que minha mala tinha ido parar. A minha sorte foi que ao sair do aeroporto totalmente desnorteada pela perda da mala, eu encontrei o Sr August, um taxista muito atencioso, de cabelos brancos, fala mansa e de um coração enorme, que logo percebeu meu desconcerto e procurou me ajudar.

Ficou me esperando enquanto eu recuperava minhas coisas, e não iria me cobrar por este tempo parado, eu ainda não havia concordado com isso, mas ao menos tinha minha volta para o hotel garantida, depois resolveria sobre o valor da corrida.

Se o edifício já era lindo por fora, eu não poderia imaginar quando fui direcionada até a cobertura o que ainda estava por vir.

Assim que saí no hall do apartamento, tinham duas poltronas estilo Luiz XV, de madeira escura e acento acolchoado na cor bege. Um tapete persa que cobria uma parte do piso de madeira, também de madeira escura. Seguindo em frente, sem degrau, janelas enormes que davam uma visão linda do Central Park, e acabei me aproximando, hipnotizada pela paisagem a minha frente. Sofás escuros em formato de L uma mesa de centro com vidro e madeira, e ao lado esquerdo uma sala de jantar, com uma mesa enorme e cadeiras altas. Pouca mobília, mas tudo de muito bom gosto.

Antes que eu chegasse mais perto das janelas percebi que alguém se aproximava, era uma senhora em uma cadeira de rodas, que veio sorrindo ao meu encontro.

— Você deve ser a Gabriela, acertei? – ela tinha os cabelos castanhos claros, curtos e ondulados, estava maquiada de forma simples, mas que valorizava seus olhos claros. Uma blusa de fio rosa claro e uma manta xadrez com vermelho e preto cobria suas pernas.

— Sim, sou eu. Muito prazer, Gabriela Ferreira – estiquei minha mão e ela a pegou imediatamente e não a soltou mais.

— Que jovem mais linda. Fala tão bem inglês, mas meu filho comentou que era brasileira. Eu sou, Margareth Thompson, e o prazer é todo meu – ela sorria de uma forma carinhosa.

— Sim, estou vindo do Brasil, mas estudo inglês há muitos anos. Me preparei para estar aqui por um tempo.

— Veio trabalhar? – éramos estranhas, tanto ela para mim, quanto eu para ela, mas de certa forma me senti à vontade perto daquela senhora que ainda segurava minha mão e fez com que eu acabasse me abaixando em sua frente.

— Não, vim estudar. Talvez até arrume algum emprego, por que não? E talvez eu até precise, mas a principal intenção é estudar – realmente não havia pensado em trabalhar, mas poderia ser que isso me ajudasse ainda mais a manter a mente ocupada, com certeza era algo que deveria avaliar melhor, assim que me instalasse.

— Se for trabalhar, arrumamos algo para você, meu filho está sempre contratando alguém, tenho certeza que podemos ter você trabalhando na empresa dele – não queria ser indelicada, mas pelo jeito, trabalhar com o filho dela era a última coisa que desejaria fazer. Um grosso.

— Vamos ver, vou pensar – escutamos um barulho e logo senti um cheiro diferente no ar. Ao olhar em direção as escadas um homem muito bonito, mas muito bonito mesmo, de olhos azuis, tão lindos quanto os daquela senhora a minha frente, estava parado nos observando.

Então compreendi que era ele, o ser indelicado que havia pego a minha mala por engano, e que de tão prepotente não pode colaborar e leva-la para mim.

Ele se aproximou, nos apresentamos de forma nada convencional, pois se ele não fazia questão de ser educado, eu também não, mesmo sentindo por aquela mãe tão querida.

ENGANO DEGUSTAÇÃO completo até 04/11/19Onde histórias criam vida. Descubra agora