Capítulo 5

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As outras duas noites passaram num ritmo mais lento.

Era acordada por Thalion por volta das cinco da tarde e seguia com ele para a primeira refeição.

De lá continuava o tour pelo palácio com Daena. Apesar do costumeiro mau humor, Ani descobriu coisas interessantes com ela.

O castelo ficava no alto de uma colina e tinha formato de retângulo. Ao norte ficava a muralha onde os guerreiros estavam sempre a postos. Ao sul beirando um despenhadeiro, encontrava-se o prédio social que ela conheceu na noite em que acordou ali.

Descobriu que, dos sete andares do prédio social, a cobertura era ocupada pela família real e nos dois andares abaixo ficavam os aposentos dos elfos de origem nobre. O restante da ala era voltada para entretenimento e reuniões sociais.

A oeste ficava a ala dos guerreiros, com salas de treinamento, academia, sala de comando e os quartos, onde ela dormia.

A ala leste toda pertencia aos outros súditos.

E, no meio disso tudo, muitos hectares de bosque com o lago, arena, cavernas, trilhas, fontes...

O Reino de Arvedui passaria facilmente por uma cidade de pequeno porte, com um charme bucólico que escondia muito bem o uso de tecnologias atuais em determinadas situações.

Thalion mencionou que o primeiro andar da ala leste era reservado para os mestiços como ela. Ao perguntar por que não ficou hospedada lá, ele respondeu que já que eram suas babás e nenhum deles queria ter que andar quilômetros para encontrá-la, acharam melhor que ficasse junto aos guerreiros.

Depois do tour ela ficava vigiando as salas de banho, esperando que uma ficasse totalmente vazia, o que tomava muito do seu tempo. Aí corria para a piscina natural, de águas estranhamente quentes, para um banho apressado por medo de alguém entrar.

Nas horas que sobravam, ficava um pouco no quarto lendo ou na sala de música. Ninguém nunca se aproximava dela e aquilo estava começando a incomodar.

Ani era muito comunicativa e fazia amizade fácil. Tinha um círculo grande e variado de amigos que raramente a deixavam sozinha. Sentia falta deles.

Thalion sempre a encontrava antes da última refeição e, quando estavam satisfeitos, os dois seguiam pela tortuosa trilha até o lago.

Na segunda noite não se fez de tímida e olhou atentamente o corpo de Daena. A ruiva era magra, mas musculosa, com barriga negativa, pernas e braços definidos, seios pequenos, mas firmes.

Mas ao fazer o mesmo com Faramir, a fêmea rosnou mostrando os dentes e Ani achou melhor olhar em outra direção.

No outro dia, preferiu observar o vai e vem da mulher do vinho, pensando em arrumar um jeito de falar com ela em algum momento.

Não teve sucesso.

Aquela era a noite que reencontraria o rei e, ao bater na porta que ligava os quartos, Prateado já a encontrou pronta para iniciar a noite.

Reuniram-se com Daena e Faramir no refeitório e de lá seguiram para a sala de treinamento. Era a primeira vez que tinham permitido que ela entrasse ali e ficou muito animada com os exercícios comandados por Thalion.

Em Nova Lima, chegou à faixa marrom no karatê, mas trocou a luta oriental pelo boxe, sua verdadeira paixão, quando se mudou para o Rio.

Treinava pelo menos três vezes na semana e também fazia aulas de defesa pessoal.

E, Deus, como sentia falta da adrenalina!

Veria se poderia participar dos treinos, precisava de um pouco de normalidade senão enlouqueceria.

SÉRIE NOTURNA - LIVRO 1: A FILHA DA ESCURIDÃO (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora