Capítulo 4- Nissah

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      Apenas um dia os separava do destino final, esse pensamento fez um calafrio percorrer sua espinha, pois se aproximava o momento de tomar uma atitude. O pavor foi crescendo, a garota virou-se para Elian para compartilhar com ele seus medos, mas ele dormia profundamente, com a boca semi-aberta e um fio de saliva escorrendo, um sorrisinho escapou de seus lábios antes que pudesse perceber, olhando para ele, que cuidara dela e lhe dera apoio em todos os momentos, fez uma promessa silenciosa, de que não desistiria, lutaria pela liberdade, da mesma forma que ele jamais a abandonou, Nissah não o faria também. Encontrariam um jeito!
      Pela manhã, ela engolia aquela ração seca com gosto de serragem, obrigando-a a descer sem um gole de água que fosse, pois precisava economizar para a viagem, ganhavam um cantil minúsculo de água por dia, nem mais, talvez menos.
      Antes de retornar a aquela marcha torturante, sem pensar, ela abraçou Elian com todas as forças que restavam e sussurrou em seu ouvido:
"A hora está chegando!"
      Ele não respondeu, entretanto, quando o soltou, ele assentiu e era nítido o medo e ansiedade se formando no fundo de seus olhos acinzentados. Ela sabia que seu sorriso encorajador era mais para si mesmo do que para a menina.
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Depois do que pareceram horas, aproximavam-se dos imensos muros de pedra azul-pálida de Griseo, cinco homens, todos gordos, vieram de encontro a eles, montados em cavalos de pelo brilhante, a garota chegou a sentir pena deles por carregarem aqueles homens enormes com rostos bolachudos e arrogantes.
      O homem que estava à frente montava  cavalo branco imponente e usava roupas do que parecia ser cetim com broches de bronze e as calças e botas eram claramente de couro.
      Ele adiantou-se para a fila de pessoas sujas que agora o fuzilavam com ódio e gesticulou para que os outros viessem a frente também. Como se fosse combinado, os quatro desceram de seus cavalos e passaram olhando pessoa por pessoa, avaliando-os, como abjetos. Um deles, que parecia o mais jovem dentre eles, por volta dos 30 anos, prostrou-se a frente de Nissah e a olhou de cima a baixo, agarrou seu queixo com força e analisou cada canto de seu rosto, largando-a de repente e passando para o próximo.
      Quando todos terminaram, voltaram para o homem ainda em cima do cavalo, relatando algo e ocasionalmente apontando para alguém, enquanto o homem apenas coçava a barba parcialmente grisalha. O homem que inspecionou-a foi o último a chegar ao seu senhor e assim que começou a falar, apontou avidamente para ela, o medo lhe percorreu o corpo enquanto o sujeito arrogante mantinha seus olhos pequenos e brilhantes sobre ela.

As cinzas de AestasOnde histórias criam vida. Descubra agora