III.

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Jade Point Of View

Queria saber por que ele havia mentido sobre quem ele é, talvez por ser filho do Rei, ele achou que eu o trataria como o pai dele trata a mim e ao meu povo. Mas havia algo nele, que era diferente, era bom. Eu não achei que ele fosse me defender e nem defender aquela mulher que sofreu crueldades com aqueles guardas. Aquilo realmente tinha me surpreendido, aquele homem despertou em mim algo novo que eu não sabia distinguir o que era ainda.

- Jade! Você enlouqueceu, hija! - disse minha mãe entrando em casa um tanto de pressa. Eu sabia que dali viria uma bronca e tanto! - Você desafiou o Rei, eu lhe pedi para tomar cuidado filha, pedi que não o desafiasse, quantas vezes tenho que dizer a você o quanto é perigoso para nós! - continuou ela.

- Mas mama.. viu o que ele ia fazer com aquela pobre mulher, viu o quanto a estava humilhando! Não aceito isso de forma alguma, eu quero paz mamãe, quero respeito ao nosso povo e aos necessitados, por que é tão difícil entender isso? - a questionava, era difícil aceitar como meu pai e minha mãe. Era difícil aceitar que pessoas e criança sofram na mão de um Rei tirano e egoísta.

- Hija, você me orgulha pensando dessa forma, mas não temos muito o que fazer a não ser aceitar e obedecer suas ordens, não entende Jade? Eu não quero que nada aconteça a você e nem a sua irmã, não quero vê-la sendo punida na minha frente. - dizia minha mãe.

- Eu não serei punida por fazer a coisa certa. - falei e minha mãe me abraçou, lágrimas desciam sem controle. - Vou continuar defendo o que é justo, mamãe. - continuei a apertando em meus braços.

- Você.. minha Jade, é a jóia mais linda que Deus pôde me dar. - disse ela e eu sorri.

- Eu te amo, mamãe. - sussurrei para ela.

- Também te amo. - disse ela, acariciando meus cabelos

...

Catedral de Notre Dame.

Entrei a igreja, cumprimentando ao padre Michel.

- Olá minha filha. - disse ele me dando sua benção.

- Padre Michel. - curvei-me diante dele. Ele me protegia toda vez que eu fugia dos guardas para a igreja e pedia "santuário". Era um grande amigo, nas minhas confissões e seus conselhos.

- Não esta fugindo desta vez, não é? - perguntou ele.

- Não. - respondi sorrindo. - Vim tentar fazer uma oração. - continuei.

- A casa de Deus, a todos acolhe minha filha. Não se esqueça disso. - disse ele.

Andava pela igreja e nunca fazia orações, mas sabia que Deus sabia de meu coração. Vi pessoas ajoelhadas pedindo a Deus por uma salvação, mas eu não sabia pedir, até ver uma imagem de uma santa a olhei por um tempo.

- Já ouvi falar seu nome, você vai me atender mas não sei se meu pedido vai aqui caber. Eu sei que sou proscrita, não tenho berço algum, mas Senhora tão bendita, já não foi alguém comum? - cantava com o meu coração, afim de ser uma oração.

Salve os proscritos pois não têm pão
Estão aflitos
Não há compaixão

Salve o meu povo
Que tem fé servil
Salve os proscritos
O mundo é hostil

Eu peço luz
Eu peço unção
Eu peço a cruz com fé em oração
Alguém fiel, a quem clamar
Eu peço aos céus para abençoar-me

Não peço por mim
Deus me valeu
Mas há tantos, por fim
Piores que eu
Salve o meu povo
Os pobres tão sós
Eu peço a Deus
Que olhe por nós
Salve os proscritos e olhe por nós...

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