A Jornada de Kalik

A FUGA SÓ COMEÇOU

Entramos na casa que por fora parecia simples e limpa, e por dentro não era diferente. Com uma decoração simples em 4 cômodos, mas bem precisa em cada detalhe.
Com as paredes revestidas com pedras, na sala, um tapete de pele de animal, uma poltrona de aparência confortável que ficava de frente com uma pequena lareira. Atrás se via uma porta fechada que supostamente seria o quarto do velho, e a cozinha com pratos bonitos na prateleira e um leve cheiro de comida vindo de lá, que foi como um soco no estômago pra mim.

-Então você saiu mesmo das mãos de Oblok, impressionante. - Disse o velho após sentar-se na poltrona - Sentem-se.
- Se eu me sentar não levantarei mais, e isso vale para o inútil também.
- Tem certeza ? - disse o velho com cinismo, já que nem cadeiras havia - vocês me parecem cansados.
- Você sabe porque estou aqui, e espero que não descumpre as suas palavras.
O que ela disse tinha muito sentido, pois a qualquer momento eu poderia desabar no chão, estava sentindo meu corpo pesado e minha resistência fraca, e se pra mim estava assim, para ela estava bem pior.
Um silêncio se profanou naquele lugar, e continuaria assim se o velho não o quebrasse, e muito.
- Podem ficar, mas por apenas 2 dias, não poderei esconder vocês mais que isso, aqui será o primeiro lugar que vão procurar vocês, espero que não causem a minha falência, seus porcos imundos que só trazem sujeira ao meu impecável lar. - o velho ficou ofegante, com olhos entre abertos, punhos serrados e dentes trincados.
Eu não me senti ofendido com aquilo, não tenho lembrança de ter morado em algum lugar que não fosse uma cabana suja e mal-cheirosa, mas para a jovem foi diferente. Virou-se para porta, parou e tirou o capuz.
Quem você acha que está enganando seu mentecapto? - disse olhando de esguia para o velho sismado - ter uma casa confortável não o faz ser mais que um limpa bosta do rei.
O velho mudou sua expressão de ódio para um de perplexidade como se as palavras tivessem o acertado naquele velho ponto fraco.
Eu mudei minha expressão de quase-morto por uma de fascínio.
Ela puxou o capuz novamente e saimos do local deixando um velho furioso para trás.
- Vamos inútil, eu conheço alguém aqui.