Era isso.
O fim chegava.
Ajeitei meu corpo à beira da janela, contemplando o céu ganhando tons de lilás, rosa e laranja. O pôr-do-sol anuncia, além da noite, um fundo carcomido de confusão e sonhos: cardumes da vida. Penso na consumação idealizada de futuros distantes e golfinhos, evitando ao máximo sorrir com tristeza.
A humanidade me invada, devoto brutalmente ao corpo. Penso que o otimismo é válido, caso tivesse mais tempo, caso a coleira estelar não nos condenasse ao fim, no meio da cidade, uma oferta divina pelo pecado carnal. Tanta bondade em exposição, que ego pensar que faríamos parte disso. Acho que pensar em si própria é cansativo, embora humano. E ainda não houve ser disruptivo o suficiente para o egoísmo dos outros e seu estrago de bagagem.
Amo a vida, as risadas, os desacordos e todas as cores desse egoísmo mundano. Amo por amor, embora a fachada de ego, não por sua beleza. Meus sentimentos, inteiramente meus, e a recusa perversa de assumir minhas verdades. O mundo acaba diante meus olhos. Permaneço sentado.
Não há como mudar tudo num piscar de olhos. Quem me dera fosse. O que resta é aceitar o quando o mar nos amou; assistir o resultado de nossas influências sobre ele numa submissão decisiva, golfinhos chegando em montes. Ele diz "Estou vindo. Eu amo a inadmissão da essência: a podridão da alma. Todos aprendemos nossa lição".
Vejo o final da cidade se desfazendo na ponta do abismo, água escorre por todo o lado, ondas gigantescas. Há uma verdade implícita nos olhos das pessoas e eu vejo tudo daqui de cima. Uma verdade feia e indomável. E ela chega com tanta força que a pressão em seus rostos distorce enquanto despencam.
É tudo lindo. É tudo horrível.
A força da água é tanta que ondas engolem a beira da torre, balançando sua estrutura. Minha cancela solitária desmorona e permaneço sentado, assistindo com o sorriso de vergonha egoísta nos lábios.
Amo a vida, as risadas, os desacordos e todas as cores desse egoísmo mundano. Amo por amor, embora a fachada de ego, não por sua beleza. O ato mais desumano de todos.
Acima de tudo, nasci para cair. Porque a destruição tem essa mania de se agarrar ao desperdício. E eu amo cada pedaço de desgraça.
Minha torre finalmente cede. Sinto frio na barriga enquanto escorrego pelo mesmo abismo que, em pouco tempo, se transforma num mar defunto de podres amores.
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ㅡ suffocated. stray kids | jeongin
FanfictionColeiras estelares por toda parte. Estou assustado. [♡]› sad&shortfic | jeongin ©borbulhos, 2018-19. completo. TODOS DIREITOS RESERVADOS.